Tirei-o. Com uma navalha velha, cortei minha pele e admirei o vermelho escorrer formando um rio e logo abaixo uma uma cortina. A cascata, paixão e dor é vermelha com cheiro de ferrugem.
Admito que sempre duvidei até que realmente acontecesse. Deixei que inundasse o meu corpo e que o tempo drenasse você de mim. Me livrei de todas aquelas armas e que você já tentou usar.
Não, eu não me lembro mais de como eram suas digitais no meu corpo, minha pele já passou por tantos banhos, já descamou seu tato. Eu não sou a mesma. Eu sei disso.
O ritmo de sua respiração em minha nuca e nem ao menos sinto falta de teus braços ao meu redor. Eu o assassinei de minhas memórias, antes que eu não me desse conta e me esquecesse de mim mesma.
E o tempo estancou. Eu não morri por isso. Agora você não passa de mais um desconhecido. E é engraçado como você não queria que eu o olhasse nos olhos e depois de um tempo voltou pra dizer...
"Você não mudou nada."
27 de fevereiro de 2019