🌹I'm not afraid of anything

3 1 0
                                    

Um ano depois...

O frio insuportável de Nova York não ajuda em nada a sair da cama, parece uma das piores sensações que já senti em toda vida, a temperatura baixa correndo por todas as partes do meu corpo e congelando, se possível, até minha estrutura óssea. Ainda assim, fui obrigado a sair da cama e tomar um banho escaldante para afastar todo aquele ar gélido, logo descendo para tomar café e ajudar Luke a organizar a casa com o restante das decorações de Natal.

Elissa não confiava em deixar Rue sozinha por um tempo maior que cinco minutos e odiava que o quarto que pertencia a ela para quando viesse visitar ainda possuísse uma porta, mas foi obrigada a entender que adultos precisavam de privacidade. Custou pouco mais de três meses para convencê-la de que Rue sabia exatamente o que estava fazendo quando se enfiou em seu mundinho particular.

—A estrela está torta — informei, descendo os degraus.

—Nem olhou para a estrela, não dê palpites sobre a estrela.

Ri do nervosismo de Luke, que agora analisa a bendita estrela dourada cheia de brilhantes que Elissa comprou na semana passada. Ele sobe mais uma vez na escada, bufando, e paro no fim da escada de braços cruzados e observando o movimento que ele faz para a esquerda.

—Não, é para direita.

—Por que está demorando tanto para me ajudar? Está se divertindo com minha cara?

—Um pouco pai, não é sempre que vejo a mamãe disposta a deixar as coisas nas suas mãos — ele me olha por míseros segundos e resmunga qualquer coisa, em seguida move a estrela para direita — Perfeito.

—Perfeito — ele força a voz para sair mais como a minha.

Não hesito em rir mais uma vez e me volto para a cozinha, pronto para tomar meu café da manhã nutritivo. Vi cereais e frutas vermelhas batidas, o que as deixava numa consistência pastosa deliciosa, então juntei ambos numa tigela enquanto Luke entrava na cozinha, pegando um copo de suco para si e tomando em pequenos goles. Uma fina camada de suor cobria sua testa e precisei conter a risada, porque tinha quase certeza de que não importa os 21 anos que tenho na cara, ele vai querer me colocar de castigo.

Assim que acabei de comer e colocar toda louça suja na pia, Luke tirou uma caixa de papelão média de sei lá onde e colocou na ilha entre nós. Observei o caixote fechado e o sorriso largo dele, não me satisfazendo, então me deu as honras de abrir e juntos ficamos olhando para o emaranhado de lanterninhas idiotas.

Foram exatas duas horas, quinze minutos e trinta e oito segundos para deixarmos as luzes de Natal esticadas, e estendê-las pelo corrimão da escada levou pouco mais de meia hora, tempo suficiente para Elissa e Rue chegarem do supermercado. Eram tantas sacolas que imaginei que a ceia desse ano seria para cinco famílias e não apenas nós cinco, contando que minha irmã vai trazer a nova namorada.

É estranho acreditar que esse ser humano tem sentimentos.

—O que é isso? Vamos alimentar os sem-teto? — Elissa bate no braço de Luke.

—Vamos receber visitas, só isso — ela deu os ombros, tirando ervilhas da sacola e deixando nas minhas mãos para que eu as colocasse no congelador.

—Assim, de última hora?

—Agradeçam a mim que não deixei ela convidar a mulher da caixa registradora — Rue resmunga, parecendo tão mais chateada do que Luke, que só queria uma noite sossegada, comer a comida e cair na cama para dormir até o próximo ano.

—Vocês são terríveis — diz mamãe, nós três assentimos — Achei viável, tem um um ano que não vejo Catherine...

Minha cabeça explodiu, tampando meus ouvidos e ignorando quaisquer outras palavras que saiam da boca dela, e são muitas palavras, consigo visualizar a boca de Elissa mover descontroladamente, tendo atenção apenas de Luke. Rue está concentrada demais nos congelados que tira das sacolas e minhas mãos sequer trabalham mais para ajudá-la, então tudo que Rue largou nas minhas mãos, acabou encontrando o chão brutalmente.

The roses that did'nt bloom beforeOnde histórias criam vida. Descubra agora