𝟬𝟭. primeiro dia de aula

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Quando Joseph acordou graças ao irritante e insistente som do despertador, a primeira coisa que viu foi uma enorme pilha de caixas no canto do quarto

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Quando Joseph acordou graças ao irritante e insistente som do despertador, a primeira coisa que viu foi uma enorme pilha de caixas no canto do quarto. E isso o fez revirar os olhos instantaneamente.

Esse era o mal da mudança. A ideia de ter que decorar todo um cômodo, desempacotar milhares de quinquilharias acumuladas com o tempo e achar o lugar perfeito para cada uma delas lhe causava certa preguiça. Olhando pelo lado bom, não precisaria fazer nada disso naquele momento. Agora, ele precisava encarar algo muito pior que papelão: O primeiro dia de aula. Por mais simples que esse compromisso fosse, o Kline insistia no nervosismo. Afinal, era um país novo, idioma novo, escola nova. Ele tinha todos os motivos para estar aterrorizado.

Joseph se levantou do chão onde havia improvisado uma cama que ficou incrivelmente confortável e antes de organizar os cobertos que utilizou ele abriu uma das caixas que guardava algumas peças de roupas. O asiático não tinha um guarda-roupas colorido, a maioria dos seus trajes eram preto e raramente com alguma estampa. Ele vasculhou a caixa por poucos minutos até tirar dela uma camiseta de manga curta preta, um casaco da mesma cor e um jeans claro. Usaria os mesmos tênis que estava quando chegou a casa do avô já que não estavam sujos.

Assim que abriu a porta do quarto, Joseph sentiu o cheiro de café recém passado e de torradas queimadas oriundos da cozinha. Quando entrou no cômodo, viu seu pai servindo-se de uma xícara exuberante de café.

──── Como você consegue queimar as torradas que você faz na torradeira? ──── O Kline mais novo questionou ao mesmo tempo que abria os armários da cozinha à procura de um prato.

──── Obrigado pela parte que me toca. ──── Jimmy respondeu, soltando uma risada anasalada. ──── Dormiu bem?

Joseph encontrou os pratos na terceira porta à esquerda do armário aéreo. Quando ouviu a pergunta do seu pai ele respondeu com a voz vacilante:

──── Sim.

Depois daquela madrugada, algumas noites se tornaram difíceis para o adolescente. E Jimmy sabia disso. Todas as manhãs quando seu único filho levantava ele perguntava como havia passado a noite e, por mais que as respostas positivas fossem mentira, ele ficava feliz simplesmente pelo garoto estar ali para responder.

──── Que bom. ──── O mais velho respondeu, permitindo que um sorriso singelo se formasse em seu rosto.

──── Cadê o vovô? ──── Joseph perguntou, olhando ao redor enquanto pegou duas torradas, às colocou no prato e se sentou na mesa.

──── Seu avô sempre se acordou cedo. E quando eu digo cedo, é absurdamente cedo. Achei que isso ia passar com a idade, mas pelo visto não. ──── Encostado na bancada da cozinha, do lado da cafeteira, Jimmy contou. ──── Hoje ele acordou às cinco horas da manhã e foi cuidar da horta. De pijama e descalço. Tirei ele de lá e o fiz dormir. Mas perdi o sono depois disso.

𝗗𝗥𝗘𝗔𝗠𝗖𝗔𝗧𝗖𝗛𝗘𝗥 ━ isaac laheyOnde histórias criam vida. Descubra agora