Prólogo

785 49 53
                                    

Sábado, um dia qualquer em Seul no ano de 2005.

Papai estava em mais uma festa da empresa onde ele trabalhava. E como sempre trazia eu mamãe e Jina, minha irmã caçula, temos 3 anos de diferença de idade.

Mamãe é brasileira. Cecília é o seu nome. Ela veio para Coréia fazer intercâmbio e acabou conhecendo papai. Papai se chama Choi Jae Hyeon.

Mas voltando a atenção na festa. Havia um menino sozinho sentado num banquinho no canto do salão. Não era a primeira vez que o via ali.

Vou em direção ao mesmo e me apresento.

— Oi. Meu nome é Choi Bora. E o seu? — falo estendendo minha mão para ele que parece pensar um pouco antes de apertar minha mão.

Segundo depois, o mesmo estende sua mão apertando a minha.

— Meu nome é Lee Minho. Qual é a sua idade?— ele pergunta soltando da minha mão.

— Eu tenho 6 anos, e você?

— Eu tenho 7. Você é daqui? Sua mãe é estrangeira, né?

— Sim, ela é. Sou mestiça. Mas nasci em Seul.

— Ah faz sentido... o seu cabelo é loiro? — ele pergunta analisando cada detalhe do mesmo.

— Mamãe diz que é castanho acizentado.

— Isso é loiro escuro.

— Não é. Mamãe disse que é castanho acizentado.

— Tanto faz. Pra mim é loiro escuro.

Bufo com a teimosia do mesmo.

O que eu não sabia é que esse simples diálogo ia mudar minha vida daqui pra frente.

Conforme os anos foram passando eu e Minho nos tornamos inseparáveis éramos carne e unha. Estudávamos juntos. Passávamos o tempo inteiro um com o outro ou quase isso.

As coisas mudaram um pouco quando entramos na adolescência. Minho começou a sair com um grupo de amigos. Eu as vezes o acompanhava por ser amiga de longa data. Mas nunca conseguia me envolver e criar um certo tipo de intimidade com os novos amigos de Minho.

Comecei a me afastar um pouco. Não porque eu não o queria por perto mas porque não me sentia na mesma vibe.

Quinta feira, 15 de outubro de 2015.

Minho tinha me levado em mais umas dessas festas que ele e os amigos dele iam. Eu e ele bebíamos e dessa vez estávamos bem alterados. Ele estava na verdade.

— Queria te beijar, Bora. Você é a única amiga que eu nunca tive nada nem sequer beijei. Não tem curiosidade de saber como é o meu beijo? — ele fala sorrindo com aquele sorriso que diz:  "vou te comer depois de uns 5 minutos de beijo" eu conhecia bem esse sorriso. Já estava acostumada a ver ele flertando com as outras.

— Eu acho que você bebeu tanto que esqueceu com quem está falando, Minho. Não sou umas das suas piranhas. Sou Choi Bora. Sua melhor amiga de infância. E não, não tenho curiosidade de te beijar.

Quer enganar quem Bora?

Minho ri nasalado. E leva sua mão ao meu cabelo fazendo carinho.

— É uma pena, porque eu acho que passo tanto tempo ao seu lado, que não percebi o quão linda você é. Suas curvas são lindas. — ele diz passeando com os olhos em meu corpo. — Sem contar que seu sorriso é mais lindo ainda, seus cabelos longos e loiro escuro também. Você é toda linda.

Isso estava me irritando. Ele estava realmente tentando flertar comigo?! Pra depois fingir que nada aconteceu?

Espera. Por que eu estou dando ouvidos ao um bebado feito o Minho? Acho que já está na hora de eu ir pra casa.

— Vou pedir um uber para ir embora. Já que você encheu tanto a cara que está flertando comigo. Isso é patético. — digo levantando.

— Eu tô dizendo as verdades na sua cara e você me chama de patético?! — ele levanta quase na mesma hora que eu parando na minha frente.

— Sim! Porque é isso que você se torna quando não consegue segurar o que você tem no meio das pernas. Se cansou das outras? E correu pra mim achando que isso ia fun-...

Minho me interrompeu roubando um beijo. Eu queria empurra-lo e gritar com o mesmo. Mas eu não conseguia. Meu corpo estava reagindo a ele e meu cérebro estava gritando: "SAI DAÍ BORA VOCÊ TÁ CORRENDO PERIGO!"

Lee Minho estava me beijando.

Mas eu infelizmente não consegui. Me sentia estranha por estar beijando meu melhor amigo de infância. Éramos quase como irmãos. Bom, até certo ponto era. Antes dos hormônios chegarem.

Minho me puxou para mais perto quando viu que eu estava reagindo ao beijo. Sua mão segurava meu rosto, a outra estava em minha cintura.

[...]

Paramos o beijo quando o ar nos faltou. Eu não sabia onde enfiar a minha cara. Ele estava sorrindo com seus lábios vermelhos e inchados.

— Bom... até que seu beijo é gostoso. Queria ter feito isso antes. — diz afastando suas mãos de mim dando um passo pra trás.

— Ficou louco?! Desde quando você pensou que poderia me beijar? — pergunto ignorando as suas falas. — Por que você fez isso?!

— Porque eu quis Bora. Quis te beijar e te beijei. Pelo visto você também queria já que não parou o beijo. — ele diz rindo olhando para o chão.

Maldito sorriso.

— Vamos fingir que isso não aconteceu. Pela nossa amizade.

— É só um beijo Bora. Que mal poderia nos acontecer por causa de um beijo? —  ele diz voltando seu olhar para mim.

— Preciso ir embora. Tchau Minho

— Eu te beijei porque amanhã vou embora. Não daqui de Seul, mas vou para uma empresa. Vou virar trainee. Não sei como vai ser quando o grupo debutar. Então usei isso como uma despedida. — ele fala segurando meu braço.

— Ah... — digo sem ter o que falar.

— Que foi roxinha? O gato comeu a sua língua?

— Minho, não me chame assim! Não temos mais 10 anos!

— Eu gosto desse apelido, é o diminutivo do seu nome.

— Mas eu não gosto.

— Problema seu.

Dou um tapa no mesmo em resposta.

Minho finalmente solta meu braço.

Fico o olhando em silêncio me perguntando aonde ele queria chegar com esse assunto de beijo de despedida.

— Você deveria tentar entrar lá também... assim vamos continuar na vida um do outro. — ele diz me olhando com aqueles olhos enormes e  brilhantes.

— Não tenho vontade de virar cantora. Meu negócio mesmo é a dança, você sabe.

— Eu sei, lembro das vezes que criamos alguns passos de dança juntos. — ele diz sorrindo.

— Sinto saudades daquela época. — respondo relembrando.

— Eu também.

— Eu vou embora também por um tempo para Busan. A trabalho de papai.

Minho mudou sua expressão de feliz para confuso ou zangado? Não sabia decifrar ao certo.

— E você ia me contar isso quando?

—  O dia que eu fosse. Daqui há uma semana.

Ele ficou sério e voltou a olhar o chão.

— Vamos ficar mais longe um do outro...

— De qualquer forma Min, íamos nos afastar mesmo. Trainees não podem ter contato com outras pessoas.

— Você tem razão. — ele diz voltando sua atenção para mim.

Depois de um tempo conversando como seria a vida dele na empresa. Resolvo pedir um uber e ele vai pra casa de umas das suas 'amigas.'

Patético.

My Side (Lee Minho - Stray Kids) Onde histórias criam vida. Descubra agora