Racha

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A tarde de sábado foi agradável, depois do episódio da cobertura rolou um leilão, que inclusive me surpreendeu pelos altos valores e disputa por compra. Fui apresentada ao meu suposto avô, Boltz, ex-padrasto do meu pai. O senhor de cabelos azuis era muito simpático, mas confesso que a quantidade de seguranças ao seu redor meu assustou um pouco.

Durante o por do sol fomos a um píer lanchar, na volta pra casa Bleer acabou deixando escapar que teria um Racha, mas não me convidou.
— Bleer, hm...e sobre o racha? você vai? – comentei despretensiosa.

— Você sabe o que é?– me olhou espantada.

— Já fui em alguns nos estados unidos, nada absurdo, mas sei que é ilegal aqui também.

— É verdade, mas a polícia não fica tanto na cola porque eles são mais discretos, sabe? Aqui as coisas são meio loucas.– Comentou risonha, em tom apreensivo.

— É notável.–Brinquei– Mas então, você vai?– Pela minha visão periférica percebi que Bleer ficou tensa quando segurou o volante mais ereta. Sorri, ela iria. E sim, coisas que comprometem ela iriam acontecer.

— Não, –mentira– o Bruno vai ficar de marcação comigo e acho melhor ficar longe de problemas.– quase me convenceu, mas precisa primeiro aprender a mentir.

Assenti, compreensiva. Cantarolei a música do som enquanto mentalizava o look dessa linda noite de sábado em um racha nessa cidade misteriosa, ou como disse a Bleer, louca.

⁷⁷⁷

A lua aprecera há algumas horas, e agora eu terminava de modelar meu cabelo quando vi através das grandes portas de vidro um carro preto parar na rua de trás do nosso portão. Cautelarmente, o barulho do salto da Bleer soava a cada 5s no corredor, em uma tentativa de sair sem fazer barulho. Peguei as botas na mão, e guardei meu celular no vestido de tubo da Off-White. Conferindo o resultado final, o all black e cabelo escorrido nunca decepcionava, e a imagem de BadGirl estava garantida.

Pisquei em direção ao enorme quadro com a imagem da minha mãe sorrindo, ela sempre fora minha cúmplice. A porta do quarto sequer fazia barulho, e eu fui cautelosa em chegar silenciosamente até onde Bleer se debatia para abrir a porta sem ser notada por Austin ou Bruninho, porque a mim, bem, ela nunca enganou. A garota loira ficou de diversas cores e suspeitei que a mesma estivesse tendo um ataque cardíaco ou algo do tipo, gargalhei silenciosamente quando ela deu sinais vitais. Sorri pra ela enquanto abria a porta do Hall, quando alcançamos uma distância segura, Bleer proferiu:

— O que você tá fazendo aqui sua maluca? O pai vai me matar! Meu deus, eu vou morrer! Como você descobriu? Você vai morrer também! Eu que vou te matar!

— Relaxa, Bleer, se formos cuidadosa, ele nunca vai saber. E obrigada pelo convite, viu? me senti lisonjeada.– Ironizei, caminhando agora sob minhas botas e respirando ar fresco.

— Eu jurava que você era santinha e ia entregar tudo pra o Bruno, foi mal. Mas me sinto mais tranquila, vamo logo vai que ele tá me esperando.

— Aliás, ele quem?

Não tive tempo de ser respondida, um farol invadiu nossos olhares e o entusiamo de Bleer deixou tudo bem claro. A loira adentrou o P2 e eu o banco de trás do GTR nissan preto. Me deparei com o casal a os beijos, que se distanciaram após longos minutos. Sinceramente achei que só parariam depois que algum dos dois desmaiasse.

— Esse é o Nissin, Lua. Essa é a minha irmã, Nissin.

— Eai.– Acenou– Coloca o cinto, hoje a cidade vai voar. – Sorriu sem mostrar os dentes.

LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora