Capítulo XXXIV

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PVPP

Quando minha consciência retornou, a escuridão deu lugar a uma luz suave de vela.

A princípio, minha visão estava turva, mas aos poucos pude discernir os contornos de um quarto estranho. As paredes eram de madeira suja, e brancas e rasgadas cortinas balançavam suavemente com a brisa que entrava pelo que parecia ser uma janela entreaberta.

Tentei mover-me, mas percebi que estava deitada em uma cama. Uma sensação de fraqueza e dor percorria meu corpo, como se tivesse passado por algo traumático. Olhei ao redor tentando identificar outros detalhes, mas tudo parecia distorcido, como se eu estivesse presa em um pesadelo. Estava sozinha no quarto.

As memórias começaram a voltar, o sequestro, a luta no jardim, a tontura causada pelo pano impregnado.

Sasori Akasuna.

Enfim, Sasuke estava certo, ele nunca teria nos deixado em paz.

Instintivamente, levei uma mão ao ventre, temendo pelo pior... Mas lá estava, a pequena saliência, a sensação de vida presente. Uma onda de alívio percorreu meu corpo. O bebê ainda estava ali. Estávamos bem.

Ao menos, fisicamente.

Sai da cama desesperada para verificar melhor o ambiente vazio em que me encontrava e logo fui até a porta. Madeira maciça, trancada, é claro. Já a janela, que, na verdade, não revelava nada do ambiente além da escuridão e o barulho constante de água, parecia dar para um local subterrâneo...

A realidade se desfez, e uma sensação avassaladora de terror tomou conta de mim. As pernas ficaram fracas, mal consegui me manter de pé. Cada batida do meu coração ressoou em meus ouvidos, criando uma cacofonia assustadora que pareceu dominar meus pensamentos.

O leve tremor se espalhou por toda minha pele, avaliando as opções, percebi que não tinha nenhuma. O cativeiro era obviamente bem elaborado, e eu estava completamente à mercê do Akasuna.

Precisava respirar, me acalmar e pensar com clareza.

Sasuke deveria estar revirando a cidade naquele momento, com sorte, a carta de Shion poderia ter sido encontrada pelos criados ou por ele. Então, saberia quem exatamente me sequestrou e o porquê, mas... Mas eu não tinha ideia de quanto tempo poderia ter se passado após o recital, poderia ser dia ou noite, se quer sabia se ainda estava em Londres e...

Minha mente começou a correr descontroladamente outra vez, pensamentos caóticos e irracionais invadiram minha consciência. Perguntas sem respostas. Senti um aperto no peito, como se algo estivesse comprimindo meu coração, e uma sensação de iminente desastre pairou no ar.

Não.

Necessitava permanecer calma, entrar em pânico só me faria enlouquecer.

Tinha que manter a clareza até... Até que o som alto de trancas se abrindo ressoou no ambiente.

Sasori entrou.

Ele sorriu ao me ver acordada, sua aparência... Parecia ter sido atropelado por uma manada de elefantes, alguém deu uma boa surra nele, mas quem?

_ Sakura, querida. – Sua vez excessivamente suave pôs uma careta em meu rosto, mas tratei de controlar minha expressão.

O ruivo estava desarmado, pelo que consegui conferir em suas roupas, no entanto, do lado de fora do quarto tudo seguia imerso na escuridão, mas o barulho de água ficava mais forte, assim como o odor fétido de esgoto que tomou conta do ambiente, deixando-me com náuseas.

Olhando atentamente para Sasori, se conseguisse achar alguma coisa para acertá-lo, poderia fugir? Sasuke disse certa vez que em situações desesperadas, qualquer coisa se transformaria em uma arma em potencial, mas a não ser pela cama, o quarto estava vazio, porém, tentaria quebrar um dos pés do móvel de madeira e poderia machucá-lo o suficiente para...

Madame KOnde histórias criam vida. Descubra agora