Inconstancy of Feelings
CINCO...
Estava há um mês sem tomar ansitec.
Por mais que as crises de abstinência tenham se intensificado no início, Draco o ajudou a suportar tudo, sem deixar Harry fraquejar em nenhum momento.
Ele passava a maior parte do tempo trancado no quarto, porque sabia que se saísse de casa, acabaria deixando-se levar pelo desejo de anestesiar seu corpo. Arrumava mil coisas para fazer durante o dia, enquanto Draco estava dando palestras em outra cidade e a principal delas, era pintura. Seu quarto estava cheio de manchas de tinta guache espalhadas pelo cômodo.
Como já havia passado os dois dias que seu namorado falou que ficaria fora, tinha esperanças de que ele estaria na universidade naquele dia, então vestiu uma roupa bonita e foi, acompanhado da mãe, para a instituição de ensino, no entanto, foi outro dia que Draco estava ausente. Sentia tanta falta do namorado, que tinha a sensação de uma ruptura está se abrindo em seu peito, por sorte, tinha um amigo maluco para suprir a ausência de quem amava.
— Você é um idiota, Theo e eu... — parou de falar ao ver uma cena confusa em sua frente. Estava ao lado do amigo, na saída da universidade e do outro lado da rua, Draco conversava com uma mulher e segurava uma criança de no máximo dois anos.
— O que foi, amigo? — Theo perguntou, confuso. — Você está pálido. — como se toda a cor tivesse sido tirada do seu rosto.
— Não é nada. — balançou a cabeça negativamente.
— Então o professor gato é realmente casado e tem uma filha. — Essa foi a interpretação da cena, de Theodore Nott. — Ela se parece com ele, você não acha? — Deu um tapinha no ombro de Harry.
— Não sei de mais nada. — Sua cabeça doía só de pensar que o amigo estava certo. — Depois conversamos. — sem dar chance do outro questionar sua mudança brusca de comportamento, bateu em retirada, por pouco não foi atropelado por um carro, ao atravessar a rua. — Desculpa. — pediu ao motorista, saindo da frente do carro com pressa.
Sua mente estava anuviada. Se sentia traído pelo homem que dizia amá-lo. Tudo começou a fazer sentido em sua mente conturbada, ter outra era o real motivo que fazia Draco manter o relacionamento em segredo, e não o fato de ser seu professor, como costumava justificar seus atos.
Com o corpo pesando mais do que o normal, Harry continuou caminhando sem rumo e quando percebeu, estava parado em frente ao apartamento de Tom, decidido a quebrar sua promessa que fizera a Draco, mesmo não se sentindo mais em dívida com ele. Só conseguia pensar que ele tinha outra e Harry não significava nada em sua vida, da mesma forma que não faria falta da vida de mais ninguém.
Como sabia que seus pais não dariam mais dinheiro, por temerem que ele o usasse para a compra do ansiolítico, vendeu seu relógio para a primeira pessoa que surgiu na rua, por um preço mínimo, só então entrando no covil de Tom, sendo acompanhado por um dos seus homens até sua sala.
— Sempre soube que você voltaria, docinho. — Tom estava inalando cocaína, quando entrou na sala suja, sendo empurrado para cima do mais velho. Os olhos claros estavam vermelhos, assim como o nariz. — Você é fraco. — sentir a mão suja do traficante em seu rosto, deixou o corpo do menor mortificado. — Viciado. — apertou seu queixo com força, passando o nariz pela lateral do seu rosto.
— Aqui o dinheiro, então me dá o ansitec, por favor. — entregou todo o dinheiro que conseguiu com a venda do relógio, se afastando para longe do traficante.
— Bom garoto. — Tom contou as notas, jogando o dinheiro em cima da mesa. — Guardei especialmente para você. — tirou o frasco do ansiolítico de uma gaveta da mesa e caminhou em sua direção. — Não quer ficar e fumar um comigo? — Ofereceu o baseado, mas só o cheiro da erva o deixou com vontade de vomitar.
— Não, me deixa em paz. — Pegou o frasco do ansitec e correu em disparada para fora da sala de Tom, ouvindo risos.
Foi para uma praça abandonada e se sentou em um banco quebrado. Pensou em Draco quando ingeriu a primeira cápsula. A sensação de traição era tão ruim quanto a do sufocamento que havia se instalado no seu corpo. Sozinho, tomou mais três cápsulas seguidas e seu corpo ficou cada vez mais pesado, pesado ao ponto de não conseguir se mover. Quando começou a chover, tentou procurar um abrigo, mas como se sentia tonto, não caminhou dois passos e caiu em frente a um prédio abandonado, desmaiando ali mesmo.
[...]
Quando acordou, horas após o desmaio, percebeu que estava em um hospital particular do centro da cidade. A primeira pessoa que enxergou, foi Draco Malfoy.
Ao descer a vista por seu corpo, apertou os olhos ao ver uma agulha perfurando seu pulso; estava tomando soro. Tinham alguns curativos em seus braços e um no joelho, no entanto, a dor física era anos-luz inferior à sua dor emocional.
— O que estava pensando quando fez isso? — Draco o repreendeu, no momento em que percebeu que estava acordado. — Não pensou em mim quando tomou...
— Você não pensou em mim quando mentiu sobre me amar e todo o resto? — Ricocheteou, irritado com a repreensão. — Sua mulher sabe que está aqui, Draco Malfoy?
— Não entendi. — respondeu, confuso.
— Não sou nada pra você, aliás, por que você está aqui e não a minha mãe? — Questionou, varrendo o quarto com os olhos, buscando por sua progenitora, mas ela não estava ali.
— Você me colocou como segundo número de emergência e eu sinceramente não entendo o que te fez desistir de tudo, quando ontem você estava bem quando ligou para mim, até mesmo feliz. — se levantou da poltrona na qual estava sentado e se aproximou da sua cama.
— Fiquei mal quando vi você com aquela mulher e garotinha. — contou, amargurado. — Ela se parece com você. — Nem conseguia olhar em seus olhos, se o fizesse, acabaria se desfazendo em lágrimas.
— A Jinny? — Virou o rosto, sem responder. — Amor, a Jinny é filha do meu irmão. — contou, irritado com a sua confusão. — Você me viu conversando com a mãe da Jinny, a minha cunhada e deduziu que eu era casado com ela? — Sim, exatamente. — Porra, Harry! — Draco estava tão irritado que esqueceu onde estava e levantou a voz. — Acha mesmo que faria algo assim com você?
— Desculpa. — pediu. Estava envergonhado pela confusão que sua mente criativa havia lhe proporcionado.
— Não, dessa vez eu cansei. — balbuciou ferido. — Sua falta de confiança em mim me magoou muito, tanto quanto saber que você por pouco, outra vez, não morreu por causa desse seu vício idiota.
— Sinto muito. — mais do que estava demonstrando.
— Só volte a me procurar quando estiver livre desse maldito vício e pronto para retomarmos a nossa relação. — mesmo com toda a raiva, Draco se aproximou e beijou a testa pálida.
— Vai esperar por mim? — Interrogou, vendo ele se afastar.
— Tenho feito isso desde que nos conhecemos. — Murmurou de costas, porque não queria que Harry o visse chorando, chorando por se sentir, outra vez, impotente.
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Inconstancy Of Feelings | Drarry
Fanfiction[CONCLUÍDA] Quando a dor se intensificava e os pensamentos entravam em conflito, Harry Potter recorria aos braços de Draco Malfoy, sua evangeline, mas também procurava alívio em lugares perigosos, para conter sua inconstância de sentimentos e de tan...