Paloma
Olho para a cara da mulher na minha frente e a vontade de descer a mão nela é tão grande que preciso me afastar um pouco. Como ela enche a boca para dizer que é mãe do meu filho se teve até que perguntar o nome dele. Ela lembrou que pariu uma criança agora.
Paloma: você realmente se acha mãe dele? — pergunto tentando me manter calma.
Beatriz: olha, pode ficar suave, eu não quero a guarda do moleque ou coisa do tipo, só preciso bater um papo com o Dom.
Paloma: que papo? Você é maluca, só pode — falo andando de um lado para o outro — Como teve coragem de vir aqui?
Beatriz: já disse, eu preciso falar com o Dom. — ela dá de ombros e isso me deixa cada vez mais e mais irritada.
Paloma: é muita cara de pau mesmo — falo respirando fundo — Sai daqui.
Beatriz: já disse, preci... — não deixo ela terminar.
Paloma: VAZA DAQUI PORRA — grito e sem pensar dou um tapa na cara dela que fica toda vermelha, mas pelo menos não abre mais a boca para dizer que quer ver o Dom.
Biel: Tudo bem patroa?? — ele pergunta se aproximando, eu não respondo, apenas me afasto.
Biel: ohh, piranha, pode começar a se mexer — fala apontando a arma que antes estava enfiada na calça dele para ela que me olha. — Não vou repetir, dá o pé garota.
Ela suspira e sai andando. Fecho os olhos e é como se o dia em que Enzo chegou aqui em casa se repetisse mandinga cabeça, tudo, cada detalhe, cada sentimento, eu lembro como se fosse ontem.
E agora ela vem aqui dizer que quer falar sei lá o quê com o Dom, e ainda se atreve a chamar meu filho de seuMeu primeiro pensamento foi que ela quisesse realmente tirar meu filho de mim. Não sou tão burra, se ela alegasse que teve depressão pós parto ou qualquer negócio e que se arrependeu, que tem um emprego bom e uma família, com certeza qualquer juiz daria a guarda para ela, considerando que o pai é um procurado pela justiça e para eles eu não tenho nenhum direito.
Biel: tá tudo bem aí? Precisa de ajuda pra entrar?
Só nesse momento volto a realidade. Me recordo que aquele dia passou, já mais de cinco anos. E eu sou a mãe do Enzo. Eu jurei a mim mesma que ele seria uma criança feliz. Eu vou dar tudo de mim por ele.
Paloma: tudo bem, obrigada. — falo abrindo a porta — Que missão é essa que o Dom está?
Biel: sei não patroa.
Paloma: tá.
•••
Tentei ligar pro Dom umas cem vezes e até agora nada. Ele está com o celular desligado. E já são quase oito da noite. Não consigo parar de pensar na mulher que estava aqui.
E o pior é que falei com o Beto e ele disse que eles já voltaram da tal missão.Meu irmão está aqui comigo e com o Enzo. Depois das coisas que a ex do Caio me falou e que ainda nem digeri direito, preferi pedir pro Rafa buscar meu filho.
Não consegui nem fazer o jantar, então pedi que ele comprasse uns lanches na volta. Por sorte Enzo já comeu, e está vendo desenho, quase caindo no sono.
Rafa: cara, tu não ficou quieta nem por um minuto desde que estou aqui. Fica calma, Dom vai chegar logo.
Paloma: logo? Faz quase três horas que o Beto falou que eles já estavam aqui no morro. Ele ignorou as minhas últimas dezenas de ligações. E se ele estiver com ela? Não sei o que eles têm para tratar, mas ela queria ver ele.
Biel me falou que antes de sair ela perguntou onde podia esperar pelo Dom, e disse que não sairia daqui sem falar com ele.
Rafa: eu sei que o Dom é o maior filho da puta, mas a mulher que largou o Enzo e sumiu, não acho que ele daria moral pra ela.
Paloma: tomara Rafa, tomara — digo séria — Porque se ele fizer isso será a gota d'água pra mim, eu juro que acabo com ele. Eu juro.
Rafa: quê isso, fiquei com medo.
•••
São 10 horas e Dom ainda não apareceu ou retornou as minhas ligações. Rafa já tinha ido embora, mas implorei que ele voltasse, não aguento mais ficar aqui como uma inútil, sem saber o que aquela mulher queria. E se ela estiver mentindo? E se ela quiser tirar o Enzo de mim?!
Paloma: eu vou só pra Boca ver se o Dom está lá, se ele não estiver eu volto logo. Por favor Rafa, fica aqui com o meu filho.
Rafa: tá, se isso vai te deixar tranquila. Mas já aviso que vou fazer uma boquinha, eu já tava dormindo e acordo sempre com fome.
Paloma: pode procurar qualquer coisa na geladeira para esquentar ou pega qualquer coisa no armário.
Rafa: tá.
Paloma: valeu. Te amo.
•••
A cada degrau que subo para a Boca, as batidas do meu coração aceleram mais e mais. Por quê ele não voltou pra casa? Por que ele não respondeu às minhas mensagens? Ele visualizou algumas porra.
Quando finalmente chego ao meu destino, tem um monte de garotos armados, fumando, bebendo e se drogando, com algumas meninas de shortinho e top dançando ao funk que está tocando num carro. É realmente de dar pena, porque essas crianças não têm mais de 16 ou 17 anos. E olha como estão, uns, no mundo do crime, e outros, se prostituindo.
O ambiente não é anormal. Eles estão quase assim.
Suspiro e continuo andando até que minha presença é notada e alguns garotos perguntam se preciso de algo.Paloma: não — um deles, um pouco mais velho tenta me barrar — Tu perdeu o amor pela vida caralho — falo empurrando ele e passando logo em seguida.
Estou com o Dom a seis anos. Não sou boba. Sou mulher e tenho aquela intuição de que alguma coisa está errada, e pela reacção dos garotos com a minha chegada, já sei que minha intuição não está errada.
Não preciso perguntar se ele está aqui, até porque eles não diriam a verdade, para defender o chefe. Então continuo andando, em direcção a salinha que ele usa como uma espécie de escritório.
Quanto mais próximo estou mais meu coração dispara. Sei que ele está com alguma mulher, mas que seja a Marcelly ou qualquer outra amante dele, mas se for a mulher que esteve na minha casa a horas atrás, eu juro que vou fazê-lo se arrepender por isso.
Votem e Comentem por favor 🥺
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Mulher De Traficante [LIVRO 2]
FanfictionMULHER DE TRAFICANTE: A história continua TRILOGIA MULHER DE TRAFICANTE • LIVRO 2 N.B.: Não precisa ter lido o livro 1. São histórias diferentes.