Entramos no nosso apartamentozinho, e a reação do Marc me deixa espantata.
Marc grita de empolgação:
- Nossa, mano!!! É igualzinho o meu. Quanta lembrança boa. Eu tinha uma TVzinha bem aqui, comprei um vídeo tá de segunda mão que eu adorava usar quando chegava do DRA.
Ele não tirava o sorriso do rosto imaginando.
Falo em um tom sorridente:
- Nossa, quero muito uma TV. Mas a prioridade é uma moto no momento.
Marc fica com um ar triste.
- É muito chato te ver passando sozinha pelo que eu passei. Pra mim é muito mais fácil pegar um ônibus às 19h.
Fico triste. Mas não deixo aquilo me invadir.
Com um sorriso no rosto, proponho:
- Massas com vinho? Lembro que você adorava meu macarrão.
Ele sorri junto.
- Nossa, era maravilhoso. Eu amava aquele molho vermelha com calabresa.
Rimos juntos.
- Pois é esse mesmo que vou fazer.
Enquanto preparo, sirvo uma taça de vinho para ele e uma para mim.
Marc começa a me contar como foi sua chegada até o DRA, enquanto olha o meu mural de fotos.
Não consigo digerir aquela situação muito bem. Engulo uma taça de vez e já reponho a taça.
Ter Marc ao meu lado me enche de alegria, mas o passado me dói muito e isso despertou um velho vício em mim: a bebida.
Enquanto relembro o passado e converso com Marc, não paro de beber. Ele não está virado para a cozinha, então não percebe que aquela conversa está me afetando.
Perceber que Marc veio para Portugal friamente, sem pensar em mim, me enche de dor.
No meio das fotos, Marc encontra uma nossa.
Eu não lembrava de tê-la colocado lá, e nunca imaginei que essa situação aconteceria. Tomo mais uma taça de vez quando percebo que ele encontrou essa foto.
Ele se vira pra mim e fala:
- Somos nós.
Chego perto dele e olho para a foto. Não contenho as lágrimas, me sinto muito mal em fazê-lo relembrar o passado.
Falo com tom triste.
- Me perdoa, Marc. Eu não queria te fazer lembrar do passado. Eu não imaginei que isso acont...
Marc me interrompe num tom doce:
- Tá tudo bem, Bel.
E me beija.
Nos afastamos e olhamos nos olhos um do outro. Sem pensar suas vezes, nos beijamos de novo.
Ele deixa a taça de lado e me empurra na parede. Nossos beijos esquentam e eu o empurro no sofá, sento em cima dele e continuamos a nos beijar.
Marc me pega no colo e me empurra contra a parede novamente.
Por um momento ele para de me beijar e fala com tom ofegante:
- Droga de destino.
Dou uma risada e voltamos a nos beijar.
Rodamos pelo mini corredor até cair na cama de casal do único quarto do meu apartamento.
Eu não estava bêbada, eu sabia o que estava fazendo. Eu queria me entregar para o Marc, era tudo que eu mais queria!
Depois dele não consegui me relacionar com mais ninguém. Nunca o esqueci.
Naquele momento, revivemos nossos desejos e fetiches.
Estávamos nus, enrolados no edredom, abraçados e conversando sobre as músicas que estávamos gostando naquele momento. Rimos muito dos gostos peculiares. Mas em nenhum momento tocamos no assunto que mais nos doia.
Marc sorri enquanto me olha e diz.
- Vou ao banheiro, tá?
Dou um selinho sorrindo nele e digo:
- Tá bem!
Enquanto ele sai, percebo que seu celular não para de acender.
Sempre olhei o celular do Marc quando namorávamos, então não vi problema em ver qual era a notificação.
Pra minha surpresa, era de outra mulher.
"Amor: Marczinho, você vem que horas?"
"Amor: Marc??? Ficou até mais tarde hoje???"
"Amor: como você sai sem dar satisfação a sua noiva?"
Noiva? Então eles já noivaram? Me pergunto que Marc é esse que tem uma noiva e transa com a ex. Eu fico super frustrada pelo que fiz. Coloco meu mini roupão de cetim e vou para a sala.
Marc sai do banheiro e me procura.
- Bel?
Ele me encontra furiosa na sala, com seu celular na mão.
- Bel eu...
Não penso duas vezes.
- Que Marc é esse que tem uma noiva e transa com a ex? Tá de brincadeira?
Marc sente a dor.
- Bel, não é isso que você tá pens...
Não consigo mais olhar para ele do mesmo jeito.
- Vai embora, Marc.
Ele insiste.
- Por favor, me deixa explicar. Eu não...
Interrompo alterando a voz.
- VAI EMBORA, MARC.
Ele entende. Junta as coisas e vai enquanto fico imóvel esperando ele bater a porta.
Quando ouço a porta batendo, desabo em choro e dor.
Eu não esperava que Marc, que esteve a meu lado por tanto tempo, fosse esse cara. Que dor.
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Meu doce passado
Roman d'amour4 anos após terminar um relacionamento de 6 anos, Bel se reconstrói e realiza um de seus grandes sonhos: Conseguir estágio no exterior. Sozinha e em um país desconhecido, Bel acaba reencontrando seu ex em seu ambiente de trabalho e se entrega a seu...