Capítulo 7: Cartas na Mesa

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Eu o teria deixado tomar banho primeiro, mas achei que Jace não merecia nem mesmo aquela pequena consideração. Não naquele momento. Ele estava agindo como um idiota pretensioso, tentando me bombardear com suas acusações precipitadas e estúpidas, quando eu não merecia nada daquilo.

Eu tinha feito planos para o seu retorno. Planos que envolviam sexo gostoso e lascivo em uma banheira quente e espumante. É claro que eles haviam caído por terra. Eu morreria antes de deixá-lo me tocar naquela noite.

Abri a porta do banheiro, me preparando para vê-lo esperando do lado de fora. O gosto amargo da decepção me atingiu com tudo. Eu pude ouvir sua voz em tom baixo na sala. Ele estava falando ao telefone e parecia bravo como de costume. Quando não estava comigo, Jace estava sempre dando ordens e controlando seu império, a Kellan Corporation.

Agora, ele parecia querer me controlar.

Bom, ele ficaria desapontado.

Além disso, até onde eu sabia, aquele império não pertencia mais a ele. Seu sócio majoritário na empresa havia se envolvido em um grande esquema de corrupção no qual Jace havia sido implicado. Ele tinha conseguido provar a sua inocência com a ajuda minha e do meu ex-chefe.

Para ser sincera, eu não tinha ideia de como as coisas ficariam agora que ele havia acordado. E estava começando a imaginar se não havia sido aquele mesmo o motivo para ele ter tanta pressa em deixar o hospital. Jace era um homem de negócios, aquela era a realidade. Eu presumia que ele planejasse reassumir seu posto o mais rápido possível. Minimar os estagos causados com a prisão de Theodore e com o seu coma.

Eu não queria, mas a perspectiva me deixou meio triste. Escolhi um pijama curto de dormir, escovei o cabelo e me deitei sobre a enorme cama. Eu pensei que estivesse preparada para lidar com o Jace Kellan, o todo poderoso, mas na verdade, tudo o que eu queria era o homem por detrás do terno. Ele tinha razão em uma coisa: eu havia mudado, havia adquirido coisas, conquistado minha independência financeira. Talvez fosse a hora de conquistar minha dependência emocional.

Aquilo me levou a pensar em coisas que eu odiei. Coisas como... Rosalie Armstrong. Sua ex-noiva homicida. Eu tinha certeza que ela havia sido a autora do disparo contra Jace. Mas como provar?

Por um momento, eu me peguei com ciúmes da história dos dois. Não a história recente – óbvio, eu não era nenhuma masoquista –, mas a infância e adolescência que os dois passaram juntos. Com certeza, ela sabia muito mais a respeito de Jace do que eu. Ela havia conhecido suas inseguranças, suas alegrias e seus anseios. E ele havia feito o mesmo com ela. Mas Rosalie era uma desgraçada gananciosa e tinha jogado tudo para o alto ao se aliar ao pai contra Jace. Era possível que ela o tivesse amado alguma vez na vida? Ou que tivesse pensado nele como seu futuro esposo?

Olhando para o teto, soltei um longo suspiro e rolei para o lado. Nunca minha cama tinha parecido tão vazia.

A casa estava silenciosa e eu travei uma batalha interna com o desejo de procurar Jace para confrontá-lo. Quando estava quase perdendo a luta, uma batida na porta fez meu coração acelerar.

- Olivia? Vamos conversar.

- Eu estou dormindo.

- Mentira.

Ele estava bufando?

- Vai embora, por favor. Nós podemos conversar amanhã.

Teu Para O Que Quiser (#2)Onde histórias criam vida. Descubra agora