em frente a algumas caixas velhas e empoeiradas do sótão estava algumas fitas antigas de bandas de rock provavelmente do meu tio Yan que ainda restava na sua coleção (clássico), no sotão tinha uma guitarra que um dia deu tocar mas agora está toda acabada e sem corda, alguns fios velhos pelo chão e um sofá verde no meio do lugar com uma televisãozinha velha. meu tio gostava de ficar aqui fazendo o que ele mais gostava de fazer : nada.
E gora eu estou aqui tentando cobrir o tédio mexendo e remexendo coisas aqui em cima procurando por algo interessante mas todo lugar que eu vou só tem velharia e teia de aranha. como Yan podia ficar aqui tanto tempo sem limpar ? a alma dele já deve estar morta. andei um pouco mais olhando ao redor. respirei fundo e tentei não pensar em nada. havia um pedaço de metal do lado esquerdo, vários pedaços de metal de mais ou menos 1 metro um encostado no outro no chão. fiquei olhando em silêncio enquanto ouvia uma música ecoar do andar de baixo da casa, meu tio Yan estava ouvindo algum tipo de jazz antigo. no transe em que estava me imaginei com as barras e como suas pontas ficariam ótimas na cabeça de Rick, imaginava o som do metal batendo nele, imaginava os gritos e as lágrimas, seus ossos estalando até a polícia chegar, até que alguém interrompe minha fantasia
- Você vai mesmo desperdiçar seu sábado ai em cima ? - a voz de Jotta ecoou pela escada. andei até poder vê-lo. lá em baixo no final dos degraus estava aquele homem alto que sempre tinha um sorriso divertido no rosto. Ele sobe a escada na minha direção, ele estava sempre usando roupas coloridas demais, era aquele adulto que se recusava a "crescer" vamos dizer assim ou aquele tipo de velho que tenta ser "moderno", ou talvez ele seja os dois, e os dois são bem ruins.
- Não tenho muita coisa para fazer nessa casa, é você que está ouvindo essas músicas ? -suspirei e passei a mão pelo cabelo com um pouco de cansaço
- Não, Yan que está, eu não escuto essas músicas. e por que você passa tanto tempo ai em cima ? você... Yan.. não sei o que tem de tão legal nesse mofo todo.
- Ah é legal rever o que tem cara , as vezes você acha algo que estava precisando e nem sabia.
- tipo o quê ? - ele me olha sem entender
- ah não sei, nunca se sabe se um dia você vai precisar de uma guitarra velha - sorri
- ah sim - ele balança a cabeça e põe os braços na cintura como se tivesse analisando o lugar
- acho que essas tralhas podem distrair qualquer um, não acha ? é como uma terapia - olhei para o monte de barras de ferro no chão. ele me olha e por um momento me sinto com medo porque parece que ele estava lendo meu pensamento.
- sei... mas é estranho, deveria tentar fazer algo mais legal, sei lá sair com alguma garota da sua escola, algum amigo - ele diz ainda olhando em volta e depois volta o olhar para mim - bom, você e Yan são estranhos, divirta-se ai em cima então, suas tralhas e aranhas. - ele se vira e anda em direção a saída do sotão.
eu gostava muito do meu tio mas sentia um alívio sempre que ficava sozinho, é como se meus pensamentos e falas não fossem reais quando eu falava com alguém, como se quando eu estava sozinho eu era mais eu, eu era eu até demais as vezes. assim que ele saiu e tive certeza que saiu continuei revirando as coisas, mesmo sem vontade até encontrar uma caixa fechada com uma fita verde de piso. rasguei ela com as mãos e deixei um pacotinho amarelo cair, em seguida vários outros. era cigarros. estava escrito "camel" mas por que esses cigarros estavam aqui nessa caixa esse tempo todo ? sorri olhando quantas caixinhas amarelas tinham ali, me senti uma criança encontrando doces.
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sonho febril sob a escuridão do céu
Romancenão conheço todas as notas dessa melodia mas pelo pouco que escutei ela é linda e não pode ser linda pra algumas pessoas porque algumas pessoas sempre tem algo a dizer mas da minha parte, ela é perfeita e eu vou continuar até o fim da linha dizendo...