''Um encontro por acaso da circunstância
Talvez ele seja um mantra, mantém
sua mente em transe
Ele pode ser o silêncio nessa confusão
mas digo de novo
Ele nunca vai ter amar como eu posso''
- Ainda não entendeu por que te trouxe aqui né? – acenei que não – não quis que ficasse um clima ruim entre a gente e você parecia irritada para conversarmos lá. Conheço-te e sei que o tom ácido mesmo que carregado de preocupação não é comum – vi que ela prestava toda atenção em mim
- Desculpe
-Tudo bem – sorri – no fim só demonstra que você é humana. Fiquei até feliz porque já começava a duvidar disso – rimos – é sério você já se viu durante o dia? É uma profissional incrível, uma mãe determinada que dedica-se em tudo e sei que ainda tem os afazeres de escola do Noah e da casa. Você faz tudo parecer que é fácil e perfeito
- Nem de longe – vi seu suspiro
- Mas é assim que enxergo você. Quase que como uma força da natureza. Educa o Noah de uma forma amorosa, impõe respeito no trabalho e lida com todas as adversidades com um bom humor – respirei vendo seus olhos ainda em mim – e além de tudo isso ainda arranja tempo para se preocupar com os colegas da profissão – rimos – é tipo uma vida de – ela me interrompeu.
- Capa de revista? – seu olhar baixou e o tom não pareceu alegre – como uma vida perfeita? Acho que sei como é
- Qual o problema? – segurei sua mão sabendo que era errado
- Às vezes a gente cansa – se separou
- Foi por isso que quis vir pra cá – tive sua atenção de novo – reparei ontem que ficou tensa e que – não quis citar Ian e o beijo que ainda pairavam no meu subconsciente – que deve ter tido algum problema com a Megan – gaguejei – vi a forma como ela te olhou e depois subiu. Deve ter sido estressante.
- Só mais um desentendimento e dessa vez ela estava com a razão. Demonstrações de afeto no escritório não são bem vindas. E ficaria ainda pior se tivesse que justificar gastos com um acidente de trabalho pra ela entende?
- Sabe por que quis subir e ajudar no ensaio?
- Ashley pode ser convincente quando quer
- Não, eu me prontifiquei a subir. Ela nem precisou pedir
- E por que fez isso então?
- Porque era o ensaio da sua coluna – notei seu espanto – era a sua coluna que ia ficar sem fotos e já tinha passado a manhã toda com o Josh e Megan pedindo verba para equipamento. Eles vieram com a mesma história de sempre de que tínhamos que conter gastos e etc... Mas foi só ler sua matéria que tive certeza que o texto tinha que ser publicado
- Eu não – a interrompi
- Imaginava né? Quando cheguei e expliquei a situação para Ashley e Jane elas super toparam em ajudar. Inclusive antes de vir pra cá pedi para que terminassem de editar as fotos e publicassem – reparei alguma emoção tomar conta do seu semblante
- Não sei o que dizer
- Olha não sei como a People era antes, mas estando lá e trabalhando junto com você sei que em todos os momentos você sempre nadou contra a maré sozinha. Com a Megan, com os custos, com as horas extras loucas do Josh, com a Ashley estressada sem equipamentos, com modelos temperamentais e enfim, posso citar adversidades infinitamente aqui. Até sua secretária você perdeu e nem por isso deixou de entregar 100% - peguei sua mão de novo – Você é a melhor diretora de fotografia que já conheci e estou tendo a honra de dividir a sala – sorrimos um para outro – me deixa nadar junto com você? Não quero ser como a massa e ir em direção ao mar quando o que nos faz crescer e conhecer pessoas incríveis é nadar contra a maré. Quero que você confie em mim e nas decisões que eu tomar lá dentro. Assim como, quero que você me veja como um apoio para quando estiver cansada.
- Entendi- suspirou e sorriu- Prometo não misturar os papeis e deixar a irritação tomar conta. Tratei vocês como irresponsáveis e pior ainda me portei como uma mãe. Foi insensato
- Achei legal você se preocupar – e mais legal ainda arrancar minha camisa daquele jeito quis dizer, mas dessa vez controlei o impulso.
- E você foi muito legal com tudo que disse. Obrigado pelas palavras, pelo apoio e pelo tempo pra me trazer pra cá
- Funcionou? Esta menos estressada? Se não posso te levar pro mar e garanto que toda essa carga pesada vai embora – rimos
- Vou passar obrigada! já me sinto muito melhor
- Então, me dá carona pro hotel? Trouxe-te, mas não tinha certeza se poderia voltar com você – rimos
- Claro que pode – sorriu
- Ali na frente tem algumas cabines para troca. Só não trouxe toalha - lembrei e lamentei
- Tenho sempre uma no carro! Mãe prevenida que diz né? – rimos – vamos lá
Ela pegou a toalha no porta malas e fomos caminhando conversando até chegar na cabine. Em frente tinha um pequeno parque infantil onde ela sentou e ficou me esperando. Troquei-me rapidamente e ao sair a vi tranquila no gira- gira
- Se segura
- Zac não faz isso – ela já ria – passo mal
- Achei que seu medo fosse só de altura – ri enquanto girava devagar o brinquedo
- Pensei que já tivesse esclarecido que não tenho medo de altura – gargalhei alto quando aumentei a velocidade de rotação e ela gritou
- É verdade, o medo era do balanço né – corri mais um pouco e quando estava rápido suficiente me sentei rodando junto e rindo
- Perfeito esta tudo girando agora – segurou em um dos apoios de metal do brinquedo
- Não dava pra resistir e deu muito certo!
- Certo!?
- Era isso que queria
- Me deixar tonta?! – rimos
- Não – me mexi minimamente e parei próximo ao seu rosto – te ver sorrindo desse jeito
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