Anjos celestiais: vale da esperança (Pausado)

1•°• Memórias

E mesmo no breu de minha alma,você é a luz que me traz a vida✯✯

Matias

Estava deitado na cama . Pensando no último dia em que eu e Melanie estivemos juntos naquela floresta para podermos ter paz e ter momentos sozinhos  no meio de tanta guerra.

Parecia que tinha sido há anos atrás, mas não. Fazia apenas uma semana desde o dia que estivemos juntos e logo após o ataque de Abbadom a sede.

Aquele dia eu só queria ficar sozinho com ela. Ver o sorriso e alegria dela. Lembro de cada toque dela no meu corpo,dos beijos e eu dizendo o quanto amava.

E depois disso nós dois deitados na cama conversando sobre nossos planos futuros depois da guerra.  Foi a primeira vez que realmente falamos sobre nosso futuro juntos, sem guerras ou dificuldades para atrapalhar.

Ela aquele dia revelou sua vontade de formar uma família comigo. Lembro que fiquei bem surpreso. Nunca na vida pensei em ter uma família,filhos ou cachorros. Essas coisas de pessoas casadas.

----- Já pensou em ter filhos ?- ela perguntou deitada no meu peito enquanto massageava seu couro cabeludo.

Eu refleti a pergunta um pouco supreso. Não sabia o que responder.

Ela viu minha hesitação e levantou a cabeça para me olhar nos olhos.

---- Tudo bem não responder. Era apenas uma curiosidade. – ela disse e voltou a deitar no meu peito.

Sabia que não era apenas uma curiosidade dela. Seus olhos diziam totalmente ao contrário.

Depois de alguns minutos de silêncio perguntei:

----Você queria ? Filhos e uma família?

Ela suspirou.

----- Sim, desde meus 14 anos queria ter minha própria família. Naquela idade me pegava pensando como era ser amada de verdade e como era ter uma família como todos os outros. A única pessoa que tinha era o Erik,mas eu nunca revelei essa minha vontade de ter uma família com filhos. Aí te conheci. Você era bem chato,na verdade ainda é né.—eu dei risada de sua afirmação. — Mas por mais que você fosse uma irritação você também era a minha paz em momentos difíceis. Me vi te amando e tendo uma conexão com você que nunca tive com ninguém, e aí quando ficamos juntos pensei o quanto seria bom só nós dois em uma casa sem toda essa guerra que eu entrei. E mais na frente com um filho. Mas se não é o que você quer tudo bem.

Eu peguei no sei queixo para que ela olhasse para mim.

---- É claro que quero ter uma família com você Melanie. — vi seus olhos brilhando de expectativa e felicidade.

Ela se virou para ficar em cima de mim e sorriu.

---- Então o sarcástico anjinho quer ter uma família é?

Eu ri e virei ela na cama para que eu ficasse em cima dela e a beijei no pescoço.

----Sim estouradinha. Quero ter uma família com você.

Então ela me beijou e me puxou para perto dela novamente me fazendo só dela. Novamente me fazendo esquecer o mundo lá fora.

Suspirei espantando as memórias que insistiam em vir na minha mente.

Me levantei e fui em direção a cozinha. A cozinha que ela sempre estava preparando alguma coisa para comer. Me surpreendia com sua fome, parece que não cessava nunca. 

Caraca tudo nessa casa me lembrava ela. Mesmo em curto tempo já passamos muitas coisas. Felizes e tristes.

Me pegava pensando se ela estava bem, onde ela estava. Depois do ataque não tinha sequer uma pista do paradeiro de Abbadom.

Àquilo estava me torturando. Não saber se ela estava bem e não poder fazer nada para ajudar. As buscas por ela estavam sendo cansativas e desanimadoras.

Mas não podia desistir da mulher da minha vida. A que fazia meu coração bater mais forte e dava sentido e diversão nos meus dias. Então eu seguia lutando mesmo em meio ao desânimo.

Ouço uma batida na porta interrompendo meus pensamentos internos que não paravam por um segundo.

Me dirigi até a porta e a abri.

Era meus pais com algumas bagagens nas mãos. Minha mãe vestia uma roupa de couro preta e botas pretas e meu pai estava vestindo sobretudo e calças jeans.

Havia me esquecido completamente do retorno deles de Paris.

Minha mãe sorri alegremente para mim e me abraça.

---- Oi filho, que saudades eu estava de você.

Eu a abracei fortemente de volta. Era bom ter ela aqui, me sentir seguro. Seu perfume me era muito familiar. Ela  amava tudo que havia lavanda.

Antes eu odiava esse cheiro,mas passei a me acostumar.

---- Também senti sua falta mãe.

Ela me beijou no rosto e meu pai passou a mão no meu cabelo, mais precisamente bagunçando ele né.

---- E ai filhão. Achei que não ia mais te ver. As coisas foram difíceis em Paris.

Peguei as malas de minha mãe e coloquei no chão ao lado de uma estante. Eles se sentaram no sofá e eu trouxe sanduíches e suco para eles.

---- Desculpa mas é só isso que tem para comer por enquanto.

Eles sorriram afetuosamente para mim.

---- Tudo bem, já almoçamos em um restaurante no aeroporto antes de virmos para cá. – informou meu pai dando uma boa mordida no sanduíche.

Me sentei na poltrona de frente para eles. Fazia muito tempo que não via eles. Acho que faria um ano no  mês que vem que eles tinham ido para Paris em uma missão. Vários ataques de anjos da morte e demônios foram vistas por lá. E eles eram um dos melhores guerreiros então foram designados para essa missão.

Fiquei meio que sem contato com eles nesse meio tempo, então eles não sabiam absolutamente nada sobre a Melanie ou o último ataque que havia acontecido.

---- E então filho? Como as coisas estão indo aqui em Nova York? Como vai sua vida ? – minha mãe perguntou dando um pequeno gole no suco de laranja.

Cogitei não contar nada para eles sobre tudo isso. Sobre o ataque,sobre a Melanie ou o desaparecimento dela, mas... Meus pais sempre souberam de tudo e sempre me deram conselhos valiosos.

Sempre me apoiaram em tudo e me fizeram o melhor guerreiro da minha idade.

Além do que nós éramos amigos também. Não escondia nada deles.

Então toda a dor daquele dia voltou. Toda a dor que eu havia reprimido no dia e toda a dúvida e medo vieram com força diante do olhar tão preucupado e amoroso dos meus pais.

Então eu chorei o que eu não havia chorado naquele dia e meus pais vieram me abraçar.

---- O que foi meu filho? O que aconteceu ?

Eu abracei minha mãe fortemente e segurei a mão do meu pai que estava do meu lado na poltrona.

---- Eu perdi mãe... Perdi o amor da minha vida.