6- Another life

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As chuvas frequentes começam a desaparecer lentamente,se misturando com a forte geada que se aproximava,
Mas não parecia ser só o clima que estava mudando. " o aquecimento global afetando todo o globo"
" Maremotos e tsunamis, acontecendo em várias regiões dos continentes"
" Uma frente fria chega no sul e destrói quase metade das plantações"
" recorde de violência" todos os dias jornais e emissoras noticiando as mesmas notícias. Marcos desliga a TV e olha ao redor, em uma tentativa de conferir se suas filhas não eram bombardeadas com toda confusão, ele as ouve brincando em seus quartos e sente um pouco aliviado, sua esposa aparece, e percebe o semblante de Marcos, ele visivelmente parece perturbado, ela se aproxima do sofá e senta ao seu lado.
- Hey. Diz Valentine como um susurro suave, que como a luz de um amanhecer ilumina Marcos e o trás de volta.
- Hey. O investigador sorri enquanto chega mais perto de sua esposa.
- Você precisa falar comigo, você praticamente se tornou um herói nacional, mas parece que a vitória derrotou você. Marcos fica aflito com a fala de Valentine
- Não quero te envolver nessas coisas, elas não fazem bem. Valentine continua olhando para seu marido.
- Eu praticamente sei de tudo que aconteceu por conta dos jornais, e você precisa amor, precisa falar comigo depois do que aconteceu. Marcos olha ao redor.
- Tudo bem, mas depois não diga que eu não avisei. Valentine se posiciona como uma criança prestes a ouvir um conto de terror.
- As coisas realmente começam, antes daquele encontro que a gente marcou para o Henry. Diz Marcos
A partir do momento que as palavras saem de sua boca com certo peso, uma metamorfose vai acontecendo, tudo vai sendo jogado para as memórias vividas.

Marcos trás consigo uma garrafa com chá gelado, junto com seu café quente, que havia feito na "cozinha" do escritório de polícia, seu parceiro está sentado em suas respectivas mesas, com os pés em cima dela, como se estivesse deitado, o investigador se aproxima de Henry, enquanto traga um gole de seu café e entrega para seu parceiro, no mesmo momento Jeferson aparece indo em direção a sua sala.
- Tira os pés da porra da mesa Henry, você não está na sua casa. O investigador obedece a ordem de seu comandante, e vai girando sua cadeira lentamente acompanhado o delegado, esperando ele entrar em sua sala, quando completa sua volta de 360° e retorna para seu estado de origem, com os pés sob a mesa, Marcos olha enquanto ri baixo, por conta de que ainda não havia acordado.
- Você é um cuzão. Henry continua quieto e bebe seu chá.

" - As coisas já começa ae, o Rafael e o Collen estavam com dificuldade em um caso a parte, e fizeram uma aposta com o Henry. Diz Marcos"

