Capítulo XXII

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Os altos sinos da St. Clare soaram em um aviso que pode ser escutado por toda Mayfair naquela ocasião especial. Estávamos no final da primavera, que em breve seria sucedida pelo verão, tornando os dias mais longos e as noites mais curtas.

Apertei o buquê de rosas brancas que segurava nas mãos o mais forte que pude enquanto a carruagem corria para me transportar até a igreja.

Até então, não havia sentido qualquer tipo de nervosismo enquanto o dia transcorria, nem mesmo quando me vi diante do espelho no vestido de seda branco, tinha um decote baixo e cintura alta que estava tão na moda, as mangas eu havia preferido que fossem longas com alguns adornos até as luvas. A grinalda de laranjeira em cima do véu deveria simbolizar minha pureza e virtudes, algo assim.

Não, eu não estava nervosa por estar prestes a me casar, existia um outro sentimento mais urgente e confuso, que bagunçava meus sentidos e fazia meu coração palpitar.

Hinata era a única pessoa que me acompanhava na carruagem enquanto os outros já se encontravam a espera na igreja. Minha cunhada observava-me seriamente tentando decifrar minhas expressões cobertas pelo véu.

_ Tem certeza de que está bem? - Ela perguntou sentada logo a frente, senti sua mão apertar a minha em apoio.

_ Sim, só estou um pouco tensa. - Murmurei não soando convincente. A conversa com o duque no jardim dos Otsutsuki pesava, abrindo espaço para todas as inseguranças que não podiam transbordar.

_ Ainda tem medo? - Hinata perguntou relembrando as palavras de mais de um mês atrás. _ Presumi que você decidiu que valia a pena correr o risco e apostar seu coração quando continuou com o noivado.

_ Não é medo, não mais, é uma dúvida venenosa... No momento estou me dando conta de que é aterrorizante não saber os sentimentos do meu futuro marido.

_ Como é capaz de não saber? O duque de Susanoo não poderia ser mais explícito, do jeito dele, em sua paixão por você.

_ O quê?

_ Qualquer pessoa que se dê ao trabalho de observar vocês dois por um minuto tem a mesma opinião. Sakura, realmente não consegue enxergar o que todos nós vemos? Sentimentos não são expressados só através de palavras, mas também ações, gestos, olhares, algumas pessoas tem facilidade em revelar as emoções do coração, outras não. Suponho que o duque se encaixe no segundo grupo, então não perca a cabeça e deixe que ele tenha seu tempo.

_ Reconheço que tem toda razão. - Suspirei profundamente e afrouxei o aperto na base do buquê. _ Estou incomodada comigo mesma por insistir em tais pensamentos, até mesmo agora, quando sei bem no que estou me metendo e não posso me dar ao luxo de ficar preocupada em como o duque se sente, ou perderei a compostura por completo.

_ É perfeitamente normal estar insegura, sua vida nunca mais será a mesma depois de hoje e você está focando em coisas não resolvidas. - Hinata se interrompeu quando a carruagem parou e o badalar dos sinos ficou mais forte, ela afastou a cortina da janela e apertou minha mão mais vez. _ Decida agora, devemos descer?

_ Sim. - Respondi sem hesitação. _ Nunca passou pela minha cabeça voltar atrás.

Um Naruto sorridente abriu subitamente a porta da carruagem e cortou de vez qualquer outra palavra que minha cunhada e eu pudéssemos trocar.

_ Você está linda irmãzinha. - Disse ele ao me ajudar a descer da condução com cuidado.

_ Obrigada.

_ Irei na frente para anunciar sua chegada. - Hinata comunicou e também me ajudou a ajeitar o vestido antes de subir os degraus e entrar na igreja.

Meu irmão e eu fomos logo atrás, peguei o braço dele e tomei cuidado ao andar já que não enxergava perfeitamente com o véu.

Madame KOnde histórias criam vida. Descubra agora