— Você tá fazendo de novo, não tá?
— O quê? Abanando o rabinho pra ele?
— Também — deu de ombros, me estendendo o cigarro que eu normalmente roubaria dele para apagá-lo, o que não fiz dessa vez, queria ser menos previsível em pelo menos alguma coisa. — Que bom, essa merda é cara.
— Você acha que dessa vez é mentira?
— Eu sei lá, ele nunca decide o que quer.
— E o que eu faço dessa vez?
— Não pergunte isso para alguém que faz o mesmo que você — ele riu com ar de tristeza.
— E qual é a outra coisa que eu tô fazendo além de abanar o rabinho?
— Mendigando atenção, não só dele, e você sabe que faz isso — então ele virou o rosto para olhar-me diretamente, fazendo com que meu coração gelasse esperando pela facada cruel que provavelmente me daria. — Você acha mesmo que vale tão pouco?
— Não...
— Então por que faz?
— Porque sem ter essa atenção eu esqueço que tenho algum valor — respondi, ferida internamente pela facada impiedosa de sempre, roubando seu cigarro para tragá-lo, "pelo menos é de cereja" foi o que eu pensei com aquela unidade quase insignificante de veneno adentrando meu corpo enquanto ele, pela primeira vez, ficava quieto.
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Casualità fumosa
AcakDiálogos desconexos entre dois desiludidos anônimos. [publicada no Spirit Fanfics por @nappeunkwon]