6 - Ventos cortantes

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Tudo aconteceu rápido demais para que Maressa tivesse alguma chance de intervir

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Tudo aconteceu rápido demais para que Maressa tivesse alguma chance de intervir.

Em um momento, estava cruzando o bosque e o campo de caça, atraída por uma força inominável que parecia tê-la arrastado até ali; no outro, enxergou um cavalheiro se aproximando do grande lobo, e todos os sinos de perigo soaram em sua cabeça.

— Cuidado! Ele é feroz!

O homem foi pego de surpresa por seu aviso; e antes que qualquer um dos dois pudesse sequer agir, o animal avançou e o mordeu.

Ele ofegou. Ela arfou.

O animal recolheu as presas e o libertou, virando-se e disparando para o meio da floresta, até desaparecer da vista.

— Minha nossa! — Maressa exclamou, segurando a saia do vestido e correndo até o homem. Esticou a mão para tocar em seu braço. — Deixe-me ver isso, senhor! Ah! Minha nossa! Está sangrando!

Ele puxou o braço, urrando baixo de dor.

— É claro que está sangrando! — Xingamentos que Maressa nunca tinha ouvido saíram da boca dele. Era como se fosse um outro idioma. — Aquela besta me atacou sem motivo algum!

"Sem motivo algum?", ela quis devolver; afinal, conhecia os modos e o comportamento daquele animal intrigante. Só que não o fez.

Maressa não soube como, mas conseguiu guia-lo até uma pedra lisa, onde o colocou sentado. Sentia seu coração bater de um jeito insano e inexplicável contra o peito, como se fosse ela quem tivesse sido atacada. Pegou o lenço que carregava consigo e envolveu o braço dele, tentando conter o sangramento.

— Temos que cuidar disso.

— Não é necessário — ele pigarreou.

— Ora, é claro que é necessário! O senhor foi atacado!

— A mordida não foi profunda.

— Mesmo assim, precisamos limpá-la. Posso te ajudar.

O homem a encarou com o cinza fechado dos olhos. Seu rosto se retorcia em uma expressão de dor que ele não conseguia esconder.

Outra vez, o coração de Maressa acelerou ao fitá-lo.

Ele deve ser um dos competidores. Um dos meus pretendentes.

As íris dele se estreitaram em cima dela.

— E quem é você?

— Sou... — Ela ergueu o rosto, o vento do bosque balançando alguns fios claros que escapavam de seu coque. — Sou uma das criadas do castelo. Fui designada para cuidar de todos os competidores durante os dias do torneio. Deixe-me tratar do ferimento antes que ele infeccione, duque... Príncipe... Lorde...?

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