Capítulo 02 | Minha vez

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        Estávamos sentados em uma pedra, em frente ao mar, como uma cena final de um filme romântico. Bêbados e falando bobagens.

— Que tal a gente competir por diversão? — Disse Pat, me mostrando um grande sorriso de quem está aprontando algo — Perguntas rápidas! Se responder devagar, bebe!

— Você morreria se passasse um dia sem competir comigo, não é?

— Não é isso! Eu não quero só competir, eu quero te conhecer melhor. — Assenti com a cabeça, dei um gole demorado na cerveja esperando ele falar.

— Primeira pergunta: o que você quer fazer depois da graduação?

— Oh, você é um life coach agora? Por que algo tão sério?

— 3, 2,...

— Quero ser Designer de Interiores. Ah, também quero ser músico.

         Pat ouviu com atenção e pareceu um pouco introspectivo. Perguntei:

— E você?

— Eu? — perguntou sorrindo, olhou para o mar por uns segundos como se estivesse procurando a resposta certa. — Provavelmente vou assumir os negócios da família... e eu quero ouvir à sua música.

— Eu não perguntei sobre essa última parte. — disse rindo e abri a nossa ultima cerveja.

— Vou fazer outra: por que você gosta de mim? — indagou com uma expressão de quem realmente não sabe a resposta e tive vontade de abraçá-lo. Se eu olhasse mais um pouco para ele, certamente eu começaria a chorar, não sei se por percepção de minha sorte ou por pena dele, por notar que Pat realmente não sabia resposta para a pergunta que me fizera.

— Por que eu gosto de você? — Crispei os lábios — Você é péssimo!

         Pat fez cara de frustrado sem entender, e continuei:

— Você sempre age como um gangster...

— Você está implicando comigo ou me elogiando?

— Mas um gangster que sempre se mete nos assuntos das outras pessoas e ajuda elas. — Vi gradativamente ressurgir o brilho do olhar dele a medida que eu continuei a dizer — Você sempre ajuda seus amigos, faz tudo por eles. Eu acho isso bem legal em você. E você, por que gosta de mim?

— Porque você é muito pra lidar. — ele respondeu sem nem pensar.

— Qual foi?! Agora você está implicando comigo! — Pat riu e continuou:

— Você é muito exigente quando se trata de comer, dormir e até fazer xixi! E sabe, juntos passamos por muita coisa. Vivemos muitos momentos maravilhosos, e passamos por momentos horríveis também! Nós cuidamos muito um do outro. Temos nos preocupado muito um com o outro. Temos pensado muito um no outro. E temos sido muito mais felizes.

— Caramba. Que resposta digna de vencedor. — Senti uma lágrima se formar em meus olhos por não acreditar na sorte que tenho. — Se outras pessoas ouvissem isso, estariam eufóricas.

— Você não está?

        Pat, eu estou morrendo, quis dizer.

— Eu estou bem. — Assenti olhando em seus olhos, mas logo desviei.

— Tudo bem, tudo bem. Aí vem a última pergunta... — disse Pat.

        Olhei pra ele tentando disfarçar o nervosismo em meu olhar, por medo de revelar mais do que eu já revelaria naquela noite.

— ...posso te beijar?

— Mas agora é minha vez! — fingi respeitar as regras do jogo. E não era minha vez.

— Por favor... — disse com olhos amendoados e tristes como um cachorro com fome.

        Você me tem, Napat, eu queria gritar.

— Não.

        Me virei em sua direção e, sendo quase possível ver chamas saindo de meus olhos, falei, num tom sério e sussurrado:

— Agora é minha vez.

***

[00] • VOCÊ • [ PatPran | BadBuddy ] ):)Onde histórias criam vida. Descubra agora