🌹Happy New Year

9 1 0
                                    

Os lábios dela eram macios, assim como a pele bronzeada e brilhante.

Os olhos eram penetrantes, como olhos de gato, sempre hipnotizando a todos.

O sorriso, ah, essa sim era a característica física mais conhecida e admirada por mim.

Seria suspeito comentar sobre seus passos de dança, já que era basicamente ao que Brooke se dedicava na maior parte do tempo, vivendo entre paredes de estúdios de dança e aspirando pela leveza de um salto. Ainda assim, seu corpo parecia funcionar por conta própria e de forma perfeita, enquanto o meu balançava de um lado para o outro de forma desastrosa e vergonhosa.

Não é permitido parar, foi o que ela me disse no instante em que largamos as taças com bebida questionável no balcão daquele estabelecimento questionável. Então, eu não parei e com isso passei a não sentir meus pés ou minhas pernas ou ambos, acreditando que talvez ela tenha batizado nossos drinques para termos a energia em questão e nos divertirmos. Longe de mim concordar com essas ações, mas se já tivesse sido feito, não havia jeito de voltar no tempo e impedi-la de cometer tal delito.

Brooke abraçou meu corpo, chamando minha atenção, em seguida apontou para o relógio digital enorme acima da porta de entrada — um péssimo lugar, caso alguém questionasse, eu podia imaginar vários cenários catastróficos, como parafusos frouxos com o tempo soltando pelos batuques excessivos na parede, finalmente derrubando o relógio na cabeça da próxima pessoa que atravessasse a porta. Eram 11:58 p.m e não evitei abrir um sorriso. O oito virou um nove em pouco tempo, então começamos a assistir a contagem regressiva que passava na televisão, mostrando mais um ano com a Times Square cheia de pessoas ansiosas para mais uma oportunidade de consertar a vida.

Cinco...

Deslizei minha mão pelo braço dela, encontrando sua mão no final do trajeto e entrelaçando nossos dedos. Brooke sorriu, pressionando minha mão e me puxou para si novamente, deixando que ficássemos abraçados lateralmente.

Quatro...

Podia sentir a energia da atmosfera mudar drasticamente. Os olhos de felino dela estavam focados nos números vermelhos que surgiam na tela, o ambiente era preenchido pela contagem regressiva das pessoas e o cheiro era de álcool puro e cigarros.

Três...

Conseguia visualizar o rosto contorcido da minha mãe caso descobrisse que havia trocado o Ano Novo em casa com a família por um bar de esquina sem popularidade, ao invés de estar enfiado na casa chique de Brooke com sua família mais chique ainda.

Dois...

Ela me fez ficar de frente para ela enquanto disse aquele número e o sorriso era genuíno, inocente, uma bela obra de arte para se pintar e destacar na parede de algum museu. Uma flor prestes a desabrochar e espalhar sua singela beleza. Suas mãos seguraram meu rosto e deixei que as minhas caíssem na cintura dela.

Um!

—Feliz Ano Novo!

Dissemos juntos, baixo, em meio a gritaria à nossa volta, então nos beijamos.

O mundo pareceu adquirir um silêncio infinito enquanto trocamos essa intimidade finalizada com alguns beijos rápidos por todo meu rosto. Infelizmente, o celular vibrando no meu bolso interrompeu a sessão de admirar Brooke e pedi licença alegando ser Elissa me ligando. Ela assentiu e avisou que desejaria feliz ano novo para os amigos dela que nos acompanharam para cá, concordei e cada um foi para um lado.

—Feliz Ano Novo! — cobri um ouvido com a mão livre e andei rápido entre o pessoal até finalmente chegar ao lado de fora do bar — É tão estranho não estar em casa.

The roses that did'nt bloom beforeOnde histórias criam vida. Descubra agora