5- U Look Lonely.

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Marcos dirige em silêncio, o clima no céu é carregado por nuvens prateadas, que anunciam a chuva que nunca chega, Henry está atento, lendo minuciosamente a "Bíblia" de Ivan, o investigador sente como se o carro se levasse sozinho pelas ruas, seu olhar parece distante, dando lugar a arrependimentos amargos retornarem.

- Meninas briquem só mais um pouco, o almoço está quase pronto! Diz uma voz serena, carregada pelos anos vívidos, um homem um pouco alto, segurando uma cerveja em sua mão, usando uma camisa social de baixo de um sueter bege,sorri paras a meninas, Marcos se aproxima, e está vestido quase igual e esse homem.
- Escutem seu avô! Reforça o investigador.
Os dois olham as duas e sorriem, e um certo campo bem grande, os pais de Valentine são afortunados, uma casa longe do alcance da cidade, tomado somente por sol e pequenas plantações, o pai de Valentine se vira para Marcos.
- Esses tempos estão perdidos. Os raios gentis do sol banham os rostos deles, o vento ameniza todo o clima sombrio que o investigador havia passado, enquanto os pássaros,voam e cantam livremente.
- Como vai ser o futuro pra elas em ? Na minha época não havia tanta coisa como tem hoje, era tudo mais simples.
Marcos toma um gole de sua cerveja, e respira fundo.
Enquanto isso as panelas da cozinha fervem e gritam como trens de carvão, em sua totalidade, pela grande janela, as duas mulheres conseguem enxergar seus respectivos maridos, uma mulher doce, que sorri com o rosto marcado Diz delicadamente.
- Os dois até que estão se dando bem! Não se estranharam até agora. Ela ri.
- Não fala isso mãe, se não dá azar. Diz Valentine.
- Mas filha, mudando de assunto, como ele está? Porque eu e seu pai vimos na TV, toda essa coisa, o tiroteio, esses satanistas, deve mexer muito com ele. Valentine demonstra um pouco de frustração, porque ela sabe que isso afeta seu marido, mas os dois nunca tiveram a oportunidade de falar sobre, e não foi por falta de oportunidades.
- Eh, mas ele vem aguentando muito, mesmo depois de tudo que nós passamos, ele sempre continua aqui. Diz ela enquanto olha a figura de seu marido e suas filhas brincando, com uma admiração melancólica.
- Não sei filha, eu quero o seu bem, mas nessa profissão, faz com que as pessoas fiquem distantes. Valentine se toma por uma raiva momentânea e reponde rapidamente.
- Igual você e meu pai? Isso não vai acontecer comigo, disso pode ter certeza. O silêncio das duas é abafado pelo som da panela de pressão liberando ferozmente seu ar.
- Você tem que tomar cuidado e não deixar elas caírem nisso tudo. Finaliza o pai de Valentine, Marcos fica em silêncio por não ter gostado de todo o teor da conversa.
- Mas isso é coisa que tenho que me preocupar com o tempo certo, agora elas tem que ser oque elas realmente são, crianças felizes. Diz o investigador calmamente.
- Falando em tempo, como anda este caso? Dá pra perceber que isso vem afetando você, e eu não quero que você acabe magoando as meninas. Diz o sogro lentamente, Marcos e tomado pela insatisfação acumulada por anos e dispara.
- Você sempre adorou insinuar isso. O rosto do pai de Valentine se toma em surpresa.
- Insinuar oque?
- Eu sei que você não queria que ela se casasse com um policial, e muito menos comigo, sempre que eu passo todas as festas com vocês, você não perde uma oportunidade se quer de mencionar o meu passado, mas esquece que você também teve o seu. O homem toma a mesma postura de Marcos.
- Não venha me falar de passado muleque, eu já lidei com o meu, e quando se trata da minha filha, Concerteza eu posso ficar insatisfeito. O investigador fica em silêncio encarando seu sogro.
- Me diga quantas vezes em plena madrugada eu tive que te tirar da delegacia, quantas vezes eu não paguei suas contas do hospital, porque você era um bêbado que só sabia brigar. Marcos se aproxima.
- Você fica falando sobre o mundo não ser mais o mesmo, mas me diga uma coisa,quantas vezes, homens velhos quiseram em todo o seu egocentrismo, resolver os problemas do mundo ou reclamar dele,porque ele não era como era em seu passado, porque não conseguiam aceitar a ideia de que ele poderia mudar, sabe oque acontece com esses homens? Eles morrem, e o tempo engole eles até serem esquecidos, até que as porras que tanto reclamavam deixem de ter sentido. O sogro do investigador fica sem palavras, Marcos ainda bravo se vira para em direção da casa.
- Meninas venham! Anda logo! O investigador grita, e mais do que depressa elas se aproximam do pai, a mãe de Valentine e ela mesma saem, o sogro vem caminhando lentamente cabisbaixo e Marcos pensa consigo mesmo, " Merda!" O resto do almoço se seguiu com um silêncio desconfortante dos adultos, e do barulho alegre das crianças.
- Eu estou passando muito tempo com o Henry. Diz o investigador enquanto volta pela estrada seguindo ao seu lar.
- Não jogue a culpa em uma pessoa que não tem a oportunidade de se defender, ele não tem culpa por você ter sido babaca. Diz Valentine tentando não transparecer a discussão que está acontecendo para as meninas, que dormem profundamente no banco de trás do carro.
- Eu juro que não queria ter dito aquilo.
- Você queria sim!
- Claro! Como se ele não me desse motivos, você sabe que ele sempre me odiou. O silêncio se apropria novamente do veículo, só que dessa vez não foi o parceiro de Marcos a fagulha de todo o transtorno.

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