Alerta: Zona de perigo!

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A BMW que me levava a casa que se tornaria meu lar era dirigida por And, um dos funcionários do cassino e braço de meu pai, um rapaz muito simpático, de pele morena e cabelos tingidos de roxo.

—Esse aqui é o condomínio, é bem seguro e calmo mas não recomendo abusar da sorte. Nunca se sabe...–Deu de ombros, me alertando.

—É, o perigo pode até ser previsível, só é repentino. Nunca se espera...–Sussurrei com a voz carregada de sono, cansada pela viagem de mais de 11h.

Através do espelho pude ver sua cara de reflexão, e por um momento, queria saber tudo o que se passava aqui e ao redor do mundo. Como as pessoas se sentiam, quais eram seus principais problemas...talvez a dor dos outros sufocasse a minha, queria que  parasse de doer a cada respiração.

Suspirei, frustrada. Iniciar fases exigia muito mais que disposição, e essa era a parte que eu mais estava fragilizada.

—É essa aqui, Lua. A Bleer tá te esperando na mansão, ela vai te levar pra conhecer o cassino e a cidade depois que você descansar. Qualquer coisa pode me ligar, qualquer coisa mesmo, seu pai me confiou isso e quero ser útil.

Minha gratidão era tão imensa que não podia demonstrar por completo, eu me sentia tão amparada quanto nunca. Sorri em sua direção, acenando e agradecendo.

A casa era um eufemismo, aquilo era uma mansão bem estilo meu pai, 10x maior do que ele precisava e exalando consumismo. No portão uma garota loira de sorriso de orelha-a-orelha acenava, sorri imediatamente, aquela deveria ser a Bleer.

—Lua! Lua! Seu nome é lindo, sabia? Como vai? Prazer, eu sou a Bleer, sua quase irmã.– A garota disparou em questão de segundos, me fazendo abrir ainda mais meu sorriso com seu sotaque característico do Interior, me lembrava ao da minha avó.

Em resposta a abracei, sem ter muito o que falar, mas sabia que era o gesto certo a o fazer.

—Como vai, Bleer? Escutei muitas coisas boas sobre você. – Fui sincera, tudo o que meu pai falou ela demonstrava no primeiro contato.

— Maravilhosamente bem! Quando vamos pra o cassino? Hoje tá movimentado, cê vai amar, os jogos são maravilhosos. Ah! A Lilith também quer te conhecer, você já viu o Bruninho?

Honestamente, quase ri de sua euforia. Era engraçado e ao mesmo tempo cansativo, o que me motivava a fazer pelo menos metade de tudo isso no dia seguinte.

—Agora preciso dormir um pouco, algum caminhão passou por cima de mim. Amanhã vamos acordar por volta das 8h ou 9h? Quero começar o dia cedo. –Em partes não era tudo verdade, eu ainda queria minha cama por muito mais que uma noite, mas não faria a desfeita de negar sua disposição.

— Já fiz planos pra tudo, o pai me deu folga, vamos conhecer a cidade e de noite tem evento no cassino. Vamos entrar! Melhor você dormir muito, não vou te deixar descansar mais.

Sorri, era quase impossível se sentir desmotivada com tanta iniciativas em uma só frase. Bleer parecia ser o tipo de pessoas que levantam qualquer astral, assim como mama sempre fora.

Assenti, sorrindo entusiasmada. Segui a loira pela mansão enquanto ela me instruia sobre os cômodos: –Esse é meu quarto, pode vir quando quiser. Mas mal tô aqui, geralmente ficamos pelo cassino, lá também tem a cobertura com um apartamento e é bem mais perto de tudo.

A única porta colorida em meio a todo cinza e preto daquela casa dava destaque e facilidade para localizar, bem ao lado ficava um quarto de porta cinza sem nenhum adereço, assim como a porta preta no final do corredor que Bleer alertou ser do Bruno, nosso pai. E restavam mais duas portas brancas, uma que provavelmente seria a minha, e outra com uma frase impressa dizendo "estou estudando.
fonte: confia." e uma foto da criança adorável que meu pai apresentou como Bruninho.

LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora