PROLÓGO

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PROLÓGO

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PROLÓGO

Ɲormalmente a mulher tentava não deixar que sua mente sucumbisse e abrisse espaço para as paranoias criadas pela mesma, era uma forma se manter sã após tanto tempo, porém, algo naqueles dias não deixavam que ela desse continuidade ao seu plano.

Ela não conseguia descrever exatamente o que sentia, era quase como um tinido ou um leve zumbido em sua mente que não a deixava esquecer que algo parecia errado, fora da sua ordem natural, um sentimento – ou pressentimento – que ela sempre carregou dentro de si, e sempre se mostrava certeiro. Nunca era, realmente, apenas paranoia.

Apesar disso, ela continuava repetindo a si mesma que deveria apenas tentar ignorar, porque ela estava longe de problemas, ou tentando se manter longe de problemas, desde que os Eternos tinham se separado. Ela sabia que não era boa em ficar longe do problema, e ter participado da luta contra Thanos provava isso, mas ela tentava, tentava com muito afinco.

E foi em um desses momentos que ela respirava fundo e soltava o ar devagar com olhos fechados, assim como sua terapeuta havia a instruído, que ela sentiu um leve tremor e no momento seguinte, quando abriu os olhos, sentiu seu corpo balançar bruscamente enquanto via os objetos da estante a sua frente caírem no chão e quadros se desprenderem das paredes. Não era um tremor, era um terremoto.

E novamente ela se amaldiçoou, sabendo que não estava errada ou apenas paranoica.

 ● ● ●

Genesis não precisou sequer olhar pelo olho mágico da porta ou pelas janelas cobertas por cortinas para saber que havia seis pessoas espalhadas na varanda estreita de sua casa, criando coragem para tocar a campainha. Ela podia sentir a presença deles, quase como se os enxergasse através da madeira maciça.

Desde o terremoto, que aconteceu três dias atrás, ela não havia saído de seu apartamento, o que não era nada incomum levando em conta que ela evitava contato com qualquer pessoa desde os eventos posteriores ao retorno do blip. Ficou ali, quase como se apenas sua alma pairasse pelo ambiente, esperando pelo momento que os outros viriam até ela, porque, de uma forma ou de outra, ela sabia que eles viriam.

– A porta está aberta, é só vocês entrarem. - disse a garota em alto e bom som antes que eles decidissem quem ia tocar a campainha, se mantendo sentada na poltrona de frente para porta, com sua xícara de chá de hortelã na mão.

E então ela os viu entrar, um seguido do outro, preenchendo o pouco espaço vazio que restava em sua sala entre as muitas estantes com livros. Eles estavam calados, quase como se ponderassem como começar aquela conversa.

Genesis olhou um a um, lentamente e calmamente, analisando aqueles que foram seus companheiros de luta durante sete mil anos e constatou, sem surpresas, que eles não haviam mudado nada. Além das vestimentas agora casuais e condizentes com a época que estavam.

Nenhum deles se pronunciou, talvez esperando que a iniciativa viesse dela para assim evitar uma situação ainda mais desconfortável e a mulher entendia o receio que eles demostravam, a separação, ao menos por parte dela, não tinha sido exatamente amigável. Tinham pensamentos diferentes grande parte do tempo e a personalidade relutante da mulher causou alguns bons conflitos durante os milênios, o que os desgastou. Mas em contrapartida a isso, ela sabia que eles eram família e estava feliz em os ver, ainda que por conta de uma motivação maior.

– Vocês não parecem exatamente felizes em me ver, mas vou fingir que isso não me magoa.

Notou que Gilgamesh relaxou os ombros ao notar que ela não estava brava ou pronta para um conflito direto como estava quando cada um seguiu sua direção, e ficou feliz ao ver que ele havia cumprido a promessa de cuidar de Thena, que estava ao seu lado olhando para uma estátua pequena no armário ao seu lado.

– Não, não é isso. Nós só... - Sersi começou a falar, fazendo com que Genesis sorrise pelo quão previsível era ela ser a apaziguadora ali. A Eterna era, sem dúvidas, a que tinha uma personalidade mais afável entre todos eles, sempre foi a que se relacionou melhor com os humanos, sendo a linha de frente nos novos contatos e tudo isso era graças a sua doçura e compaixão.

– Não sabem como agir perto de mim porque acham que eu vou surtar com a mera presença de vocês? - interrompeu a mesmo e a olhou por alguns antes de sorrir. - Eu estou brincando, céus. Vocês perderam todo senso de humor durante esses séculos?

Se levantou, apoiando a xícara na mesa ao seu lado e então deu um sorriso doce para a mulher de cabelos escuros a sua frente.

– Senti sua falta. - a morena disse olhando Genesis e ela sabia que era verdade. Apesar de todos os conflitos viveram uma eternidade juntos, foram criados juntos, lutaram juntos, sofreram e sorriram cuidando dos humanos juntos.

– Eu também. - e então a puxou pelos ombros e lhe deu um abraço.

– Ajak está morta. - Ikaris falou e recebeu um revirar de olhos da mesma. Direto e sem enrolação, provava que não tinham muito tempo.

– Eu sei. - olhou para ele dando um leve concordar de cabeça.

Os poderes de Genesis eram difusos e por vezes nem ela mesma conseguia entender onde eles começavam ou terminavam, mas o que sabia é que podia sentir cada um dos Eternos ligados a ela, não sabia se era algo relacionado a criação dos mesmos mas era como se pudesse sentir suas células correndo em união dentro de si e por isso, quando sentiu uma angustia devastadora pouco tempo antes do terremoto e depois a presença de Ajak simplesmente se esvair de sua mente ela soube que algo havia acontecido.

– E os deviantes estão de volta. - foi a vez de Sprite dar as notícias ruins.

– Eu sei. - o que ela sabia é que eles não estariam indo até ela se não fosse esse o problema.

– Mas não nos procurou. - Kingo apontou e ela concordou levemente obstinada, dando de ombros logo em seguida.

– Eu sabia que viriam até mim.

– Tem mais uma coisa...

E depois da explicação de Sersi sobre qual era a real condição deles naquele momento, tudo que ela via era um borrão de novas informações que ela não estava preparada para ouvir.


AFTERLIFE | DruigOnde histórias criam vida. Descubra agora