Capítulo 2 - Verão de 1989

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The Scientist - Coldplay


Verão de 1989

Algum momento da noite.


Harry e eu não tínhamos contato depois do verão.

Meus pais não gostavam de telefones ou celulares – meu pai tinha uma teoria louca da conspiração sobre as novas tecnologias roubarem nossas informações mentais e minha mãe só aceitava isso para eles não discutirem –, podíamos nos comunicar com Walkie talkies, mas nós morávamos muito longe um do outro. De cantos opostos do país.

O jeito seria por cartas, mas elas demoravam muito para chegar e eu era – e ainda sou – muito ansioso. Tentamos uma vez, mas não deu nada certo porque nenhum de nós sabia como escrever direito e a letra de Harry Potter era a mais feia e difícil de entender do planeta.

Mas mesmo sem nos falarmos no dia-a-dia, eu sabia que ele iria passar o verão comigo. Eu tinha certeza daquilo e esperei ele chegar. Fiquei sentado na orla da praia, como da última vez, esperando o barco de passeio do tio Sirius aparecer no horizonte.

— Draco, meu bem – Minha mãe me chamou, me cobrindo com um casaco e se sentando do meu lado, na areia. Estava de noite, o farol que ficava na ilha vizinha estava aceso e a neblina estava bem densa. Eu continuava encarando o mar, abraçando meus joelhos — Está frio aqui fora. Devia entrar.

— Estou esperando tio Sirius e Remus.

Ela sorriu daquele jeito muito mãe.

— Você está esperando o Harry.

Eu me encolhi mais.

— Isso também.

— Eles vêm mais tarde, tiveram um problema com o motor do barco – Ela me assegurou, passando um dos braços pelo meu ombro e me dando um abraço lateral aconchegante — Passou um mês inteirinho esperando por isso, hm? Remus me disse que Harry está com a mala pronta a uma semana e não para de falar sobre você.

Eu não sabia como minha mãe tinha falado com eles, já que não tínhamos celulares, mas minha mente infantil não encarou aquilo como algo importante no momento.

— Sério? – Eu virei para ela e minha mãe sorriu, afirmando com a cabeça.

— Seu pai está com o tio Snape preparando o jantar – Eu fiz uma careta e ela riu. Meu pai era péssimo cozinhando e meu padrinho conseguia ser muito pior, quando eles se juntavam para cozinhar tudo virava uma coisa estranha e sem sentido — Que tal irmos lá e roubarmos uns biscoitinhos de chocolate que Dobby fez para nós?

— Podemos pegar leite quente também?

— Só se você chegar primeiro – Ela me olhou desafiadora e eu levantei tropeçando do chão para vencer a corrida. Eu sabia que ela muito mais rápida que eu, mas ela sempre me deixava ganhar, diminuindo o passo ou fingindo que eu era o menininho de nove anos mais rápido do planeta.

Comemos biscoitos e bebemos leite enquanto ela lia uma história sobre um rei que tinha três lindas filhas e não-lembro-mais-o-que na sala.

Harry não tinha aparecido ainda, então minha mente infantil se convenceu que meu amigo de verão tinha desistido de mim. Eu subi para o meu quarto depois de negar fielmente a gororoba esquisita que meu pai e padrinho tinham preparado.

Meu quarto era grande e bem espaçoso para poder caber todos os meus incontáveis brinquedos. Minha cama tinha um formato de um foguete azul e vermelho e ficava de frente para uma janela bem grandinha que tinha vista para o mar. Me enfiei debaixo das minhas cobertas quentinhas, sem conseguir dormir muito bem por causa do farol, que vez ou outra refletia a luz na minha janela.

Amor de VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora