Era tolice se entregar tão facilmente às mentiras de alguém suspeito como seu enfermeiro, quem afirmava batendo os pés que era seu namorado do colegial, cujo fez sacrifícios que o feriram profundamente para voltar para os braços de seu amado Akabane. Contudo, Karma o fez mesmo assim. Ele não tentou se questionar o porquê; apenas o apertou em seus braços e deixou aquele perfume — ao qual estava naturalmente acostumado, por motivos "óbvios" — o embriagar conforme a lua se fazia presente no céu profundo. Amaya, bem, desconhecido, permitiu-o ver as fotos que tiraram juntos, além de ler os bilhetes que Karma mesmo tinha escrito para o outro. Suas promessas foram todas quebradas e ele pediu perdão por isso, embora não houvesse sentimento em suas palavras quando as disse, desconhecido aceitou-as com um sorriso incrível no rosto. Esse sorriso era mais luminoso do que o sol e Karma ficou totalmente encantado com ele, sem esconder esse fato.
Desconhecido contou-lhe algumas histórias sobre o passado, esclarecendo como ambos tinham se conhecido e a forma como ocorreu o reencontro. Ele não hesitou em falar sobre os assassinatos, nem as discussões que tiveram e o episódio do incêndio — o que era mais marcante e que mais lhe despertara interesse. Karma novamente se desculpou após desconhecido descrever o cenário antecedente a separação: a morte de um colega chamado Maehara, e a fuga do desconhecido com a ajuda de um rapaz chamado Asano. No entanto, outra coisa que intrigou o Akabane era a narração do desconhecido, que em momento algum permitiu-se citar o próprio nome. Quando questionado, o desconhecido sorriu melancolicamente e respondeu com uma voz suave que gostaria que Karma lembrasse sozinho.
— Sei que quando souber meu nome — continuou desconhecido — terá lembrado de tudo.
Karma aceitou essa resposta por ora, logo voltando a perguntar sobre as outras pessoas. Desconhecido, no entanto, decidiu interromper a conversa por ali antes que Akabane chegasse longe demais; incapaz de trazer essas lembranças sozinho e o nome daquele que se autonomeou seu namorado, nunca seria recuperado.
— Então como devo te chamar? — Indagou ainda em conflito consigo mesmo.
Desconhecido sorriu de canto e puxou um papel, desdobrou-o e entregou ao ruivo. Relutante, Karma baixou o olhar para o bilhete.
— "Anjinho", "príncipe" e.... "Princesa"? — Voltou a atenção para o enfermeiro. — Por que eu te chamava de princesa?
— Quando éramos crianças, você pensava que eu era uma menina, então vivia dizendo que era meu príncipe encantado e que eu era sua princesa. — Ele ajeitou as madeixas em um pequeno rabo de cavalo, deixando duas mechas ao redor do rosto. Era magnífico poder ver de perto os outros lados de "Amaya Shiori". — Mas não precisa usar esses apelidos se não quiser. Pode apenas inventar outros e assim me chamar.
— Eu gosto de anjinho — murmurou para si mesmo. Amaya o olhou curiosamente, tombando a cabeça para o lado enquanto aguardava por uma decisão. Ele tentou evitar olhá-lo, mas, como pensara, esse apelido encaixava-se perfeitamente em Amaya por conta de sua beleza extravagante; requintada. Seus lábios sem nenhum resquício de batom eram naturalmente rosados, deliciosos, pareciam macios e saborosos. Os olhos azuis, parte que mais gostava de admirar, eram grandes e brilhantes como safiras. Questionava-se se havia dado um apelido semelhante a esse. — E se eu te chamar de docinho?
— Oh? Por mim, tudo bem — ele riu. — Mas tome cuidado para não me chamar assim na frente dos outros.
— Por quê?
"Shiori" ficou sério, lhe dirigindo um olhar repreendedor.
— Quer que os outros descubram quem eu sou? Se alguém souber, vão nos separar outra vez, e acho difícil eu conseguir te encontrar tão cedo.
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My Dying Flower
FanficKarma não lembra de nada sobre o colegial. Depois de tanto sofrimento por um passado vago, além dos sonhos recorrentes a respeito de uma garota de olhos e cabelos azuis, ele finalmente tem a chance de descobrir o motivo de sua loucura.