1: little rockstar

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⚡️ ROCKSTAR 27 ⚡️

"Querido Diário, hoje eu passei mais um dia inteiro enfiada no estúdio, refiz dezenas de vezes a mesma letra. É estranho como não consigo tirar da minha cabeça, chega a doer, a maneira como isso invade meus pensamentos dia e noite, me deixa zonza e distante. E só ela é capaz de fazer isso comigo."


AMNESIA ROCKFEST

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AMNESIA ROCKFEST. MONTEBELLO, CANADÁ.

A multidão gritava, incessantemente, o nome da loira mais aguardada ao palco do festival. Milhares de vozes se unindo em um uníssono quase que desesperador de fãs ansiando para que cordas estridentes de guitarra começarem a tocar, como um sinal divino de que a voz favorita deles logo pisaria no palco.

E enquanto as vozes gritavam sem parar, mais e mais, ensurdecendo os que estavam ali apenas por obrigação de seus ofícios de trabalho, a responsável por todo o alvoroço estava estática em seu camarim, sentada em sua cadeira nomeada diante das luzes fortes da sua penteadeira contra seu rosto pálido. Perplexa era o mais próximo do que ela conseguiria encontrar para descrever aquele momento, não pela completa loucura que lhe aguardava a alguns passos dali, mas sim pelo bilhete em suas mãos.

A letra cursiva já conhecida, o papel branquinho absorvia a lágrima solitária que acabara de bater contra a celulose, a audição da loira se abafava e sua respiração parecia mais pesada do que nunca. O bilhete era claro e conciso, também não deixava nenhuma abertura a uma resposta, pelo menos não ali, não agora.

'' Rosie, por mais que meu coração anseie por sua presença, eu não posso mais fazer isso. Eu sempre vou te amar, mas você sabe como o destino é cruel conosco. Não torne as coisas mais difíceis, não me procure mais. Em uma outra vida, quem sabe, eu possa ser sua garota e você a minha, mas nessa não.

— Soo ''

A sua amada sabia como a ferir como mais ninguém, usar as palavras como uma faca afiada contra sua garganta era sua especialidade e talvez ela merecesse, devido às circunstâncias, mas se ela estava errada por amar aquela mulher, então que seja. Preferia estar completamente errada e martirizada em seus braços do que certa e estilhaçada fora deles.

No entanto, tudo isso era mais complicado do que a vontade dela, maior do que as barreiras que circulavam as duas, envolvia mais gente do que desejava e estava em meio a um caos o qual ela não sabia como domar.

— Rosé? — ouviu a voz familiar de sua chefe de equipe — Três minutos, hora de ir.

E ela acenou com a cabeça de leve, entendendo o comando de suas obrigações a chamando, amassou o bilhete e o enfiou no bolso interno de sua jaqueta de couro, enxugou sua bochecha e se levantou, em seguida alcançando uma garrafa de gin e virando três goles ardentes contra sua garganta.

Abriu a porta do camarim e caminhou entre as pessoas atarefadas com os preparativos de seu show, mas continuou andando e acenando rápido para alguns rostos familiares e que ela sabia que se importavam com tudo que a envolvia, nenhum deles fazia a menor ideia de como a cabeça dela estava como um ciclone se aproximando da costa terrestre agora; silenciosamente prestes a causar uma destruição total.

Quando sua guitarra lhe foi entregue e seu ponto de retorno devidamente colocado os gritos tornaram-se mais estridentes ainda, se é que isso era possível, quando as notas penetrantes da guitarra favorita da plateia ressoaram. Ainda escondida entre as cortinas escuras, assistiu as botas escuras da responsável pela bateria atingirem o ponto visível do palco e a plateia aclamar a que batia as baquetas uma contra a outra no ritmo conhecido o qual Rosé determinava em suas cordas elétricas.

E Ryujin chegou até a sua bateria, pronta para assumir o solo de entrada da grande estrela do show, a cena clássica da baterista fazendo um solo excepcional até o dado momento em que as cordas de Rosé soavam novamente, dessa vez quase como sensualmente e, em seguida, a bateria de Ryujin respondia a altura, como um flerte entre as duas até que ambos os instrumentos se unissem e a presença de Rosé tomasse o palco completamente, os gritos a ensurdecessem, o barulho dos instrumentos a desnorteasse e sua cabeça atingisse o ponto perfeito entre a ecstasy e a insanidade.

Era hora do show.

As luzes cegavam Rosé diante da multidão gigante, ela ainda se surpreendia com o alcance de sua fama, porque nunca pareceu real aqueles momentos em que ela estava no palco tudo parecia tão ilusório quanto um delírio, uma miragem criada por sua mente enganosa. Mas era real, havia de ser real a sensação do calor humano atingindo-a e fazendo seu espírito se elevar.

Esse era o momento ao qual Rosé parecia deixar com que sua dor não a consumisse por completo, pois seu coração se estilhaçava a cada segundo no mundo real e ali era o único lugar seguro para seu peito adoecido em amor impossível se acalmar e deixar de queimar. Mas nada daquilo a tirava de sua cabeça, na verdade, era ali onde ela mais pensava na morena que a tirava os últimos resquícios de sanidade mental dela.

Era um dilema, um enigma contraditório e insistente, o qual ela não sabia como resolver. Então, ela cantava sobre.

''Eu quero me adormecer, me iludir,
me fundir em você,
no seu cheiro doce
e na sua pele macia.

Eu quero me afogar, me sufocar,
me adoecer em você,
na sua voz mentirosa
e nas suas promessas vazias.

Pequena estrela do rock caindo do céu,
me lambuzando em seu mel
até que eu tire seu maldito véu
até que eu tire seu maldito véu!"

ROCKSTAR 27 (CHAESOO)Onde histórias criam vida. Descubra agora