Madame K

Capítulo XXXV

PVPP...

Abracei minhas pernas trêmulas com mais força, ouvindo a agitação do outro lado da porta. Tentava conter a náusea e o choque, mas as lágrimas teimavam em rolar. Se Idate realmente estava morto, entendia que nada do que eu fizesse naquele momento poderia mudar essa terrível realidade.

A porta foi aberta abruptamente, e um homem entrou, lançando uma mulher com rudeza antes de sair e trancar novamente. Reconheci imediatamente a figura feminina, e uma mistura de temor e alívio me atingiu ao mesmo tempo.

_ Titia... - Minha voz saiu como um sussurro, finalmente conseguindo reunir forças para me erguer do canto da parede.

_ Sakura? Ah, minha nossa! - Tia Tsunade se aproximou rapidamente, envolvendo-me em um abraço forte.

A sensação do abraço familiar foi reconfortante, mas logo me afastei para examinar o estado dela. Ainda vestia roupas de viagem, e seu cabelo parecia ligeiramente desgrenhado. Uma mancha roxa marcava o lado direito de seu rosto.

_ Tia, como a senhora chegou aqui? Está bem? - Perguntei, apreensiva com o machucado em sua bochecha.

Ela suspirou antes de responder, seus olhos mostrando cansaço e aflição.

_ Não se preocupe comigo agora querida, quero saber de você, está machucada? Fizeram alguma coisa com você? - Neguei com a cabeça e ela segurou meu rosto em suas mãos analisando-me com cuidado e limpando as lágrimas. _ Fui pega pelos capangas de Sasori Akasuna quando estava chegando à cidade para o seu recital. Ele estava atrás de informações, queria saber sobre seus gostos pessoais, os livros que lê, o que come. Tentei não contar nada aquele homem... Por que ele está fazendo isso conosco?

_ Já faz um tempo que ele começou a se comportar de maneira preocupante, está preso nessa fantasia de que me ama e que devemos ficar juntos... É tudo culpa minha, se eu o tivesse ignorado durante a temporada social nada disse estaria acontecendo. Ele a sequestrou para me controlar... Perdoe-me por colocá-la nessa situação.

_ O quê? Sakura, que disparate é esse? Nada disso é culpa sua! Está me ouvindo? O senhor Akasuna é o responsável por suas ações, não você. - Tia Tsunade falou com firmeza, segurando meus ombros e balançando-me suavemente, olhando nos meus olhos. _ Agora me diga, como chegou aqui? E o duque?

Compartilhei brevemente tudo que sabia, com exceção da parte em que Sasuke era um ex-agente da coroa e a morte de Idate. Não poderia abalá-la ainda mais naquele momento.

_ A senhora pode notar qualquer coisa que indique onde estão nos mantendo?

_ Com toda certeza é um local subterrâneo, pode ser em um esgoto próximo a um dos portos principais, tive um vislumbre disso lá encima e esse quarto parece ter sido um antigo depósito. - Ela explicou, analisando as condições do ambiente.

_ Agora que estamos juntas, precisamos pensar em um plano de fuga... - Com a condessa ao meu lado, por fim estava voltando a raciocinar com clareza.

_ Sim, por um milagre consegui isso. - Tia Tsunade mexeu nas saias do seu vestido e surpreendentemente tirou uma faca dele. _ Aqui, pegue, eu roubei do capanga que me trouxe. Tive um amante há poucos anos atrás que foi batedor de carteiras quando jovem, ele me ensinou alguns truques.

_ Titia... - Balancei a cabeça em descrença, ela era a única pessoa no mundo capaz de me fazer achar graça de algo em uma situação como aquela. _ É melhor a senhora ficar com a faca, Sasori tentará machucá-la para me controlar se alguma coisa acontecer.

_Nem pensar, Sakura, por favor, pegue. Me sentirei melhor se puder se defender. - Ela empurrou a faca que era bem pequena em minhas mãos e eu não vi escolha a não ser escondê-la dentro do corpete do vestido, já que ainda usava o traje branco do recital sem bolsos. Não poderia fazer movimentos bruscos, ou me cortaria.