- O negócio é o seguinte, ela não fala, não importa quanta pressão a gente coloque nela. Diz Rafael
- E oque ela fez? Pergunta Marcos
- ela matou uma criança. Responde Collen
- E eu queria ver se vocês, Bonnie e Clyde poderiam tentar algo. Os investigadores se encaram.
- Deixa que eu vou. Responde Henry enquanto se levanta
- Não é melhor eu fazer isso? Diz Marcos, seu parceiro o olha
- No antigo departamento era oque eu mais fazia. Quando Henry diz isso, Rafael e Collen se olham, o investigador vai na sala de interrogatório, Marcos vai em direção a ele, mas é barrado pelos os outros dois investigadores.
- Só quero te falar uma coisa, ele é increnca. Diz Rafael, Marcos o olha com um pouco de desprezo.
- Como se eu já não soubesse disso. Responde o investigador
- Você não entendeu. Henry entra na sala, uma mulher com uma blusa de frio surrada e velha está sentada, algumas marcas em seu braço, que se asemelhavam com furos, está com a testa um pouco machucada e encara a figura do investigador, ela treme um pouco, e parece visivelmente com medo, Henry se aproxima e observa em silêncio,os arquivos sobre ela que estavam na mesa.
- Dizem que ele era um emissário, e que ele veio pra cá depois de mandar os colegas pro hospital. Finaliza Collen, Marcos parece um pouco surpreso, e fica abalado
- Emissário? Que merda é essa de emissário. Pergunta o investigador
- Bom, não sabemos direito, mas era assim que a outra agência chamava ele. Responde Rafael
- Okay, obrigado pelo aviso, mas eu tenho que acompanhar meu parceiro. Marcos entra na sala e vê Henry com seu cigarro se esvaindo aos poucos,falando mansamente com a mulher, como se sua voz tomasse conta de toda a sala.
- Sei como sua vida não foi uma das melhores, e oque aconteceu com sua primeira filha, Jéssica não é? Diz Henry a mulher está segurando seus suspiros de choro, mas balança a cabeça, afirmando a fala do investigador.
- E agora oque aconteceu com Jody, que só tinha 23 dias de vida. Henry apaga seu cigarro na mesa, enquanto Marcos fica de pé no canto da sala vendo toda a situação.
- A autópsia mostrou nenhum sinal de trauma então... Henry mantem o silêncio e a olha no fundo dos olhos.
- Eu consigo ver, já perdi um também, e amigos. Marcos fica atento quando ouve essa nova e mínima informação vinda de seu colega, que estica sua mão sobre a mesa, com a palma aberta para confortar a mulher, que retribui o gesto, colocando sua mão na de Henry, Marcos revira os olhos na mesma hora e respira fundo.
- Com esse é o terceiro que você perdeu, o outro morreu no ano passado. Marcos fica totalmente abismado
- Jesus, você nunca ouviu falar sobre gozar fora, ou camisinha mulher? A mulher rompe o silêncio e responde
- Nunca que iria parar isso, ter uma criança é uma coisa maravilhosa. O olhar de Henry é distante, ele olha pra Marcos e sinaliza para sair da sala, porque ele sabe que pegou ela, o investigador a contra gosto sai, e assiste tudo pelo vidro que os separa.
- No meu trabalho se vê as vezes as pessoas errando, achando que uma criança é a resposta para alguma coisa, ou como uma forma para mudar sua própria história. A mulher fica triste, e um pouco ofegante
- Agora me mostre se você já ouviu falar algo sobre preocupação por Munchausen. A mulher começa a ficar mais ofegante e balançar a cabeça como negação, Henry retira de um dos arquivos um papel que mostra vários batimentos cardíacos catalogados.
- Aqui diz que exatamente as 4:49 am permitiu se monitorar a apnia do sono, e então comparar, que o da sua criança estava bloqueado, por 36 minutos. O investigador faz algumas pausas em suas falas deixando a mulher ainda mais desconfortável, só que sem retirar as suas mãos das de Henry.
- Então nós plugamos de novo mas os sinais vitais da criança esfriaram. Ela continua encarando o investigador.
- Charmaine,eu preciso que você fale comigo sobre algumas coisas tudo bem! Diz Henry calmamente sem tirar seus olhos dos olhos dela, que começa a chorar copiosamente, um tempo curto, Jeferson se aproxima de Marcos que assistia o interrogatório.
- Eae como está indo? O investigador só aponta em direção ao seu parceiro, que está agora quase abraçado junto com a mulher que escreve aos choros seu depoimento, Jeferson fica impressionado com a situação. A mulher termina de escrever ainda aos choros e olha para Henry.
- Você planejou tudo? Diz o investigador, o olhar se perde novamente, e quando se volta para a mulher, é tomada por todo o desconforto, os olhos de Henry são fundos, seus olhos castanhos são quase negros com tons amarelados e avermelhados, era como se o vazio olhasse para ela, como se ouvesse dois buracos negros sugando toda sua energia.
- Olha, os jornais vão pegar bem pesado com você,como você disse,ter uma criança é uma coisa maravilhosa, e a prisão é muito, muito dura pra quem machuca crianças, então seria a hora perfeita pra você se matar, se tiver a oportunidade. Diz Henry soturnamente.
- Oque ? Pergunta a mulher,as lágrimas começando a deslizar pela pele oleosa, o rosto do investigador e apático, sem nenhuma resposta aos apelos desesperados da mulher, Henry se levanta pega a confissão e os arquivos e se retira da sala, Marcos e Jeferson fixam encarando o investigador e ouvem os gemidos e choros da mulher, o investigador passa pelos dois e vai direto pra sua mesa, que a um bolo de dinheiro deixado por Rafael e Collen.

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