Amarantine

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You know when you give your love away

It opens your heart, everything is new

And you know time will always find a way

To let your heart believe it's true

You know love is everything you say

A whisper, a word

Promises you give

You feel it in the heartbeat of the day

You know this is the way love is

Amarantine, amarantine, amarantine

Love is, love is love

Amarantine, amarantine, amarantine

Love is, love is love

Você sabe que quando doa seu amor

Abre seu coração e tudo se faz novo

E você sabe que o tempo sempre achará um caminho

Para seu coração crer que é verdade

Sabes que o amor é tudo

Um suspiro, uma palavra

Promessas feitas

Você sente em cada batida do seu coração no dia

Sabes que esse é o caminho para o amor.

Imortal, imortal, imortal

O amor é, o amor é

Imortal, imortal, imortal

O amor é, o amor é...

Amarantine -Enya


Sarah

Meu Deus, o que foi aquele beijo?

Tal pergunta ribombou em minha mente a noite inteira, não me permitindo dormir.

Quando ao aproximar da aurora, as asas do sono finalmente se fecharam sobre mim, já era dia e eu precisava acordar.

Levantei-me e para minha surpresa, uma chuva torrencial caía lá fora e sem previsão de findar. Fui até o banheiro, tomei um banho e voltando para o quarto percebi que a temperatura também caíra consideravelmente.

Essa é a primavera escocesa: chuva e frio, nada muito incomum para nós habitantes das Highlands, entretanto, aquele ano eu estava me sentindo estranha e deslocada. Tinha passado por muitas coisas nos últimos meses. E além de tudo tinha Angus e aquele beijo...

Bastou-me lembrar da sensação dos lábios dele queimando sobre os meus, dos nossos corpos rolando na cama, da pressão do corpo dele sobre o meu, para meu corpo se tornar uma pira acesa com a chama mais antiga, como o templo de Vesta.

Mas eu não era uma vestal, era uma simples escocesa e meu único objetivo era viver em paz depois de tanto sofrimento. A vida não fora fácil comigo, nunca me poupara. Poucos são os motivos para me fazer sorrir. E agora me via herdeira de uma bela propriedade, com fortuna e sem vontade nenhuma de desfrutá-la.

Sem saber o que fazer andando a esmo pelo quarto, resolvi sair. Passando na frente do quarto de tia Rhonna, uma energia, me atraiu até lá, uma espécie de imã, um magnetismo irresistível, por fim cedi a meus sentidos e entrei.

O quarto estava vazio, no entanto, ainda era possível sentir o cheiro da tia por toda a parte. Lembrei-me do comportamento que tive na noite passada na cama da tia.

Que vergonha! Eu bem ali, pegando-me com Angus!

Ah...

Dei as costas com intenção de sair do quarto, porém algo no chão chamou a minha atenção.

Era uma das cartas do tarô celta. A Carta queimava em minhas mãos. Nela, um casal representado o arcano dos enamorados.

Eles estavam nus, uma alusão a Adão e Eva.

Detestava crenças religiosas, nunca fui pessoalmente próxima de nada que envolvesse, Deus, o Universo ou Satã.

Depois de todas as pessoas que partiram da minha vida, fiquei mais cética ainda e uma revolta me assaltou. Simplesmente não queria saber de nada, fé nenhuma.

Tia Rhonna lutara tanto, para incutir algum senso de gratidão ao universo, a mãe natureza que tudo fornece de forma gratuita, mas, eu sempre me esquivei, nunca fui grosseira com minha tia, é claro, contudo, me posicionava ferrenhamente em minha crença em não ter crença.

No entanto, aquela carta ardia em minhas mãos e eu não conseguia entender o porquê. Sentei-me na cama, depois, relaxei. Como que em um transe, ouvi a voz de tia Rhonna dizendo mui terna:

Relaxe, minha menina. Descanse, durma e permita que o mundo dos sonhos a guie e lá, você vai encontrar sua resposta.

Sei que se mantem firme na crença de não crer em nada, mas mesmo para você, querida Sarah, chega um momento que precisamos crer em algo mais, algo maior do que nós, maior do que tudo, maior do que a vida.

Quase sem perceber, um torpor se apoderou de mim e não sei como, porém adormeci e novamente tive aquele sonho...

A noite ao redor da fogueira, as moças dançando no mastro de fitas cada uma segurava uma ponta. Senti até o cheiro das flores preenchendo o ar com sua essência. Cheiro de Dama da noite e lírios.

Ouvi o tambor retumbando e senti cada fibra em mim, vibrar na iminência do que estava prestes a suceder foi quando o viu...

Aqueles olhos azuis, de um azul único, ele sorria para mim, um sorriso capaz de levar-me ao paraíso. Estendeu-me a mão, tirando-me para dançar e eu aceitei.

Entre rodopios e saltos, sorríamos. Depois de várias danças, ele guiou-me até um lugar mais reservado na floresta. Senti as costas contra uma frondosa árvore. Os olhos dele faiscavam, brilhavam. Estávamos tão próximos, nossos hálitos se confundiam e então, ele se apossou dos meus lábios.

Meu coração disparou à medida que nossos lábios e línguas se confluíram. Ficamos ali durante minutos nos devorando. Senti a textura, o calor daquela língua implacável. Meu corpo inteiro tremeu enquanto ele envolvia-me com seus braços. O toque das mãos dele fazia que eu me sentisse maravilhosa, viva de uma forma que nunca havia sentido antes. Seus lábios se desgrudaram e ele disse:

— Minha bela, sou seu. Por favor, lembre-se de mim!

— Mas... eu nem sei qual é o seu nome!

— Meu nome é...

— Fale! Diga! Qual é o seu nome?

— Angus, meu nome é Angus...

Saltei da cama.

BeltaneOnde histórias criam vida. Descubra agora