L'Amore fa schifo (15/10/2018)

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— Eu acho que já desisti dessa merda toda — falei tomando o cigarro de seus dedos, apagando-o na calçada em que estávamos sentados. “Cigarro mata”, foi como eu fui ensinada apesar de uma família predominantemente fumante, eu não me importava que eles morressem, mas com você eu não podia superar nem uma mísera tosse.

— Não tem porque desistir, você vai encontrar alguém…

— Isso soa tão clichê.

— Nós somos um clichê. O mundo é clichê.

— Romantismo barato é clichê, eu não curto isso.

— Você vive desse romantismo barato.

— Isso não quer dizer que eu curta.

Mais uns segundos de silêncio e você acendeu mais um cigarro já que eu havia apagado o seu anterior, era pura provocação do ser miserável que você era.

— Amor é uma merda… — murmurou.

— Você também é.

— E você o mesmo.

— O mundo é uma merda…

— Deve ser por isso que estamos aqui.

— Dois merdas num mundo de merda sofrendo por uma merda de amor — falei a frase forçada, porque nada daquilo fazia sentido, éramos só mais duas pessoas solitárias sem um pingo de esperança em nada daquilo.

— Nós somos tão fodidos que devíamos casar…

— Não vale a pena — respondi.

— Nada vale a pena — retrucou, mas na verdade não tinha o menor interesse naquilo, como sobre tudo no mundo.

— Nós somos só dois corações partidos que não se encaixam.

— Você disse que não gostava de clichês.

— E eu não gosto de romantismo barato, e cá estou eu...

Casualità fumosaOnde histórias criam vida. Descubra agora