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Uma noite se passou e eu me esqueci da reunião, a heroína me fez esquecer. Mas eu estava decidida a ir, só para ver como era, se não desse certo, eu voltaria para casa e me drogaria novamente. Era um bom plano, na minha cabeça.

Me arrumei, fiz o melhor que pude e sai de casa, indo a pé, até ao endereço que estava no cartão, não era muito longe de casa.

Assim que cheguei, respirei fundo, era uma igreja. Eu não pisava uma igreja, desde o funeral do Joshua.

—Kyara! Você veio!— era a Vivian, ela apareceu atrás de mim e eu me virei para olhá-la.

A mulher sorria, seus lábios pintados de vermelho eram bonitos e combinavam com o branco de seu vestido justo.

—Eh!— falei baixo.

—Chegou cedo!— admirou.

—É perto da minha casa!

—Vem, pode me ajudar a arrumar tudo!— segurou meus ombros e juntas entramos na igreja.— É por aqui!— ela me levou por detrás dos bancos e entramos em uma sala que estaria vazia se não fosse pelo garoto de cabelos pretos que arrumava algumas cadeiras.

—Tia Vi!— ele sorriu, seus olhos eram prateados e seus cílios, assim como as sobrancelhas e o cabelo, eram negros.— Oi!— ele me olhou e eu sorri sem mostrar os dentes.

—Declan, essa é a Kyara, Kyara, Declan, ele é um dos nosso membros!— nos apresentou.

—Há quanto tempo está sóbrio?— procurei saber, um tanto quanto intimidada por suas esferas pratas que me encaravam intensamente.

—Dois anos!— sorriu orgulhoso e eu fiz o mesmo.

—Parabéns!— falei.

—Obrigado! Mas não é nada de mais, não quando se foi alcoólatra por seis anos!— ele suspirou e eu franzi meu cenho.

—Quantos anos tem?— fui direta, quase que indelicada e o garoto riu.— Desculpa!— baixei meu olhar.

—Não, tá tudo bem, eu tenho vinte e um!— informou e eu franzi novamente meu cenho, ao fazer as contas.

—Isso quer dizer que...

—Eu sou alcoólatra desde os quatorze!— me cortou.— Comecei a beber com doze!— acrescentou.

—Para uma criança de doze anos precisa de álcool?— mais uma vez eu fui indelicada e o garoto riu.

—Crianças, eu não quero interromper, mas está quase na hora, precisamos arrumar tudo!— Vivian falou e eu suspirei.

—Tudo bem! Tia Vi, eu e a Ky podemos terminar o interrogatório depois!— falou brincalhão e eu ti envergonhada.

Talvez, eu fosse meus gostar de lá.

***

—O que achou?— Vivan se aproximou de mim, assim que a reunião terminou.

—Foi legal!— falei baixo.

Eu só me tinha apresentado e mais nada, escutei algumas pessoas falarem, alguns adultos, alguns jovens, todos com histórias bonitas, um tanto quanto tristes, mas bonitas.

Não falei, não me sentia pronta, nem sabia o que falar e Vivian disse que estava tudo bem, eu não precisava falar, não enquanto não quisesse.

—Eu te levo para casa!— não perguntou, falou.

—Tudo bem!— dei de ombros e ela sorriu.

—Não vai se despedir do Declan?— ela se virou e eu segui seu movimento.

Vi o garoto moreno, que segurava um copo de água, e falava animadamente com uma loira.

—Ele parece ocupado e eu estou cansada!

—Tudo bem! Vamos!

Chegou cedo de novo!— Declan sorriu ao me ver e eu sorri sem mostrar os dentes.

—Quanto mais eu fico em casa, mais vontade de usar eu tenho!— suspirei.

—Heroína?— ele me deu uma cadeira e eu sorri sem mostrar os dentes ao me sentar.

—Sim!— suspirei e o garoto de sentou de frente para mim.

—Porquê?— procurou saber curioso e eu eu baixo.

—É meu dia de ser interrogada!?— brinquei e o moreno seu de ombros.— Tudo bem!— suspirei.— Resumindo, meu melhor amigo, se suicidou e meu namorado me apresentou a heroína, para amenizar a dor!

—Seu namorado?!— não sube dizer se era uma pergunta ou uma afirmação, então esperei ele continuar.— E, ele também é toxicodependente?— perguntou e eu assenti.— Onde ele está?!

—Ele teve uma overdose...

—Sinto muito!— falou baixo.

—Não, ele não está morto!— mas era como se estivesse já que nem sequer dava sinal de vida.— O pai dele, que é médico, o mandou para uma clínica de reabilitação!

—E você?

—Eu o quê?— franzi meu cenho.

—Porquê não foi para uma clínica de reabilitação?!

—Eu não tenho dinheiro para uma clínica de reabilitação Declan! E além disso, ele disse que ficaria lá só duas semanas e depois voltaria para a gente ficar pedrado junto!— suspirei.— Ele prometeu!

—Quando ele fez essa promessa?

—Um mês e pouco!— tentei não chorar.

—Ainda quer que ele volte?— o garoto ignorou minhas lágrimas e eu agradeci por isso.

—Eu não sei!— franzi meu cenho ao limpar meus olhos.

—Se ele voltar vai parar de vir as reuniões e continuar a usar heroína com ele?— sua pergunta foi o ápice. Minhas lágrimas voltaram a cair dessa vez sem controle.— Porquê está se contendo?— se levantou e me abraçou.— Joga tudo para fora! Vai! Eu sei que guardar isso dói!

Me levantei e o abracei com força.

Pecado de minha peleOnde histórias criam vida. Descubra agora