EMERAUDE.
Sentada na varanda de casa, tento processar tudo que ouvi de Miguel e Johnny. Absolutamente tudo que fiquei sabendo. Já é outro dia. Não preciso citar que não consegui dormir direito após as informações que fiquei ciente. Bom, simplesmente, Johnny não está mais no controle do Cobra Kai. Um tal de Kreese e Terry Silver estão de volta. O filho de Johnny, Robby, está mais que disposto à fazer de tudo para se vingar do pai e da ex namorada, que por coincidência, é minha prima. Bom, pelo resumo, Robby levou um chifre pesadíssimo de Samantha com Miguel. Mas Diaz fez questão de me esclarecer que os dois tiveram um relacionamento logo depois que fui embora. Bom, de qualquer jeito, ainda é uma traição. Não adianta disfarçar sacanagem com sentimento.
Uma garota que Johnny disse ser até um pouco parecida comigo está com sede de beber o sangue da minha prima, uma tal de Tory Nichols. Se é parecida comigo, deve ser maneira pra caralho, mas ainda assim preciso colocar os valores familiares em primeiro lugar. Ela não pode querer acabar com a raça da minha prima quando eu estou de volta. Não vou deixar mais nada acontecer à Sam, já que pelo que fiquei sabendo, essa Tory está fazendo da vida de Samantha um inferno, também pelo Miguel.
Apelidei Diaz de "pica de ouro", porque não é possível que tanta coisa tenha saído dos eixos por causa de um macho. Ele ficou vermelho e disse que não era bem assim.
Muita coisa mesmo rolou. Estou agora sentada no chão da minha varanda, bebendo um pouco de cerveja junto de Johnny e Miguel mais uma vez. Eles me contaram de tudo, menos o que eu mais quero saber. A única coisa que eu pensei desde que saí daquela clínica.
━ Johnny? ━ ele me olhou. ━ Como está o Eli?
Johnny e Miguel se entreolharam e eu sinto um pouco de insegurança naqueles olhares. Fico amedrontada no mesmo instante de que algo tenha acontecido à Eli.
Eli Moskowitz. O nerd que eu, da forma mais irônica possível, fui apaixonada durante um ano do colégio inteiro. Lembro-me de escutar Johnny me mandando acordar pra vida, já que Eli era um "fracassado" que sofria bullying e não sabia nem se defender sozinho. Quando Samantha andava com Yasmine, também caçoava da minha paixão intensa. Mas, bom, agora tenho um argumento para rebate-la de volta, já que ela é apaixonada por um lesado como Miguel Diaz.
Bom que ele não escute pensamentos.
━ Eli... Não é mais Eli ━ Miguel diz e eu franzo a testa. ━ Agora é Falcão.
━ É. O garoto do lábio ficou pica. Colocou um moicano vermelho e saiu dando porrada em todo mundo. Prefiro ele assim. ━ Johnny está comendo um sanduíche com uma mortadela provavelmente fora da validade.
━ Como é? O Eli? ━ estou genuinamente confusa. ━ O Eli dando porrada em todo mundo? Mas que merda vocês estão dizendo?
━ Não existe mais Eli, Emme. Ele mesmo disse que o "garoto do lábio" tá morto. Agora, quem existe é o Falcão. ━ Miguel pega seu celular em mãos e parece procurar algo. Logo, vira seu telefone pra mim numa foto. ━ Dá uma olhada.
Forço minha vista e quase caio pra trás com o choque. Mas que caralhos?
Eli, que antes não exalava confiança alguma, agora estava com um moicano extremamente radical da cor vermelha. Suas roupas haviam mudado, seu jeito de se portar mais ainda. Agora, sua característica menos chamativa era a cicatriz no lábio. Estou em completo choque. Há alguns anos atrás, ele chorava no meu colo por sofrer bullying e ser um fracassado na visão dos colegas de turma. Já dei porrada nuns marmanjos que caçoavam dele. Mas não tinha muito o que fazer. O bullying no colegial quando acontece, se enraiza e não para tão cedo. É cruel pra cacete.
