Cap 2 - "McDonald's"

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Mabel Sanchez

Depois de organizar meu armário e minha escrivaninha e tomar um banho de banheira pela primeira vez na vida (inclusive foi muito bom), me arrumei para ir almoçar. Não conhecia nada da cidade além de algumas pesquisas que tinha feito.
Mas é óbvio que o primeiro lugar que eu queria ir em Los Angeles era o Hollywood Boulevard, o famoso bairro onde fica a calçada da fama. Lá tem diversas lojas e restaurantes incluindo o McDonald's caso eu não fosse com cara de alguma comida americana.

Entrei no Uber e durante todo o caminho não tirei os olhos da janela, LA era completamente lindo, as ruas já estavam bem mais cheias, passamos por várias ruas e em praticamente todas as palmeiras marcavam presença, eu jurava que eu estava em uma foto do Pinterest.

Depois de 20 minutos chegamos no bairro, pude ver de cara o letreiro, ainda estava longe, mas com as letras bem maiores, só que hoje não seria o dia de visitá-lo. Desci do carro meio perdida mas ao mesmo tempo como se eu tivesse me encontrado, como se aquele lugar fosse pra mim. Olhei em volta e pude sentir meus olhos brilhando, tinha muitas lojas, cinemas, cafés, era como um shopping ao ar livre, abaixei um pouco o olhar para o outro lado do passeio e lá estava ela, tão linda. A calçada da fama. Esperei o movimento dos carros abaixar e atravessei a pista. Não conseguia tirar os olhos do chão por nem um segundo, fitei cada detalhe de tudo, cada estrela, cada nome, era tudo perfeito.

Andei de um lado pro outro de toda calçada duas vezes, tirei várias fotos, e pedi para tirarem algumas minhas também. Depois de dar uma boa olhada em cada lugar com comida possível, optei pelo óbvio, hambúrguer com batata. Entrei no McDonald's que estava bem cheio e fui para fila.

"Você está, certa. Sempre está certa, por favor dá um tempo pra mim, depois te ligo"

O garoto na minha frente falou com uma voz não tão alta mas pude ouvir bem. Aquilo com certeza era briga de casal, eu como uma boa fofoqueira não pude deixar de querer prestar mais atenção na minha primeira fofoca americana. Mas acho que acabei prestando atenção demais.

- Algum problema? - o garoto perguntou se virando pra mim e eu levei um susto

- Ah não. Por que? - perguntei

- Você estava quase caindo em cima de mim, achei que estivesse precisando de ajuda.

- Eu? Caindo? - tentei disfarçar, falhando.

Ele apontou para a porta de vidro do nosso lado onde dava para ver todo o nosso reflexo. Meu Deus, eu tinha mesmo me esticado pra ouvir a conversa do menino?

-  Desculpa, eu estava só alongando meu pescoço, tenho torcicolo.

Que merda de desculpa era aquela?

Ele riu, eu fiquei surpresa e consegui finalmente encara-lo. E quase levei outro susto, mas não por ele ser feio muito pelo contrário, o garoto era muito gato. Ele era bem alto e tinha cabelos castanho escuro meio liso e meio ondulado, algumas mechas estavam caindo no seu olho, mas logo ele colocou pra trás, ele tinha os olhos verdes e um sorriso meio tímido. Puta que pariu meu primeiro contato com um americano gato e eu passando uma vergonha daquela.

- A acho que é sua vez - falei tentando não gaguejar apontado pro caixa vazio na frente dele.

- Valeu - ele disse se virando e indo pro caixa.

Paguei meu pedido e fui para outra fila retirar, como estava meio bagunçada não consegui ver o tal garoto de novo. Dei uma esticada pra ver se via ele lá na frente, mas não tinha sinal.

- Caramba parece que está com torcicolo mesmo, não acaba mais de alongar esse pescoço? - eu tomei um puta susto, me virei e ele estava do meu lado.

- Meu Deus, que susto!

Ele riu de novo

- Eu não menti ué, eu tenho torcicolo.

- Hum, tá bom então. - ele falou com um sorrisinho de canto.

Eu queria muito achar ele no Instagram, precisava de um nome.

- Qual seu nome? - ele tava lendo minha mente?

- Mabel, e o seu?

- Mabel? Fofo

- Sim. - e o seu querido? Tá surdo?

- Tem quantos anos Mabel?

Uma entrevista?

- 20 - e eu claro respondendo tudo.

Ele assentiu com a cabeça

- E o seu nome? - perguntei de novo

Nessa hora a TV onde estavam aparecendo os pedidos apitou com o número "129"

- É o meu - ele falou indo buscar

Em seguida o meu pedido apareceu e eu fui, cheguei lá e o garoto tinha sumido de novo, certeza ele tava fujindo de mim.
Decidi nem procurar, vai que ele me vê esticando o pescoço de novo, com certeza iria sacar que eu estava caçando ele.

Sentei na única mesa vazia que achei por sorte, e quando estava prestes a colocar meu hambúrguer na boca...

- Posso sentar aqui?

- Porra, você tem mania de assustar todos assim?

- Você deve estar devendo, porque eu não estou querendo te assustar - ele falou sorrindo e já sentando, mas eu nem permiti...

- Então Mabel... - ele falou e colocou uma batata na boca - você é daqui mesmo?

Ele realmente estava afim de fazer uma entrevista comigo? Ele podia ser um psicopata, estuprador, maníaco. Além do mais ainda nem tinha falado seu nome.

- Não, sou brasileira. - óbvio que eu ignorei todos os meus pensamentos e dei trela pro estranho.

- Humm, percebi, sotaques brasileiros são inconfundíveis.

- Você também tem um sotaque diferente, de onde é?

- Daqui, quer dizer não daqui, nasci em New York.

Ok, consegui uma informação.

- E qual seu nome? - tentei de novo.

E de novo não tive resposta, meu celular tocou na hora. Era minha mãe, ela perguntou onde eu estava e se estava tudo bem, desliguei em seguida e fiquei observando o garoto comer. Qual é seu nome filho da puta?

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