Capítulo III

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_ Ainda não posso acreditar, o Naruto disse mesmo isso a você? – Ino Shimura, uma bela loura inglesa me perguntou pela terceira vez naquela tarde.

_ Sou eu que não consigo acreditar, em todo caso ficarei quieta e não tocarei novamente no assunto, veremos se ele estava mesmo falando sério. – Coloquei a xícara no pires e peguei um dos biscoitos amanteigados na bandeja, eram deliciosos.

Todas as quartas e sextas eu atravessava o quarteirão para tomar chá com a minha melhor amiga. Depois que Ino se casou e veio morar ainda mais perto da minha residência, nossas tardes de conversas ficaram ainda melhores.

_ Sakura... Não está preocupada? Sabe que ele pode realmente obrigá-la a se casar. – Dei de ombros, um gesto rude para uma dama, mas não entre nós duas. _ Se eu fosse você começaria a olhar duas vezes para alguns cavalheiros aceitáveis a volta, não é inconveniente estar preparada, em todo caso.

_ A única maneira de Naruto conseguir com que eu me case até o final da temporada será me arrastando até o altar com uma corda, pode imaginar a cena? Chocaria toda a cidade certamente. 

Ino suspirou e também largou sua xícara, os olhos azuis da minha amiga me encararam com seriedade.

_ É tão horrível assim a ideia de se casar? Sei que já discutimos isso centenas de vezes, mas eu ainda não entendo.

_ Claro que não poderia entender, Ino, você se casou por amor. Seu marido a trata como se fosse a própria rainha e logo também será mãe, conseguiu a vida perfeita que almejava. Mas e se tivesse se casado com o noivo que seus pais queriam? Pode imaginar como tudo seria diferente? Não desejo um matrimônio conveniente ou desprovido de afeto. 

Era parte da verdade.

Porque dentro de mim a culpa pesava, minha amiga e confidente não sabia meu maior segredo, e eu nem se quer poderia explicar por qual razão o escondia.

Ino e eu éramos absurdamente diferentes, ela sempre foi uma beldade apreciada e desejada aonde quer que fosse, filha de um visconde tinha todos os privilégios que poderia ambicionar, menos a liberdade em escolher seu próprio marido.

Os pais dela haviam firmado um noivado com o filho de outro nobre quando a mesma ainda era uma criança, nunca soube ao certo porque tal acordo existiu e ela tão pouco, ainda assim, o coração da minha amiga foi capturado quase que imediatamente a dois anos atrás por Sai Shimura, um bonito, rico e charmoso jornalista, editor para ser mais exata, dono de um império e dos principais jornais que corriam por Londres, dos sérios aos de fofoca. Um jovem que conseguiu tudo que tinha do zero, sem família ou conexões...Longe de ser um aristocrata.

Como se deve imaginar, era inconcebível que a filha de um visconde se casasse com um homem tão abaixo de seu "nível", a história dos dois daria um belo e doce romance, eu mesma havia ajudado por vezes o casal em seus encontros clandestinos e na realidade não era uma modelo de civilidade... 

Os pais de Ino eram absurdamente preocupados com a felicidade da única filha, embora, ao me ver, eles acabaram aceitando o casamento dos dois para poupar a todos de um escândalo ainda pior caso a relação "tórrida" do casal viesse a ser descoberta pelo suposto noivo da loira.

Ino abraçou o amor ao invés de dar ouvidos as repreensões da sociedade na escolha do seu par. Quando os dois se casaram, Sai fez questão de comprar uma mansão em Mayfair e fazer com que todos os nobres da região lidassem com a presença deles ali de uma forma ou de outra.

 Tanto eu quanto minha família blindamos os Shimura em apoio nas diversas ocasiões difíceis que se seguiram, hoje, não eram completamente aceitos, mas viviam felizes e isso era tudo que importava.

Madame KOnde histórias criam vida. Descubra agora