🌹Having a second chance

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Brooke Wessex

Quase um ano depois...

Londres nunca aparenta ter um pingo de raio de sol, mas ainda consigo visualizar algumas pessoas corajosas saindo com poucas peças de roupa e um sorriso largo como se a temperatura em questão não afetasse até mesmo os ossos.

Respirei fundo e soltei o ar pela boca, notando a pequena fumaça gélida que saiu dela, neguei e segurei com mais força a alça da bolsa enquanto seguia caminho pela rua coberta por pequenos prédios. As calçadas costumam ser vazias a essa hora da manhã, então aproveito a ausência de público para praticar alguns passos simples de balé. Catherine sempre diz que não existe hora ou lugar certo para repassar o que está nos pensamentos, que tudo precisa agir de maneira espontânea sobre aquilo que amamos.

Tecnicamente, conclui que esse dilema só funciona para a vida profissional e não para o pessoal, caso contrário, a espontaneidade seria um frappé de angulação perfeita e executado em primeira mão. Isso faz meu coração saltitar.

Dobrei a esquerda depois de mais três minutos andando e finalmente encontrei as calçadas movimentadas, sentindo uma imensa saudade de Nova York e seu tumulto populacional. A cidade combina mais comigo em questão de bagunça e festas. Londres, por outro lado, não possui tanto da minha essência, sempre optando pelo chá da tarde e festas que acontecem no horário do jantar e nunca depois das dez horas.

Foi difícil se acostumar no início, mas tudo deu certo no final.

Bonjour, Emma, un café à la crème, s'il vous plaît.

—Boo, sabe que eu sei inglês, não é? — indagou Emma, me fazendo revirar os olhos.

—Eu sei — respondi, com falsa chateação — Mas quero treinar meu francês.

—Que inclusive, c'est beau!

Sorri, verdadeiramente grata pela paciência de Emma para me ensinar uma língua nova.

Francês não era a minha primeira opção, a princípio, mas com certeza não descartaria a oportunidade de aprender a língua do amor tendo uma amiga que nasceu e cresceu nas ruas parisienses. Emma é uma verdadeira batalhadora por me aguentar todos os dias desde a data que desembarquei em Londres, perdida no endereço que a universidade me passou e encontrando o café no qual trabalha.

Sentei no lugar de sempre no balcão e aguardei meu pedido, o que não demoraria, já que Emma o deixa preparado, ciente do meu horário de chegada.

Olhei em volta, notando o café mais cheio do que o normal para uma quarta-feira e meu corpo não moveu um músculo sequer quando minha visão encontrou uma margarida desabrochada encapsulada no que eu sabia que era nitrogênio líquido.

Meus pés alcançaram o chão, mesmo meu cérebro ordenando para que eu continuasse sentada, acreditando que talvez minhas pernas tivessem se tornado gelatina. Abandonei a echarpe no balcão e dei passos tímidos até o outro lado do café, onde alguns livros ficavam na estante junto a outras decorações e também a cápsula.

—Boo, seu café.

Assenti, sem olhar para Emma e tomei liberdade de pegar a cápsula.

A flor não se movia, nem o líquido lá dentro. Era uma cápsula cheia justamente para não desfazer a delicada margarida guardada nela.

Olhei para a estante novamente e puxei o bilhete dobrado em um papel mais grosso. A letra cursiva bem desenhada e uma rubrica no final, desnecessária, pois aquele objeto em si já me dizia exatamente tudo sobre o indivíduo.

—Quem deixou isso? — voltei a me sentar, sequer olhando para Emma.

—Um rapaz — deu os ombros — Alto, sorriso bonito, acho que era gago ou coisa assim.

The roses that did'nt bloom beforeOnde histórias criam vida. Descubra agora