Sabe, eu tinha um roteiro para segui nessa incomum quarta-feira. Até aquele post it roubar toda e qualquer concentração que eu tinha.
Posso dizer que o mesmo, fora capaz de distrair minha mente da saudade dilacerante de casa. Mesmo que minha mente está a mil, como eu não fui capaz de se querer reparar quem o havia escrito?
Minha mãe sempre disse que eu sou desligada de mais. Uma vez ela disse que se alguém quisesse me roubar, o ladrão seria capaz de agradecer por eu ser tão aérea e tornar o trabalho dele tão fácil.
Sinceramente, eu achei que era só exagero dela. Mas, hoje essa teoria dela fez sentido. Quem me escreveu o bilhete já tinha reparado em mim antes, mas eu nunca antes tinha sequer olhado para ver me entregava meus pedidos. Não que eu fosse uma sem educação que não agradece as pessoas que me servia, eu agradecia, só tentava evitar contato. Eu não sei muito bem como socializar casualmente com pessoas desconhecidas. Então, para evitar aquele eterno constrangimento de soltar para a garçonete em resposta de uma "boa refeição", acabar soltando uma resposta sem noção como "Você também". Para evitar isso, eu evito contato visual e me mantenho no meu casulo seguro e impenetrável.
Mas, eu estava errada sobre isso não é mesmo? Nem sempre, o que julgamos impenetrável realmente é inalcançável.
Quando cheguei na sala do professor Charles, responsável por passar o trabalho, tratei de jogar para escanteio meus pensamentos conflitantes e fui resolver algo que estava realmente ao meu alcance. Ao chegar na sala, bati na porta para chamar a atenção do professor; com uma cara nada convidativa ele acenou com a mão que estava sobre a mesa indicando que eu podia entrar. Pelas suas expressões, era notório que ele não estava em um bom dia. Mas, eu não iria correr como uma garotinha assustada. Entrei na sala e parei em frente a sua mesa e comecei a falar:
– Boa tarde professor, queria tirar uma dúvida sobre o trabalho de fontes históricas não registradas. – Apenas com um resmungo, que eu entendi como um sinal para prosseguir, continue – Minha dupla até hoje não frequentou nenhuma aula, e eu queria saber se o senhor poderia a contatar ou deixar que eu faça de um jeito diferente esse trabalho.
Levantando os óculos que escorriam pelo seu nariz e os colocando em seu lugar, o professor ergueu sua sobrancelha, e com um olhar duro e sua voz carregada de arrogância, disse:
– Vocês são uns descabidos, entram pelas nossas fronteiras e acham que tem algum poder aqui! Vem com essas suas vontades e esperam que nós as realizem. Mas, vou lhe dizer uma coisa senhorita, um conselho de amigo, – Abrindo um sorriso sarcástico, continuou. – Eu sou o professor, se eu disse que vai ser de um jeito é isso que eu espero que aconteça. Ou, se não, é melhor pegar um avião e seguir direto para seu paizinho miscigenado, com os da sua laia.
E ali, diante daquele sorriso sínico e preconceituoso, senti tudo vindo como um turbilhão. A saudade, o medo, a incerteza, a ansiedade, o pânico, a mudança, a solidão. Tudo que eu estava empurrando para goela abaixo, tudo que eu tentei varrer para debaixo do tapete da minha alma veio de uma vez como um furacão tão grande quanto o que varre o Kansas e leva Dorothy para Oz. A diferença é que a minha Oz naquele momento era o desfiladeiro chamado crise de ansiedade e pânico.
Eu não sei como, mas já estava correndo pelo campus, respirar, apenas respirar, era de oxigênio que eu precisava. Por que era tão difícil? Por que hoje? Por que comigo? Por que meu pulmão desistiu de mim? Correr, era o que eu fazia, eu não pedi por isso. O que de tão de errado tem eu estar aqui? A culpa é minha?
Eu corri até que meus joelhos desistiram de mim e eu quebrei. De joelhos perto de uma árvore na qual usei de apoio e ali eu lutei. Lutei sim, minha maior batalha, eu lutei comigo mesma, eu estava só, lutando contra meu próprio corpo e mente. Com eu pude perder tanto o controle das minhas ações? Esse não foi de longe o pior insulto ou descriminação que eu já recebi na vida. Já houveram outros piores em relação a minha cor de pelo ou meu peso. Mas, eu não estava só. Não nas vezes anteriores, mas aqui e agora eu estava. Deus, porque quando eu estou tão só?
Ali, eu sentia que perderia a batalha a qualquer momento, que a inconsciência junto com a escuridão me venceria nessa luta que eu nem ao menos pedi para lutar. Mas ,isso começou a ser deixado de lado quando senti mãos quentes e cuidadosas tocarem meu rosto e uma voz mansa e distante falar comigo e me puxar de volta e para bem longe das sombras que me ameaçavam me tomar ali.
Ooi ooi pessoas, tudo bem?
Que climão hein!! Ansiosos para o que está por vir?
Espero que estejam gostando da História.
Tem alguns errinhos que estou correndo atrás para concertar, no mas é isso!
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Bjinhoooos da Tia Marta!!
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Alerta de mudança
Ficção GeralTropofobia - medo de mudar ou fazer mudanças. [28]- listas de medos Wikipédia. Quem nunca ficou com receio de fazer mudanças? Fosse mudar o cabelo, ou de escola, ou até mesmo de casa. Isso, porque começar geralmente é difícil e requer embarcar no d...