No final da tarde chegando em casa suspirei aliviado. aquele dia tinha terminado (sim o meu dia é apenas o período da escola) e não levei nenhuma surra, nenhuma marca, nenhum arranhão, nenhum pico de adrenalina.
Sempre que chegava em casa eu abria meu caderno e fazia algum desenho, era como um exercício diário, ou as vezes escrevia alguma coisa também. Mesmo que o dia fosse ruim eu me esforçava para "produzir" alguma coisa. dessa vez eu eu tentei desenhar o Jack do filme O iluminado.
Sempre que eu coloco a cabeça no travesseiro me vem milhões de vozes do passado para me assombrar e eu simplesmente aperto meu rosto com as mãos como se adiantasse alguma coisa. milhares de memórias se misturavam tarde da noite no meu cérebro. algumas boas, algumas que eu faria de tudo para apagar. Me peguei pensando em anos atrás quando era um moleque que gostava de contar histórias falsas só para ver a reação das pessoas. e era sempre curioso ver os olhos delas arregalados "você fez isso mesmo?!" lembrei do dia que contei para jean quando tinha acabado de conhecer ele que uma vez fui desafiado por um grupo de adolescente a comer uma lesma (nunca me desafiaram) e eu disse que não aceitei porque tinha visto um caso onde um homem morreu após ser desafiado a fazer a mesma coisa. então enquanto Jean fazia uma cara de nojo, eu expliquei para ele que as lesmas podiam ter uma bactéria e que pode ser muito fatal fazer uma brincadeira dessa. dei risada lembrando da cara dele de assustado misturada com um leve nojo.
depois eu tive uma memória de Jaddy, meu amigo de infância. a voz dele no meu ouvido que sumia para voltar depois, os sussurros que não posso evitar, a voz dele pedindo ajuda naquele lugar destruído. os gritos. a impotência diante daquela cena. ainda lembro de sua camisa listrada vermelha e branca suja e o medo que tomou conta de mim como nunca tinha tomado antes, e eu nunca mais voltei para aquele lugar onde tudo estava caindo aos pedaços
esfreguei meu rosto com força. toda noite na minha cabeça parecia nunca inovar, era sempre as mesmas sensações, era sempre a mesma noite. nunca tinha fim. minhas mãos suavam e minhas pernas tremiam. Nicholas Ross o fraco de Dorothea.
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sonho febril sob a escuridão do céu
Romancenão conheço todas as notas dessa melodia mas pelo pouco que escutei ela é linda e não pode ser linda pra algumas pessoas porque algumas pessoas sempre tem algo a dizer mas da minha parte, ela é perfeita e eu vou continuar até o fim da linha dizendo...