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Tory Keene

- Tá legal, eu vou começar. - Robby se pronunciou. - Eu queria dizer, que a gente não precisava vir aqui, já estamos casados a cinco anos. - argumentou.

"Não precisamos mesmo?" Eu quis perguntar.

- Seis. - corrijo.

- Cinco, seis anos, é... isso é como um check up para a gente. - disse tentando ao máximo esconder a indiferença. Respirei fundo começando a contagem de 1 a 100. - Aquele chance de dar uma olhada no motor, trocar o óleo de repente, ver uma válvula ou duas.

- É...

- Bom...

- Tudo bem então, vamos abrir o capô. - disse o terapeuta. - Vou fazer algumas perguntas, e gostaria que vocês respondessem o mais rapidamente possível, sem pensar muito. Numa escala de um a dez, qual é o nível de felicidade de vocês?

- Oito. - respondo sem nem pensar.

- Espera aí. - Robby Keene parece assustado com a minha resposta. - Quer dizer, dez é para um casamento totalmente feliz e um é para... um casamento totalmente fracassado? - Robby observou, se mexendo na sua poltrona.

- Respondam instintivamente. - o doutor instruiu.

- Tá pronta? - Robby me perguntou. Assenti sem precisar olhar para ele. - Oito.

- Oito. - respondemos juntos.

- Numa escala de um a dez, até que ponto você acha que seu parceiro ou parceira está feliz?

- Oito. - agora Robby responde rapidamente. Eu hesito.

- Humm... Podemos dar notas quebradas? - questionei. Mesmo não olhando para o meu marido, sinto seus olhos em mim, ele se inclina para frente também interessado em minha resposta.

- O que vier em sua cabeça. - Robby e o doutor responderam juntos. Ambos ficaram surpresos com a sincronia mas deixaram passar.

- Tudo bem, vamos de novo. Um, dois e...

- Oito. - respondemos em unissono.

- Com que frequência fazem sexo?

- Eu não entendi a pergunta. - digo sentindo minhas bochechas queimarem.

- É eu não saquei, é o negócio de um a dez? - Robby perguntou, ele parecia querer fugir da pergunta. Ela foge de muitas coisas.

- Ele tem razão, porque se for, a gente precisa saber: um significa "muito pouco" ou "nada"? Afinal, "nada" deveria ser zero, e não um.

- Exatamente. Além disso, se a gente não sabe o que é o um, o que será o dez? - meu marido questionou arqueando as sobrancelhas.

- ISSO mesmo. Dez então seria...? - parei para pensar em como terminar a frase.

- Todo dia, toda hora... - completou.

- Vinte e quatro horas por dia, sem nenhum intervalo. Pra nada. - pontuei.

- Nem mesmo pra comer. - Robby lembrou.

- Como o Sting.

- Exatamente.

- Não se trata de uma escala de um a dez. Fiz uma pergunta direta. - o doutor retrucou. Ficamos em silêncio. - E nessa semana? - insistiu.

- Com o fim de semana? - Robby indagou, enrolando, talvez ele fizesse isso até o tempo acabar.

- Claro. - o doutor confirmou. Ficamos em silêncio. Robby se interessou nos seus dedos e eu na estampa da cortina, até que não é feia. O psicológico anotou novamente, pelo movimento ele desenhou um zero o que é a resposta, a muito tempo não fazemos sexo. Ele voltou a olhar para a gente. - Contém como se conheceram. - ele pediu nos analisando. Eu me ajeitei na poltrona interessada nessa pergunta.

Sr & Sra Keene - keenryOnde histórias criam vida. Descubra agora