Capítulo 3 - Mais de mim

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Acordei em pânico. Que trauma é para uma mulher, ver seu relacionamento de adolescência, seu conto de fadas, se acabar. Já se passaram 4 anos, mas ainda me lembro de cada detalhe.
Lembro de passar a aula de Eletromagnetismo em choque, não ouvi nada do que o professor falou. Saí antes da aula acabar e fui para casa. Foi quando eu finalmente tive uma reação. Corri para o celular e tentei falar com o Marc, mas eu estava bloqueada de todas as redes sociais e da lista telefônica dele. Passei a noite olhando, pedi pra mãe dele falar com ele, mas não disse sobre o que se tratava, ela disse que pediu, mas nenhum sinal dele. Não queria fazer alarde para a família do Marc, já tinha feito demais permitindo o beijo do Gustavo, então fiquei de mãos atadas.
No outro dia ele não foi pra universidade, não tinha me desbloqueado e não estava em sua casa quando passei lá. Eu parei de ir atrás por um tempo, entendi que ele precisava de um tempo para ele. Mas passou-se 3 semanas e ele não foi pra universidade, não aparecia, não me desbloqueava. E eu fiquei sozinha. Me senti muito sozinha. Meu chão tinha caído.
Acordei em um quarto pequeno e escuro, me lembrando de tudo isso. Tentei me localizar e acordar para o hoje. Eu estava em Portugal, para o meu primeiro dia de estágio. Acordei em um pulo para me arrumar. Preparei meus cabelos ruivos e cacheados para causar uma boa impressão, passei blush, rímel e um gloss transparente. Queria parecer viva por fora, depois desse pesadelo. Tomei meu café sem açúcar  e uma taça de vinho, para aguentar o dia de hoje. Saí para pegar o ônibus.
Faz uma semana que cheguei a Portugal e estou tentando me organizar para não depender de ônibus. Pretendo fazer isso com o dinheiro do estágio, que é pouco, mas sempre fui boa em me organizar financeiramente, então tenho fé.
Chego perto do DRA (Departamento de Robótica e Aeroespacial) e o resto do percurso preciso ir a pé. Durante a caminhada, me recordo dos momentos em que sonhei em ir para um estágio assim com o Marc. Tínhamos tantos planos para esse momento e hoje estou aqui sozinha. Uma lágrima escorre, mas sigo firme.
Essa sou eu, hoje: sozinha, em outro país, mas realizando meu sonho de estar formada e estagiando no exterior.

Meu doce passadoOnde histórias criam vida. Descubra agora