Com amor, Dominik - 4° da Série MBCD (Completo)

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— Meu coração bate forte. E, por motivos que ainda não entendi bem, sinto vontade de sorrir pra ele.
The Temporary Roomie - Sarah Adams

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Uma semana se passou e sento na poltrona macia do meu estúdio, feliz por ter recebido tantos presentes.

Eu nem sempre gostei de ficar na frente das câmeras. Durante minha adolescência – que não faz muito tempo – eu reclamava bastante do meu corpo.

Por fim, entendi que antes de tentar perder peso e fazer uma dieta rígida, eu precisava me amar primeiro.

Chegou em um momento que cuidar da minha alimentação não era mais para emagrecer, apenas por questão de saúde.

E fiquei ainda mais feliz quando percebi que minha força de vontade inspirava várias outras garotas. Me tornei um exemplo e chamei atenção.

Tanta atenção, que hoje sou modelo e uma blogueira de sucesso.

Minha mesa está lotada de caixas e sacolas dos recebidos. Começo a colocar tudo na gaveta.

Enquanto faço isso, meu celular começa a tocar sem parar. Milhares de notificações chegam e ele fica fazendo um barulho super irritante.

Quando pego para verificar, a porta do meu estúdio de gravação é aberta e minha irmã está me olhando numa mistura de raiva e alegria.

— Você beijou o Dominik?! — Ela declara, sem saber se deve sorrir ou reclamar por eu não ter contado.

Abro minha boca para afirmar, mas então a ficha caí. Como raios ela soube disso?!

— Quem te contou, Evelyn? — Dou um passo a frente. O barulho do celular não para por um segundo se quer.

— Está em todo lugar! A notícia acabou de sair e tem mais duzentas mil curtidas. Já criaram fã clubes e logo vão ligar para marcar uma entrevista com vocês dois. — Ela simplesmente joga a bomba.

Eu travo, tentando me lembrar como é que se respira. As notificações me torturam e impedem a concentração.

Finalmente, olho para meu celular e vejo todos fazendo a mesma pergunta.

"Você está namorando com o Dominik? Ele era o seu namorado esse tempo todo?"

Me jogo na poltrona, percebendo a confusão que aconteceu. Não tem a mínima condição de tentar responder nada agora, então pego o celular da minha irmã e abro a foto que todo mundo já viu.

Um gosto amargo toma a minha boca e sinto uma tontura repentina. Esse deve ser o preço da mentira, com certeza.

A minha foto beijando o Dominik no jardim da mansão está em todos os sites de fofoca e foi parar no top trend no Twitter.

— Evelyn... quem fez isso? — Eu pergunto, sem conseguir tirar os olhos da tela.

— Quem beijou o Dominik ou quem tirou a foto? Porque no vídeo dá pra ver claramente que você beijou ele primeiro. E quanto a foto, impossível saber nesse momento. — Minha irmã fala sem pensar.

Tem até vídeo?! E eu achando que não havia mais uma forma de ficar pior.

— Tem um probleminha... — Evelyn diz. Olho raivosa pra ela. Apenas um?

— Pior do que esse? Eu duvido. — Afirmei.

— Na verdade, tem a ver com esse. Lembra que o Dominik namorou com aquela menina por pouco tempo? — Toca no assunto. As peças encaixando. — Então, estão querendo saber como ele era seu namorado desde o casamento do Benjamin, se ainda estava com a Beatrice naquela época.

Pisco exatamente cinco vezes sem saber o que falar. Tudo ficando pior a cada momento.

Lá se foi anos de carreira destruídos por uma mentira minha.

Coloco as mãos no rosto e começo a chorar. Tudo isso foi minha culpa.

— Ah não, irmãzinha. Não chora... — Evelyn me abraça. — Foi a única forma que você achou pra se defender. Esses haters não merecem seu choro. — Sabe o que estou pensando na mesma hora.

Isso me faz chorar mais, pois no fundo eu sei que a culpa é toda minha e estou apenas sendo consolada injustamente.

— Se eu tivesse ficado calada, como sempre faço, ia ser apenas mais uma notícia boba. Não um escândalo envolvendo traição e mentira. — Confessei aos soluços.

Minha irmã me aperta ainda mais, dando carinho no meu cabelo e não me deixando desmoronar por completo.

— Realmente não, mas agora a única forma de resolver tudo é pensando numa solução. Sempre existe uma. — Me lembra da sua famosa frase.

— E as vezes, a solução é abandonar o barco. Será que eu posso abandonar minha fama e viver numa casa nas montanhas então? — Questiono, dando um sorriso triste.

— Não, você não pode. A única coisa que deve fazer nesse momento é abaixar esse volume insuportável do celular e ir assistir alguma coisa divertida. — Me aconselha. — Pode deixar que explico tudo para nossas amigas, antes que elas apareçam aqui com armas apontadas para nós.

— Obrigada, Lyn. De verdade. Desculpa não ter te contado sobre o beijo. — Sinto meu rosto queimar ao lembrar, mas finjo normalidade.

— Vou querer detalhes de tudo, irmãzinha. Encontrar alguém que já beijou aquele baixista é como uma raça extinta. — Ela brinca, me fazendo rir.

— Eu não o ameacei, se é isso que está pensando. — Digo, vagamente.

— Ah, não se preocupe. No vídeo deu pra ver muito bem que a única coisa ameaçada era a sua pureza. — Evelyn falou, me fazendo arregalar os olhos. Joguei uma almofada felpuda dela.

— Você é podre, Lyn! Totalmente podre! — Gritei. Vendo-a ir embora rindo de mim.

Fiz o que havia dito. Abaixei o volume do celular e ignorei todas aquelas mensagens de alegria e ameças.

Voltei para meu quarto e deitei na cama, sem acreditar que quando eu enfim consegui começar algo com alguém, o mundo inteiro descobriu.

Assim que respiro fundo, algo atinge meu pensamento.

Começo a me lembrar de todas as pessoas que estavam naquela festa. A visão do vídeo e as fotos deixam bem claro que foi de dentro da casa.

Não quero acreditar no que minha mente diz, então tento imaginar todos os cenários possíveis pra essa situação.

Provando mais uma vez a ligação que tenho com minha irmã, ela entra no quarto com uma careta indecifrável.

— Zoe, foi alguém da MBCD que tirou a foto ou é impressão minha? — Pergunta o que eu acabei de perceber.

— Eu espero muito que seja apenas impressão sua. Muito mesmo. — Lamento, continuando a pensar em outras opções melhores do que acusar alguém.

Entretanto, a lógica não bate.

A foto foi de dentro da casa, isso é óbvio. E as únicas pessoas que estavam ali eram nossos amigos mais próximos.

— Não se preocupe, Z. Vamos resolver isso. Fique o mais tranquila possível. — Evelyn me diz, parecendo preocupada.

É quando percebo que minhas mãos estão tremendo de tanto nervosismo.

E ainda são dez da manhã.

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