Deep path

29 - Desaparece

10:49 A.M

Ontem ficamos os três na sala até às duas da manhã. O Vincenzo e o James adormeceram sem eu dar conta. Quase que foi preciso fazer barulho com um tacho para eles acordarem e irem para cama.

Abro os olhos e vejo que o James não estava ao meu lado. Oiço um barulho a sair da casa de banho e percebo que é ele. "Jameeesss...", digo cheia de sono. "Buenos días cariño.", diz ele ao entrar no quarto. A toalha na cintura, o corpo tatuado e a gotículas a cair do cabelo molhado. Se ele era um pecado, então eu já estava no inferno. Ele sorri ao perceber que eu o estava a admirar. "Hay algo que quieres de mí para que me estés mirando así? (Há algo que queiras de mim para me estares a olhar dessa maneira?)", pergunta ele com um sorriso malicioso no rosto. "Tus lábios... (Os teus lábios...)", digo mordendo os lábios. Ele foi se aproximando de mim lentamente. Quando dei por mim, ele estava sentando na cama à minha frente, a poucos centímetros da minha cara. Ele olhava para a minha boca e em seguida, para os meus olhos. Ele estava a desafiar-me. E hoje não estava com paciência para as provocações dele. Agarrei-lhe a cintura e puxei-o contra mim, selando os nossos lábios num beijo. Ele rapidamente agarrou-me e colocou-me em cima dele. Comecei a beijar o pescoço dele lentamente. "Elizabeth...", diz ele soltando um gemido. "Tu serás mi muerte cariño... (Tu serás a minha morte cariño...)", diz ele ofegante. Fui descendo e deixando beijos por todo o abdómem dele até que ele me fez parar, e num movimento rápido, se colocou em cima de mim. Quando ele se voltou a aproximar de mim oiço um grito. Era o Vincenzo e não parecia estar nada feliz.

"Chiama la polizia! una donna pazza è sul balcone cercando di entrare! (Chamem a polícia! Uma doida esta na varanda a tentar entrar!)", oiço ele gritar. Olho para o James preocupada. "Fica aqui, vai te vestir. Pode ser uma paparazzo maluca.", digo-lhe antes de sair a correr para a sala. "Cos'è successo? (O que se passou?)", pergunto ao chegar ao pé dele. Olho para a varanda e a raiva começa a subir pelo meu corpo. Era a Becky. Era aquela puta de merda. Meu deus! O James não a pode ver! "Vincenzo vai in camera mia e non farlo uscire di lì. Spiegherò più tardi. (Vincenzo vai até ao meu quarto e não o deixes sair de lá. Eu depois explico.)", digo rápido antes de me aproximar da porta da varanda ainda trancada.

"Tens muita lata em aparecer em minha casa sua cabra...", digo irritada. "Onde é que foi o italiano?", pergunta ela com um tom seco. "Não tens nada a ver com isso. O que caralhos estás a fazer em minha casa? Não devias estar com o teu marido?!", digo fechando a cara. "Eu já não estou com ele. E alem disso correm rumores na cidade que tens um italiano gostoso a viver aqui contigo e que vocês tem uma relação secreta. E parece que é verdade...", diz ela olhando para mim. "Eu sugiro que saias daqui antes que eu te arranque as extensões à chapada...", digo claramente enervada. "Ai ai... O Vincenzo vai ser o meu próximo Angel do nosso querido James... Por falar nele estou com saudades dele", diz ela com um sorriso cínico. O que é que esta puta acabou de dizer? Ela não disse isto. Eu já estou a ouvir coisas... "O que é que tu acabaste de dizer?", pergunto atordoada. "Beth, ambas sabemos que a coitadinha era burrinha e um pãozinho sem sal. Viu umas fotos e decidiu saltar de uma janela. No mínimo patético não achas?", diz ela sem um tom de emoção na voz.

Fúria era tudo o que eu conseguia sentir, ela percorria pelas minhas veias e fazia pulsar o meu coração. A fúria por me lembrar da dor que o James sentiu. Eu lembro-me do dia do funeral da Angel. O James estava agarrado ao meu irmão completamente desolado. Os pais da Angel não o culpavam, ela quando era mais nova já tinha tentado se matar. Mas o James por muito tempo culpou-se. A culpa consumiu-o. Apagou a luz que ele tinha, apagou o lado carinhoso dele. ele transformou-se numa pessoa que eu detestava. E agora ele estava finalmente a voltar a ser o James que eu conhecia quando era mais nova. E eu não vou deixar que ela volte para estragar tudo. E muito menos que o faça também com o Vince.

Quando dei por mim, já tinha a porta da varanda aberta e estava com a mão na garganta dela. Ela tentou agarrar-me para parar de fazer pressão no pescoço dela, mas eu estava demasiado fora de mim. "Ouve-me bem sua desgraçada. Se eu te vejo perto do Vincenzo ou do James, podes ter a certeza de que a próxima vez que vir vais estar enterrada numa vala comum...", sussurro junto do ouvido dela.

"Eliza!", oiço a voz do James. Olho para trás e vejo-o. O Vincenzo atras dele. Ele estava preocupado. Estavam os dois. "Desaparece. AGORA!", grito olhando para a Becky. Ela correu do apartamento desesperada. Eu respirei fundo e deixei o meu corpo cair no chão. O James aproximou-se de mim, enquanto o Vincenzo foi buscar um copo e água.

"... Estas bem?", pergunta ele agarrando as minhas mãos. Eu olhei para ele e acenei que sim. "Ecco qui... (Aqui tens...)", diz o Vince me dando o copo de água. "Anda vamos para o quarto descansar antes dos teus irmãos chegarem...", diz ele beijando a minha testa. Mas eu não me mexi. Ele pegou em mim ao colo e levou-me até à cama.

Deitei-me no peito dele, enquanto ele beijava a minha mão. "Não precisavas de te stressar assim por minha causa Elizabeth...", diz ele com uma voz fraca. "Não foi só por tua causa. Foi por tudo... Tudo o que ela causou... Ela teve a lata de dizer que ia fazer o mesmo ao Vince... Eu não vou permitir que ela volte a estragar a vida a alguém que seja importante para mim. Não vou...", digo emocionada. Uma lagrima escorreu pelo meu rosto. O James pegou na camisola dele e limpou-a. "Cariño, vai fica tudo bem... ela não vai fazer nada contra o Vince ou contra mim, eu não vou deixar ok? Agora por favor descansa um bocadinho...", diz ele passando a mão pelo meu cabelo. E assim fiquei nos braços dele por algumas horas...