Open your heart
I am calling you
Right from the very start
Your wounded heart was calling, too
Open your arms
You will find the answer
When you answer to the Call
Abra teu coração
Eu chamo por ti
Desde o início
Teu coração ferido também clama pelo meu
Abra teus braços
Vais encontrar a resposta
Quando responderes ao chamado.
The call- Celtic Woman
Inverness, Escócia, 2018.
Sarah
Sarah aguardava com ansiedade aquele período do ano onde as flores começavam a surgir, a grama se via livre da pesada neve que cobria o solo e a vida refazia seu ciclo na forma mais bela. Embora tenha aprendido a apreciar a beleza de cada estação, a primavera e o verão eram suas estações favoritas.
Há dois anos, Sarah se mudou para a Inverness, para viver com o tio e a esposa a senhora Rhonna Brennan, sua tia.
Rhonna casou-se com o tio de Sarah e recentemente ela ficou viúva, o que causou grande dor tanto para Rhonna, quanto para Sarah, tornando os laços entre as duas mais estreitos, ambas agora dependiam uma da outra.
Sarah tinha além de carinho, gratidão por Rhonna. Quatro anos atrás seus pais morreram em um acidente de carro. O pai havia adormecido ao volante que capotou várias vezes na estrada para em seguida pegar fogo. Seus pais foram carbonizados e praticamente não houve corpo para velar.
Sarah sofrera muito e se fechara em sua casa durante dias. Amigos, colegas de trabalho ninguém conseguia tirá-la do limbo no qual ela imergiu, ninguém. Foram meses nos quais, ela só saia de casa para comprar o que comer basicamente, até que um dia uma batida na porta a surpreendeu, achava que todos já tinham desistido dela.
Ao abrir a porta, se deparou com o tio e a tia, cuja última vez que viu fora no velório dos pais. E então ela chorou ao abraçá-los e com muito trabalho tio Brian e tia Rhonna convenceram-na a deixar Edinburgh e ir para Inverness.
E lá estava Sarah, contemplando a natureza desabrochar. Quando ela chegou ali, anos antes teve uma sensação estranha, um déjà vu, como se já tivesse visto aquele lugar antes, um calafrio, um sentimento instintivo e visceral, uma sensação de outras vidas, outras eras, depois ignorou tudo. Afinal, não era dada a credo ou crença alguma, considerava-se uma pessoa extremamente prática e dessa forma chegou na propriedade dos tios a fim de ajudar com os deveres de casa, aprendendo de tudo, desde o cultivo das ervas medicinais usadas pela tia até os cavalos que eram a verdadeira paixão de tio Brian.
Aquilo a ajudou a fortalecer seu caráter e seu espírito, o baque da morte do tio fora intenso, porém agora, mais do que nunca, precisava colocar em prática tudo o que aprendeu com Rhonna e tio Brian para sobreviver a mais esse desafio que a vida lhe impusera, sua tia precisava dela, a idade avançada e o último inverno tinham deixado a saúde da tia muito debilitada.
Sarah tentou persuadi-la a ir para Edinburgh, no entanto, Rhonna insistiu em esperar a primavera chegar. Disse que as plantas e a paisagem a fariam se recuperar, entretanto ela duvidada. Sarah via a tia cada vez mais debilitada, mas nada a preparou para o que aconteceu quando entrou na cozinha naquela manhã.
A tia caída ao chão, seu corpo frio, imóvel a vida lhe escapara do corpo e Sarah então foi obrigada a confrontar a triste constatação de que estava sozinha, mais uma vez.
Uma semana depois...
O velório transcorreu tranquilo, sem grandes comoções, com poucas, mas queridas pessoas, amigas e alguns conhecidos da tia que vieram prestar seu apoio a solitária garota. Infelizmente, alguns curiosos também vieram ao serviço funerário, e Sarah acabara ouvindo alguns comentários desagradáveis:
— Pobre garota, tão jovem e sem mais ninguém no mundo.
— Agora ela se tornará a herdeira única de tudo isso sozinha.
— Sozinha não! Vocês se esquecem do jovem Angus? — Ele não vive na Escócia, é sobrinho de Rhonna o único sobrinho de sangue...
— Mas, falemos de outra coisa, não? — As senhoras seguiram para outro ambiente da casa, enquanto eu estanquei, paralisada na sala, refletindo sobre a capacidade que as pessoas tinham de pensar em dinheiro, quando na verdade eu daria a propriedade inteira para trazer a vida aos meus pais e aos meus queridos tios de volta.
Lágrimas rolaram pelo meu rosto copiosamente. Quando a casa esvaziou e todos partiram, foi quando a realidade brutal me acertou em cheio e eu realmente fiquei mal ao perceber como nada daquilo fazia sentido.
As pessoas falavam tanto de Deus, deuses, magia e, do bem. Onde ele estava que não via a injustiça cósmica que estava acontecendo comigo? Eu havia ficado totalmente, sozinha sem ninguém.
Subi para meu quarto e me lancei à cama, sem me preocupar em trocar de roupa, pegar uma coberta nem nada. Desmaiei, exausta fisicamente e emocionalmente, todas as minhas forças drenadas. Viajei para uma terra distante, a terra dos sonhos, onde não havia dor, choro ou morte.
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Eu estava dançando envolta de uma enorme fogueira. Várias moças ao meu lado, todas com vestes coloridas de tecidos esvoaçantes bailavam ao sabor do vento. A música tribal ressoava, os tambores retumbavam e meu coração seguia ao seu ritmo.
Via com perfeição o mastro e as fitas seguradas por cada uma das moças participantes que se moviam animadamente e então, de repente aquele rosto de novo...
Já tive aquele sonho várias vezes, aliás desde menina, contudo fazia tempo que eu não sonhava. A última vez foi quando meu tio Brian morreu e agora que minha tia também partiu, eu sonhava novamente.
Demorei para abrir os olhos porque no mundo dos sonhos, não havia trevas nem dor estava tudo quente, alegre e colorido.
Mas aquele abrir de olhos mudou minha vida para sempre.
Pairava sobre mim um rosto. Olhos de um azul incomparável me encaravam fixamente. Ele era lindo! Tinha um rosto másculo e uma pele perfeita.
Fechei os olhos novamente, pois aquilo só podia ser um sonho, no entanto, senti o peso em minha cama e um ligeiro movimento sugeriu que aquilo era real, eu estava acordada, o que significava que o homem a minha frente era de verdade. Como?
Saltei da cama indo parar na parede próxima a janela. Afinal quem seria aquele homem e o que ele estaria fazendo no meu quarto?
Ah, meu Deus o estranho com ares de príncipe encantado sabia meu nome. Como??
E como ele conseguira entrar na casa? Devo ter deixado a porta, aberta, não tínhamos o hábito de trancar nada naquela região.
Eu estava apavorada. O que uma garota em uma propriedade rural no interior da Escócia, sozinha poderia fazer para se defender de um estranho homenzarrão como aquele? Percebi, porém, que ele não parecia em posição de ataque. Não mesmo.
Relaxei o máximo que pude, dentro das circunstâncias e respondi:
— Sim, sou Sarah Swan.
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Beltane
RomantikSarah terá que viver sozinha após a morte de seu único parente que lhe restou, sua tia Rhonna. Com a morte de Rhonna, Sarah deverá assumir a propriedade, tudo que lhe restou de sua família. Como se não bastasse a dor de perder as pessoas que mais a...