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Ele parou a aonde a agua desabava, ali começou a se ensaboar, a agua cobria acima de sua cintura e eu já estava mais confortável em não ver seu pau. Comecei a me atentar em outros detalhes, ele ensaboou debaixo do braço de levantando os mesmo fazendo seu musculo saltar, seu bíceps a mostra e ondulado, seu corpo era visivelmente um monumento, com veias e detalhes bonitos. Não que eu não estivesse acostumado com homens viris eu vivia cercado deles, mas Eron tinha algo, uma aura esplendecente e chamativa. Havia uma pequena cicatriz em seu abdômen, outra no bíceps, varias pequenas em seu braço e quando se virou duas de tamanho médio nas costas, pareciam cortes finos e curiosos. Ele lavou o rosto e relinchou feito um cavalo, só então me olhou e eu já o fitava por pelo menos 3 minutos. Deu novamente aquele sorriso.

— Quer o sabão?

— Não eu já tomei banho só... estou me refrescando.

Em seguida ele ensaboou o rosto, tateou a barba com a própria a mão e começou a aparar a mesma. Era habilidoso, não estava usando espelho nem nada do tipo, o restos de pelos passava a lamina na lateral da mão cuidadosamente e lavava sua mão na agua. Ao poucos moldou a barba deixando a aparada, mas ainda lhe cobria o rosto peludo e viril com os fios louros longos.

— Você é bom nisso — falei impressionado. — Eu não conseguiria fazer isso sem um espelho.

Ele deu um riso sem mostrar os dentes. Estava começando a gostar desses sorrisos que parecia ingênuo.

— Com esse seu bigodinho de criminoso é fácil — retrucou

Eu dei um riso. Tentei disfarçar olhando para outras direções. Mas eu queria olhar para ele, queria o fitar por mais tempo.

— Tem bastante peixe aqui né? Bom de pescar.

— É uai, mas esse aqui não é bão não espinhoso de mais. — ele deu uma pausa — Já pescou antes?

— Já... Faz tempo.

— Tem umas represas e uns pesqueiro bão por aqui — disse ele. — da para pescar se quiser a gente vai... Te mostro onde é. Ocê não é daqui, não é?

Na verdade eu conheço aquele local como a palma de minha mão e eu tinha noção da represa mais próxima e os pesqueiros. Ele caminhou até perto da margem, depois colocou seus utensílios de banho em cima de uma grande rocha e voltou se aproximando de mim. Minha pele estava tão quente que podia sentir as bochechas avermelharem-se, e eu nem sabia o que fazer para que ele não chegasse mais tão perto.

— Sou não. Na verdade... eu vinha para cá quando mais novo, agora estou morando por aqui

— Ahh — exclamou ele se aproximando —, ocê tem o sotaque engraçado.

—Eu?

— É uai

— O seu é mais engraçado.

Eu estava começando a gostar de ser o Neto, estava começando a entender que eu era um personagem. Estávamos frente a frente nos encarando.

— Engraçado, ocê não me é estranho. É neto de italiano feito eu?

— Já deve ter me visto por ai — falei acanhado.

— Certamente. O que isso em sua orelha um brinco é?

— É, um brinco.

Eu havia furado há alguns meses de ser dispensado do exercito. Eron deu um riso malicioso e depois jogou agua em seu próprio rosto. Encheu a boca de agua e cuspiu a mesma com um sorriso.

— Meu pai diz que é coisa de boiola.

— É o que você acha?

Ele riu uma gargalhada seca, era o tipo de homem que gargalhava pouco.

— Nada, acho legal. Mas não usaria um trem desses não.

Concordei. Passei por ele rumo a margem do rio, imaginei que talvez ele estivesse me fitando mas não conferi o seu olhar, eu não queria me sentir envergonhado, já não bastava estar nu. Me vesti mesmo ainda molhado sem nem olhar para trás, depois de colocar o short me virei e ele estava me encarando. Novamente aquele sorriso simplório e acanhado.

— A gente pode ir pescar amanhã o que acha?

— Amanha? Não... Amanhã tenho afazeres — menti

— Pode ser qualquer dia que ocê queira. Sabe onde me achar pelas manhãs

Concordei.

O Garoto de Lugar NenhumOnde histórias criam vida. Descubra agora