Cartas na Mesa

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Believe me, I'm not afraid to

Teach me to learn Your ways

Carry me under Your wings

In Your perfect time

Only You, can dreams come true

Only You can make me shine

Only You, can days be right

In Your perfect time

Creia-me, eu não estou com medo

Ensine-me a aprender seus caminhos

Leve-me em suas asas

No seu tempo perfeito

Só você, pode tornar meus sonhos reais

Só você pode iluminar tudo

Só você pode dar sentido aos dias

No seu tempo perfeito.

Perfect Time - Moya Brennan

Sarah

Como aquilo tinha acontecido? Adormeci e não fazia ideia de por quanto tempo havia sonhado.

Na mão, ainda retinha a carta dos enamorados. Meu corpo transpirava, nos lábios, ainda sentia o beijo. Em minha mente, ouvia a voz do onírica dizer Por favor, lembre-se de mim... lembre-se de mim!

— Será que estou ficando louca?

Saí da cama, ficando em pé, me recompus e deixei o quarto da tia fechando a porta. Desci as escadas e fui direto para o escritório chegando lá, vi Angus sentado, debruçado no gabinete com uma série de livros espalhados.

Vários exemplares sobre mitos, cultura celta e em um dos livros, vi a imagem de um lugar muito belo e reconheci o lago que fica no fundo de nossa propriedade.

Ver Angus ali, entre mapas, guias e livros sobre mitologia celta e tantas outras coisas, me fazia lembrar de como tia Rhonna e tio Brian gostavam de ler, explorar e descobrir novas linhas de pesquisas sobre a Escócia, as ilhas britânicas seus mitos. Angus parecia ter herdado essa paixão de tia Rhonna. Ele estava compenetrado, achei que não tinha percebido minha presença até ouvi-lo dizer:

— Já estava preocupado, está tarde e não a vi descer.

— Dias de chuva complicam um pouco as atividades da fazenda ao ar livre e resolvi tirar algumas horas para mim. De qualquer forma, Travis pode assumir só por um dia.

Observei-o ali, estudando os livros espalhados, o computador e suas páginas de busca e tomei uma decisão.

Talvez me arrependesse disso no futuro, contudo, precisava contar aquilo para alguém, ou provavelmente enlouqueceria de verdade.

— Angus, eu preciso falar com você ... — Não sei por onde começar sem você achar que eu perdi completamente a razão.

Ele tirou os óculos, jogou-os na pilha de livros, me encarou firme e disse:

— Que bom, porque eu também tenho algo para te contar, desde o dia que cheguei e não vejo mais porque evitar o assunto — Mas vá em frente, Sarah — Primeiro as damas!

— Angus, ah... — Céus, como dizer isso! — Ah, eh... bem Angus eu... eu já o conhecia, aliás eu o conheço desde menina.

— Como? Por foto?

— Não, eu digo que te conheço desde criança.

— Sim, isso eu entendi, mas como? — Não me lembro de vê-la aqui em casa — Além da diferença de idade de um para o outro: enquanto você brincava de casinha e estava no primário, eu já estava no primeiro ano da secundária.

BeltaneOnde histórias criam vida. Descubra agora