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Duas semanas e alguns dias depois, era finalmente o dia da nossa formatura. Nem eu, e nem o Ken nos demos ao trabalho de aparecer no colégio, não tínhamos nada para fazer lá, quer dizer, nada que quiséssemos fazer.

Minha irmã me ligou trinta e duas vezes, pelo menos, foi até trinta e dois que eu contei, antes de meu namorado inserir a seringa em minha veia.

Sorri para o garoto de cabelos tanados, que beijou meus lábios.

—Eu te amo!— falou baixo e eu sorri mais.

—Eu te amo!— falei no mesmo tom. Eu estava drogada e era só quando estava sobre o efeito da heroína, que eu conseguia falar tais palavras.

Peguei o cigarro do lábios do garoto do outro lado da cama e o levei para os meus. Ele tinha me ensinado a fumar e a beber também, e eu só me arrependi de não ter experimentado antes.

****

Me joguei em minha cama, coisa que não fazia tinha um tempo, segurei no celular para olhar as mensagens do Draken, que eram muitas, sorri boba e suspirei logo a seguir, ao ler as mesmas, era meu aniversário de dezessete anos.

E eu nem lembrava, não respondi, somente pousei o celular do lado do meu corpo e encarrei o teto, branco sujo, lembrei automática e involuntariamente daquela noite, com o loiro, em meu quarto, respirei fundo, neguei com a cabeça e me sentei. Peguei o celular e mandei mensagem para o garoto de cabelos tanados dizendo a ele que já podia vir me buscar.

Me levantei e me olhei ao espelho, não me reconheci, talvez fosse o efeito da heroína, que eu vinha consumindo diariamente, mas eu parecia bonita. Não me senti bonita, mas não era o que importava.

Meus cabelos estavam soltos, incómodos, o decote de meu vestido preto, justo, era muito generoso, a make up que eu tinha feito em mim mesma, com a ajuda de um, de vários tutoriais no YouTube. Os saltos, que vinham na sacola do vestido que meu namorado tinha mandado, me serviam perfeitamente, mas eu não sabia se conseguiria suportá-los a noite toda.

Meu celular vibrou e eu caminhei até a cama para pegá-lo. Era o Ken, atendi.

Ligação on

Oi amor! Já está a caminho?

Kyara, é o Jason!- franzi meu cenho ao escutar a voz de meu sogro, ele parecia aflito.

Jason? Cadê o Draken, aconteceu alguma coisa?!

Ele teve uma overdose, estamos no hospital!

O quê?- franzi meu cenho e o celular escorregou de minhas mãos.

***

Cheguei ao hospital, onde o pai do Ken ttabalhava, e subi até ao andar que o Jason me indicara.
O homem de olhos cor de gelo, estava sentado, em uma das cadeiras da sala de espera, com as mãos segurando seus cabelos tanados, a bata branca sempre com ele.

—Jason!— chamei pelo homem que levantou seu rosto para me olhar.— Como ele está?

—Vivo, graças a Deus! Eu não sei se ele já tinha te contado Kyara, mas meu filho é toxicodependente, igual a mão!— sussurrou o fim de sua frase e eu suspirei.

—Ele contou!— falei baixo.

—Enfim, da primeira vez que ele sofreu uma overdose eu deixei passar, porque prometeu que ia parar, mas, dessa vez não tem jeito! Eu vou mandá-lo para uma clínica de reabilitação, mesmo que ele não queira e eu sei que não vai querer, é o melhor a se fazer!

Não respondi, não sabia se devia, eu não queria que o Ken fosse embora, mas, o que eu podia fazer, antes de meu namorado, ele era filho do Jason.

—Cadê meu filho?— uma mulher correu até nós desesperada e eu franzi meu cenho. Era a mãe do Draken.

—Lembrou que tem um filho Verônica?!— Jason pareceu irritado.

—Não fode Jason! Cadê meu bebê!?— seus cabelos eram castanhos, igual os do Ken e os do Jason, mas seus olhos eram negros.

—Isso tudo é culpa sua!— o homem acusou.

—E eu perguntei?!— a mulher retrucou.— Eu só quero ver meu filho Jason!— ela mal notou minha presença.

—Agora você quer ver ele?! Se quisesse, se se importasse, pelo menos um pouco com ele, não deixaria o merda do seu amante vender drogas para ele!— Jason estava zangado, talvez magoado.

—O Robert falou que não vendia mais para ele!— Verônica baixou sua cabeça.

—E você acreditou?! Deixa de ser burra...

—Não me chama de burra Jason!— a mulher de cabelos tanados o cortou e eu franzi meu cenho, não suportando mais ouvir eles discutirem.

Me retirei de sua presença e com certeza eles mal notaram minha ausência. Caminhei pelos corredores do hospital, buscando pelo quarto do meu namorado. Perguntei para uma enfermeira que me pareceu muito simpática, e ela realmente era. A mulher de cachos negros e pele morena, me ajudou a achar o quarto do Ken.

O observei, pelas frestas da persiana. Ele parecia tão fraco, tão vulnerável, respirei fundo, e fechei meus olhos ao sentir meus estômago se revirar. Doía vê-lo assim.

Pecado de minha peleOnde histórias criam vida. Descubra agora