𝖠 𝖩𝗈𝗋𝗇𝖺𝖽𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗈 𝖭𝗈𝗋𝗍𝖾

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- Então, o que tens em mente? - pergunta o príncipe, já inquieto e curioso para ouvir tal plano que Sazie elaborava em sua pequena mente brilhante.

- Eu sei o que podemos fazer! - A garotinha, gesticulando para que os outros chegassem mais próximos a ela, disse baixo e ligeiro. "Sigam-me".

E saindo do enorme jardim de rosas que se encontravam, Sazie, em passos apressados e saltitantes, conduzia-os em direção a um campo de milho que ficava a alguns metros da casinha em que morava. Era um denso milharal, repleto de espigas (estas de tamanhos que condiziam com as criaturas daquela região). Quando atingiram o centro do milharal, se depararam com um amontoado de palhas que se juntavam em uma pequena elevação, como num pequeno morro. Metendo a mão dentro da pilha, Sazie puxa um baú de madeira, revestido por correntes de metal e uma rebuscada fechadura de ouro.

A garotinha, destrancando o cadeado, mostrou o que havia dentro daquele intrigante baú. Tinha uma saca cheia de roupas e sapatos, desde vestidos de calêndula refinados de tecidos finos de seda a sapatos pontudos e compridos feitos de palmeiras.

- Ora, quantas! exclamou Alanis, mantendo seu olhar fixo a cada roupa que a criaturinha tirava de dentro do caixote -. Cada detalhe, cada cor... estas peças são... magníficas! Quem as confeccionou?.

- Fui eu quem as confeccionou, cada uma delas! - disse Sazie (de bochechas finas e coradas) - mas ainda tenho muito que aprender. Nunca mostrei-as a ninguém, vocês são os primeiros seres (e humanos) a quem apresentei essas peças.

- Vejo que és uma ótima artesã! Em minha vista, essas roupas são as mais esplêndidas que já vi!

- De fato, são muito belas (as roupas) - interveio o príncipe ao diálogo, - mas ainda não compreendo o motivo de estarmos aqui, e este caixote em nossa frente...

E, erguendo-se diante deles, Sazie abaixou a tampa do caixote, quando começou a discursar tudo o que tinha em mente, com sua estridente e rouca voz:

- Bem, a alguns anos atrás estive nos Domínios do Leste, e pude por algum tempo permanecer junto a eles... Uma experiência estonteante! E muitíssimo aprendi com eles, seus hábitos, seus costumes, e principalmente seu vestuário.

E logo retirou do milharal outro baú (este maior que o outro):

- Os que lá habitam possuem uma forma única de confeccionar, pois tudo é adornado entre os minérios que são coletados. Suas túnicas, todas pintadas com gemas esmeraldas; seus capacetes de guerra, todos feitos de ferro, o fiel ferro do Leste, enquanto suas botinas de caça são cobertas sob uma resistente camada de cobre revestido de estanho. De toda maneira... Vejam! - exclamou a garotinha, tomando em suas mãos uma trouxa de roupas enormes e pesadas demais para seu comprimento.

- Essas foram minhas primeiras peças ao estilo Oriental - continuou, vejam! Utilizei a mesma medida deles, por isso são tão grandes. Penso que poderão ser úteis aos meus primos do Leste, um ótimo disfarce para o Festival! Quem é do Leste, se veste como tal, incrível!

A ideia da garotinha poderia dar certo. Os trajes que fizera se assemelhavam tanto quanto aos que vestem os gigantes que habitam aquelas minas. Os disfarces, no entanto, eram a única solução que possuíam a curto prazo. A noite se aproximava ligeiramente, e já partiriam muito cedo. O tempo que possuíam tornava-se tão escasso quanto as esperanças de retomar à Felborn novamente.

Portanto, aquela noite passou tão mais rápido do que o esperado. Já era chegada a hora da partida rumo às gélidas Montanhas do Norte. E então, diante d' A Árvore (que marcava às grandes portas do Domínio do Sul), se reuniam todas as criaturas que naquelas terras férteis habitavam. Debaixo d' A Árvore, o Guardião das Árvores aguardava pelo primeiro raio de Sol, que surgiu por entre as enormes folhas douradas que reluziam sob o raiar do dia. Num instante, todos ouviram um soar, como de uma trombeta. O sinal da partida. E à frente de todos que seguiam por aquele caminho coberto de cores e sons, estavam Sazie, Gael e Taurin, juntamente com os outros sete dos trinta e sete Guardiões, nomeados pelo Grande Mestre. Alanis e Colin seguiam juntamente à multidão, envoltos por uma couraça de tecido grosso, pés cobertos por botinas de cobre, por cima de suas cabeças um chapéu de bronze adornado de safira em sua pureza e esbeltez.

The Felbornland | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora