TAEHYUNG
Chovia muito lá fora. De dentro do carro era possível ouvir o som alto das gotinhas de chuva batendo contra o vidro da janela... Estava escuro, por certo, como uma típica noite de tormenta. Era um meio fio qualquer onde eu estava estacionado, esperando uma ideia, por menor que fosse, surgir em minha mente. Minha respiração se entrelaçava com a de Soobin, pequeno e adormecido em meu colo, com a cabeça pequenina deitada em meu peito. Os olhos escuros adormecidos, o cabelo preto totalmente desalinhado, lembrando mais do que nunca os cabelos de seu pai. A pequena mãozinha agarrada a minha camisa, fechada em punho. Os lábios avermelhados entreabertos, respirando lentamente. Passei os braços em volta dele, sentindo o calor de seu pequeno corpinho ser fundido ao meu. Sorri ao pensar em como era incrível como eu o amava. Como era incrível saber que depois de tudo, eu ainda tinha a ele.
Arrastei os lábios e selei um beijo em sua testa, sobre a franja de seu cabelo. E de repente eu chorava. Talvez mais por Soobin do que por mim... Mais por saber que o sonho dele de ter um pai nunca se tornaria realidade. Nunca.
A primeira coisa que pensei ao ver todo aquele teatro que se armava? Levar Soobin pra longe dele, porque estranhamente sabia que Jungkook poderia resolvê-lo, que de alguma forma, talvez pudesse mudar a mente doentia de Taesook. Doente, é óbvio! Apenas um doente seria capaz de entrar no aniversário da mãe e dar aquele escândalo maluco.
- Pai, porque o meu papai não veio com a gente? - perguntou em meu colo, olhando-me tristonho. Aquilo definitivamente partiu meu coração em dois.
- Porque... Ele tem que resolver alguns assuntos com o tio Sook. - pigarreei botando-o num dos carros de meu pai, dando e partida em seguida.
- Mas ele vem depois? - questionou se deitando no banco de trás. Uma chuva se armava no céu, e me fazia pensar em quão covarde estava sendo; olhei pelo retrovisor, e observei os olhinhos de Soobin tristinhos, meio perturbados, e cheguei a conclusão que não. Eu não era covarde! Isso tudo era por ele, e nada que fosse pelo meu filho e de Jungkook seria demais. Nada!
- Soobin, fica quietinho, tá? Deixa o papai pensar... - suspirei dirigindo pra qualquer lugar.
- Pai, tá chorando? - perguntou com o rostinho assustado. - Porque pai? - percebi que sim, estava chorando... Então passei a mão na bochecha, segurando o volante com a outra enquanto corria.
- Por nada Soobin, por nada... - menti - Fica quietinho, deita ai e dorme.
- Não quero dormir. - disse encostando-se ao banco, olhando pra mim todo o momento.
Segui dirigindo, alguns pingos de chuva já se chocando contra os vidros do carro, algumas gotinhas molhando nós dois. Fechei os vidros quando ele reclamou, porém minha mente vagava por o que acontecia lá. As palavras de Soobin ecoando em minha mente com força, o rosto de meus pais em minha direção, o de todos os convidados de minha mãe para a festa... A indignação, em certas vezes. Pensei em Jungkook, e na loucura que seria se ficássemos juntos, porque... Ai seriamos os imorais, os traidores... E Soobin apenas sofreria tudo isso. Mais lágrimas caíram; a chuva era forte demais. Será que o peso também seria? Será que para Soobin ser feliz eu teria de deixar Jungkook, pelo menos eu? Os pais separados era a melhor coisa para ele? observei sua imagem, os olhinhos olhando a chuva fora do vidro, quase intocável. Ofeguei, e tive a certeza de que Soobin não nos deixaria em paz, talvez nunca se fôssemos felizes...
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Stormy Night • TAEKOOK
Fiksi PenggemarTaehyung não sabia se tinha feito o correto. Não sabia se ter assumido a identidade do irmão gêmeo no dia de seu casamento era a decisão mais sensata. Taesook havia desistido, e agora cabia a Taehyung casar-se em nome do irmão para não botar tudo a...