The World of Tedia

5 - A volta amarga

Me peguei confuso com os últimos acontecimentos, porém curioso, os livros sagrados de Bhalzog e a estranheza do viajante misterioso me deixaram pensante sobre o meu passado, quando Andrew retornasse, seria a primeira coisa que perguntaria a ele. Andrew que por sua vez estava mais próximo de seu retorno, após todo o alvoroço da feira a vila se acalmou e voltou a sua vida rotineira, dois dias se passaram como um piscar de olhos enquanto eu havia treinado duramente para conseguir atingir meu objetivo, virar um guerreiro da nação assim como meu irmão. Immith também havia voltado para sua casa para cuidar de Benn e fazer comida para se alimentarem.

Sabia que aquele dia seria o retorno deles a vila. Assim como o restante dos moradores, depois de ter acordado, me vestido e comido, saí para as ruas de terra da vila e era visível que todos se preparavam para ir até a entrada da vila receber seu lorde e os outros, esperando os portões serem abertos. Por mais que vila madeira fosse de fato, apenas uma vila, nós tínhamos uma grande importância para a geografia de nossa província, a Pedra Prateada. A rota mais fácil de percorrer para chegar á grande estrada que leva a cidadela da família real é passar por nossa vila, assim como os viajantes haviam feito a duas noites atrás. Por este motivo, o velho sábio, escolhido pelos Greycastle há mais de 50 anos atrás para fundar os guardas da vila regidos por ele e pelo lorde regente também haviam construído portões na entrada principal para que não houvessem pessoas de má intenção passando pela vila para chegar até Bhalzog pelo sul.

Já havia um grande aglomerado de pessoas reunidas esperando pela chegada do pelotão de meu irmão, o sol raiava assim como em todas as tardes do dia, moradores da vila foram se acomodando em frente aos portões principais deixando uma passagem no meio para os cavalos passarem, olhei de longe, sem querer chegar tão perto para não ficar preso na multidão. Pensei em chamar Immith para se juntar a mim, afinal esperava que ela fosse querer ver a chegada do pai, porém ao virar meu corpo em direção a casa dela e começar a dar os primeiros passos um dos guardas que estavam vigiando os portões gritou ''Abram os portões!''.

Todos já começavam a gritar ''Viva Andrew Barrister, o valente''. Após o final do rangido que os grandes portões de madeira fizeram ao serem abertos, o alvoroço foi se aquietando aos poucos, senti meu corpo suar frio ao me aproximar da entrada e mal conseguia engolir minha saliva. Previa o pior, o ar ficou mais pesado, o vento soprava mais forte que o normal e sabia que algo estava errado assim que todos ficaram em silêncio por alguns segundos.

Me aproximei da multidão o suficiente para conseguir vê-los entrando, os pés se arrastavam lentamente, os corpos cansados e os olhares fundos e abatidos como se caminhassem sem rumo. Era claro que a missão havia falhado, dos seis homens que foram selecionados por meu irmão apenas três voltaram, Martin pedregulho, um dos que conseguiu voltar, perdeu sua mão direita e quase não conseguia andar de tantos ferimentos, havia parado o sangue com o pano de sua veste para não morrer de hemorragia. Al o grande foi outro que voltou, o único que ainda tinha força para fazer algo, andava guiando o único cavalo pela corda enquanto em cima do mesmo estava o terceiro e último sobrevivente Andrew, que estava tão ferido que não podia nem andar e teve que ser levado a cavalo.

A tristeza foi tomando conta enquanto eles passavam entre o corredor de moradores que havia na entrada da vila, suspiros bruscos eram frequentes representando o espanto da multidão, não consegui ter reação ao ver meu irmão, para mim o homem mais forte que já conheci ser derrotado daquela forma era amedrontador. Fui empurrando um bocado de pessoas que estavam na minha frente para poder ir de encontro ao meu irmão, dizia alto ''Andrew!!'' assustado com seu estado, mal se mexia em cima do cavalo.

Guardas que estavam protegendo o corredor me pararam assim que tentei entrar, ousado e irritado os ordenei que me soltassem.

- O que estão fazendo!? Me larguem agora! Sou o irmão do lorde.