III - Branco

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Tudo tinha que ser perfeito. Klaus não aceitaria menos, não poderia aceitar menos. Depois de tanto tempo, o dia finalmente estava próximo. Ele não via a hora de acabar com aquela farsa, de afastá-la daquelas pessoas inúteis que chamava de amigos. De tê-la, novamente, ao lado dele. Ao lado deles.

Tudo tinha que ser perfeito! Ele tinha que se controlar. Tinha que se impedir de arrancar o coração de Damon após cada uma das piadinhas ridículas. Tinha que segurar a língua e fingir sorrisos charmosos a cada tentativa fútil de Caroline seduzi-lo. Tinha que se impedir de revirar os olhos, de maneira nada cavalheiresca, a cada drama de Elena. Tinha que se impedir de rasgar cada membro de Enzo por ousar tocá-la.

Tudo tinha que ser perfeito? A perfeição era subestimada, às vezes, não era? Faria tanto mal assim ao plano se Enzo desaparecesse ou morresse acidentalmente? "Se continuar assim, vai acabar saindo fumaça de suas orelhas", brinca Rebekah ao se aproximar dele no estúdio.

Elijah havia levado o grupo para conhecer a propriedade, enquanto Klaus e a irmã ficaram para trás, dando a desculpa de precisarem conversar um pouco a sós sobre os preparativos das festividades. O que não era uma mentira: eles precisavam acertar os últimos preparativos e teriam uma festa depois tudo concretizado.

"Só estou impaciente, irmã. Até eu admito que não tenho o melhor controle e estou... cansado de esperar", reclama Klaus.

"Do que vai adiantar sermos precipitados agora? Se algo der errado..", começa Rebekah.

"Nada vai dar errado. Nada pode dar errado. Finalmente estamos juntos e não vou pedir que isso mude. Só mais um pouco e teremos nosso para sempre, como sempre deveria ter sido", afirma Klaus.

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"[...] a partir de então, o Lobo defende essas terras, protegendo-as, guardando-as e julgando-as. O festival não é apenas uma celebração dos feitos de outrora, mas uma oferenda e um pedido para aquilo que ainda está por vir", termina Elijah. Nos últimos minutos ele estava contando ao grupo a história por trás do festival e mostrando o local onde ele aconteceria.

"É fascinante", declara Bonnie.

"É emocionante", afirma Elena.

"É mentira", reclama Damon. "Vocês não podem acreditar nisso. É óbvio que não é verdade, apenas uma história para assustar criancinhas, dar coragem aos homens e excitar mulheres solitárias".

"A verdade costuma depender do ponto de vista, Damon. Tendo acontecido ou não, é nisso que nós acreditamos e é isso que o festival representa", explica Elijah. "Se você se permitir abrir os olhos e a mente, pode se surpreender com as coisas que verá ao seu redor".

"Eu vejo um balde de cerveja. Então vou abandonar vocês e ir até ele", brinca Damon já andando em direção onde alguns aldeões colocavam os barris de bebida alcoólica artesanal para mais tarde naquela noite.

O festival duraria três dias, contando a partir daquela noite, para eles, claro. Para os moradores da região,as festividades começaram no momento que o sol nasceu. Era possível sentir a energia e alegria contagiante daquelas pessoas, daquela terra. Bonnie acreditava no fantástico, naquilo que a maioria das pessoas, como Damon, chamava de fantasia, de mentira. Ela acreditava que existia mais do que aquilo que se podia ver. E estar cercada por pessoas que também pensavam assim era empolgante.

"Existe um traje específico que tenhamos que usar, Elijah? Perguntamos ao Nick antes de virmos, mas ele só disse para não nos preocuparmos", questiona Caroline. Ela queria se aproximar da família do futuro namorado.

"Não precisa se preocupar Caroline, nós já preparamos tudo. As vestes de vocês vão estar no quarto em que ocupam", tranquilizou Elijah.

O grupo, exceto Damon, continuou a caminhada em direção ao lago, próximo a propriedade, onde Elijah explicou que seria feita a parte principal da comemoração. Bonnie estava encantada com tudo, das histórias às magníficas belezas naturais. Mas não era capaz de esquecer o sonho que teve naquela noite. A sombra dos lábios de Klaus estavam marcados nos dela, como se tivesse acontecido. E pior: uma parte dela queria que tivesse acontecido.

A escolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora