EPÍLOGO

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Grus

Éramos como Daphne e Simon.

Opostos totalmente complementares, em cada mínimo detalhe em nossa vida.

Henry era tudo o que eu não era, e nunca poderia ser. Desde o dia em que o conheci, eu soube disso. Tive certeza que eu nunca seria como aquele garoto sorridente e cheio de alegria. E, por muito tempo, eu me dividi entre adorar e invejar Henry. Eu o adorava, porque era impossível não adorar. E o invejava, simplesmente por ele ter tudo o que um dia eu quis.

Aquela doçura natural que fazia qualquer um gostar dele, aquela aura gentil e amorosa, aquele senso de certo e errado, e uma família com pessoas que o amam e se importam.

Henry tinha tudo. Absolutamente tudo.

Ao mesmo tempo, eu não tinha nada. E por muito tempo, eu achei que a solução era apenas fingir que tudo estava bem. Fingir que a faculdade era a única coisa que importava. É claro que, conforme o tempo ia passando, o completo vazio da minha vida foi preenchido por ele.

Era impossível ficar triste perto dele. De sua positividade, de seu sorriso, e de seu olhar doce.

Henry sempre foi muito precioso. E essa era uma das razões para que eu o protegesse com todas as minhas forças. Ele era tudo o que eu tinha. A única pessoa que se importava comigo, a única pessoa a acreditar em mim, e estar do meu lado. A simples perspectiva de algum dia não tê-lo ali simplesmente me apavorava. É claro que, além disso, também havia o fato de que eu o achava realmente alguém incrível, e não queria que nada acontecesse com ele. Que nada apagasse sua alegria, que nada fizesse seu sorriso desaparecer.

Lembrava de como ele não teve receio em ocupar a cama ao lado da minha, diferente dos outros meninos do dormitório que fizeram questão de escolher as que ficassem longe.

Lembrava de seu sorriso simpático, e de como ele me fez sentir menos nervoso. Foi... incrível. Viver ao lado de Henry sempre foi incrível.

Então, quando me descobri apaixonado por ele, no meio da época mais turbulenta e horrível de nossas vidas... Foi muito confuso e intenso. Porque se, de alguma maneira, nós ficássemos juntos... Isso significaria que eu realmente merecia meu 'felizes para sempre'. Embora a vida sempre demonstrasse adversidades, e nem sempre as coisas fossem fáceis e felizes... Ficar com ele significava ter meu felizes para sempre. Significava que eu teria alguém ao meu lado para me apoiar, para passar pelas dificuldades comigo, significava muitas risadas, lágrimas, alegria e amor. E foi quando eu percebi que estava apaixonado por ele, que também me senti humano pela primeira vez. Porque o amor era um sentimento lindo. E eu descobri que podia senti-lo.

Eu era digno.

Ergui os olhos, vendo a grama verde ser iluminada pelos raios de sol brilhando no horizonte, trazendo aquela sensação de paz tão intensa e avassaladora. Eu sempre gostei de olhar para o céu em dias de sol.

Com os olhos semicerrados, tentando encarar o sol, e por sua luz ser tão intensa e forte, eu não conseguia ver muita coisa. Só uma luz confusa.

Isso sempre me fez pensar em Henry, e por isso que na maioria das férias escolares, quando ficávamos separados, eu deitava no jardim da mansão Rojas e olhava para o sol.

Era lindo.

Como ele.

Como aquela chama quente que me enchia o coração quando o olhava.

Quando admirava seus cabelos bagunçados, os olhos intensos, e o sorriso radiante.

Era quente.

Runaway - Guh e HeloiWhere stories live. Discover now