Briguei comigo mesmo.
Estou em - ao que parece ser - uma ressaca eterna. Insatisfeito com a minha insuficiência. Briguei comigo mesmo, para o meu futuro bem e não estou bem.
Me auto sabotei, criando obstáculos para não sanar os meus desejos. Pés descalços e cacos de vidro espalhados pelo chão na chance de impedir que tivessem acesso a minha alma.
Meus sonhos mais lúcidos parecem um borrão. Eu mesmo o cenário montei, fora tudo uma dolorosa peça orquestrada para distanciar-me de mim mesmo.
Se foi único que me fez sentir algo só por existir e eu não soube me expressar de maneira alguma. E não. Ele não murchou. O tempo apenas se padeceu e nunca entrei em sua vida como desejava ter o feito. Me proponho a crer que não era para ser, não era reciproco e não devo me condenar a pensar sobre algo que só eu vejo.
Esse é o preço que se paga ao possuir uma coragem pequena demais para arriscar qualquer coisa por medo de mais uma provável dor. Me iludi facilmente. Me machuquei sozinho. O vazio em meu peito se encaixa perfeitamente com a esperança que arranquei de uma só vez e perdi.
E eu poderia ter feito tantas outras coisas para impedir, eu poderia ter vivido tantas outras vidas para não estar onde estou. Eu poderia. Poderia estar em qualquer lugar agora. Repito que poderia, mas não fui o suficiente para superar as minhas expectativas.
Decidi frear com tudo quando já era tarde demais e acabei atropelando todos esses pensamentos inúteis sobre desistir de algo que nunca nem existiu. Apesar do vazio em meu peito, o nó na garganta e o estomago embrulhado. Não me permito encenar um choro por algo que eu mesmo tirei de mim em um palco geoide. Apenas sentir a culpa por não ter feito nada basta.
Afinal, briguei comigo mesmo e me convenci ser para o meu bem, o meu futuro bem. Não estou bem. Quem sabe daqui a alguns ecos ou eras, eu me lembre de agradecer? Mesmo tendo sofrido tanto... Talvez eu nem lembre deste sentimento depois.
Outubro 2018
