Quando começamos?

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⚠️: O capítulo abaixo faz menção a distúrbios alimentares e uso de drogas ilícitas.

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KIARA

— Já pensou se vai dar a monitoria 'pra ele? — Topper perguntou durante nossa chamada de vídeo. — Amanhã é o dia de dar a resposta pro diretor.

Desde que ele foi fazer faculdade em Londres, é assim que nos comunicamos. É um pouco difícil já que o fuso horário é de oito horas de diferença, mas isso nunca nos impediu de manter contato nem que fosse por mensagens.

— Eu sei. — Me deitei em minha cama. — Eu até queria ajudar, mas é o JJ.

— E qual o problema em ser o JJ?

— O problema é que ele é um gostoso. — Nós rimos. — Ele é um pouco difícil de lidar, eu não faço ideia de que métodos usar 'pra poder ensinar as coisas 'pra ele. — Falei séria.— Sem contar que nossa amizade nunca mais foi a mesma depois daquela cobra que ele chamava de namorada.

— Kikita, mas a questão é se você quer ou não dar a monitoria.

— Eu até gostaria de tentar, mas não sei se consigo conciliar com meus outros compromissos semanais.

Topper parecia pensar no que eu havia falado. Apoiou o celular na pia do banheiro para terminar de se arrumar para uma resenha com os amigos da faculdade.

— Então só aceita a proposta. — Falou simples enquanto passava seu perfume. — No caso dele a monitoria tem que ser no mínimo três dias por semana, certo? — Assenti. — Então, não tem dias fixos pode ser quando puderem e quiserem. Dá pra ser até de final de semana se os dois concordarem. Acho que pode dar certo.

Topper não estava errado. JJ precisava de muita ajuda, então precisaria se encontrar comigo não menos que três vezes por semana. Nós só teríamos que combinar direito os dias e daria certo.

— Me convenceu, doutor Thorton. — Revirei os olhos. — Nós vamos nos encontrar com o pessoal no restaurante daqui a pouco, vou conversar com ele.

Meu amigo comemorou e eu ri, ficamos conversando até ele ficar pronto para sair com seus amigos. Sinto muito a falta de Topper mas fico feliz em saber que está feliz, mesmo que do outro lado do planeta.

Meus outros amigos e eu sempre nos encontramos no The Wreck, é o nosso point desde sempre. Por ser domingo, eu não precisaria ajudar meu pai lá. Nem ele aparece no restaurante aos domingos 'pra falar a verdade.

Nos sentamos em uma mesa mais afastada na área externa e pedimos as porções de batatas e cebolas fritas como sempre fazemos. Acabei pedindo só uma salada, e isso fez com que os meninos me olhassem como se eu fosse um alienígena, enquanto Sarah e Cléo me olharam preocupadas.

— Tem certeza que 'tá tudo bem? — A loira foi a primeira a perguntar.

— Sim. — Respondi calma. — Me deu vontade de salada hoje. — Sorri.

— Se você não estiver bem, fala 'pra gente. — Grant disse e eu assenti. Aparentemente os meninos não estavam prestando atenção na nossa conversa.

Sarah e Cléo se preocupam muito comigo, elas foram duas das pessoas que mais me ajudaram na época em que minha bulimia estava no auge. Foi uma fase horrível.

Eu sempre tive problemas de aceitação, não só com o meu corpo mas comigo mesma em geral. No fim do ensino fundamental, Sarah e eu começamos a ficar obcecadas em entrar para as cheerios de qualquer jeito, precisavamos disso 'pra ter o "ensino médio perfeito" e isso incluia fazer loucuras para atingir o "peso ideal", ou pela reputação intocável que construímos com o passar dos anos.

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