A maldade realmente muda as pessoas.
━ Porra... ━ é o que consigo pronunciar apenas.
━ Vocês eram amigos? ━ Miguel pergunta.
━ Ela era gamadinha nele. Limpava a bunda nele no colégio e tudo. ━ Johnny fala e eu reviro os olhos.
━ Continua comendo esse sanduíche vencido e cala a boca, Lawrence ━ ergo o dedo médio. ━ Não. Eu só... Enfim, eu gostava dele. Mas antes que a gente pudesse ter qualquer coisa, eu fui internada e fiquei dois anos longe. Pelo visto, eu não conheço ele mais.
━ Mas pode conhecer de novo ━ ele sorriu. ━ Vai estudar na minha escola, não vai?
━ Eu não... ━ sou interrompida por Johnny.
━ Vai sim. Já falei com a sua mãe. ━ o olho. ━ Precisa ficar perto dos amigos. Não acho que é o melhor estar longe agora.
Eu suspiro, cansada.
━ Eu não quero mais ficar longe. Não aguento mais.
Acho que Miguel vê sinceridade nas minhas palavras, pois sorri fraco.
━ Vou estar aqui pro que você precisar, tá bom?
Ele estende a mão pra mim e eu sorrio, batendo na mesma.
━ Certo. Obrigada pela melação, Diaz.
Miguel ri, e na sequência, meu celular toca com uma ligação. Era Daniel dizendo que Samantha havia chegado em casa e que era pra eu ir lá, fazer uma surpresa pra ela. Estou morrendo de preguiça, mas sei exatamente pra quem pedir favores nos momentos de urgência.
━ Johnny, pode me levar até a casa dos LaRusso? Preciso ver minha prima. ━ digo, guardando meu telefone.
━ Prefiro que me pedisse pra pular dentro um tanque de bosta. ━ Johnny termina de comer seu sanduíche e se levanta. ━ Vamos.
Obviamente, o convite também era pra Miguel. Em alguns minutos, Johnny dirigia pelas estradas na direção da casa de Daniel, que ele sabia de có. Perdeu as contas de quantas vezes foi até a porta do meu tio brigar por coisas idiotas.
Assim que chegamos, agradeço a Johnny e me despeço de Miguel, mas eles não vão embora até que alguém abrisse a porta pra mim. Então, quando Sam aparece na minha vista, ela quase cai pra trás. Seus olhos azuis se arregalam e sua boca se abre num "O" perfeito. Ela não demora pra me abraçar com toda a sua força. Não poupo sentimento ao abraça-la de volta também. Ao olhar pra trás, vejo que os meninos ainda estão lá. Samantha acena pra Johnny num gesto carinhoso e eu fico confusa. Desde quando os LaRusso e Johnny Lawrence se dão bem? Mas, por outro lado, ela lança apenas um olhar um pouco doloroso pra Miguel antes de fitar o meu rosto novamente.
━ Então, vamos entrar? Tenho muita coisa pra te contar. ━ ela diz, animada.
Pelo visto, todo mundo tinha muita coisa pra me contar. E como sou a maior fofoqueira dessa cidade, não penso duas vezes antes de acenar pra me despedir dos meninos e entrar rapidamente na casa dos LaRusso. Eu logo avisto Amanda, que me pega no colo como se eu fosse um bebê. Ela quase chora com a minha presença. Anthony também parece feliz em me ver de volta, mas preciso de tempo para puxar as suas orelhas hoje ainda. Fiquei sabendo que ele anda fazendo bullying na escola, logo ele, sem tamanho nenhum pra isso.
É bom estar em casa de volta.
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𝐄𝐔𝐏𝐇𝐎𝐑𝐈𝐀, 𝗰𝗼𝗯𝗿𝗮 𝗸𝗮𝗶.
FanfictionDepois de um bom tempo na reabilitação, Emeraude já não tem mais ideia de como é a realidade de West Valley. Com uma boa recepção, o amor dos amigos próximos e o conforto depois de tanto tempo longe de sua família, ela consegue sentir ao menos que e...